Sábado, 23 de Novembro de 2024
Brasil
22/01/2014 12:13:42
Rolezinhos devem chegar às ruas em breve, afirmam especialistas
Estudiosos acreditam que movimentos sociais vão tirar jovens dos shoppings, principalmente perto da Copa

iG/PCS

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Foto: Divulgação
Eles\n não são manifestantes, não têm ambições políticas, mas têm estão grande poder\n de mobilização popular e estão protagonizando um fenômeno novo em muitas\n cidades do Brasil: os rolezinhos. Segundo especialistas, a tendência é que o\n movimento, que começou nos shoppings, ganhe as ruas, graças à reação dos\n empresários do setor e da polícia. \n \n Movimentos\n sociais, como o MTST, dos trabalhadores sem-teto, e Uneafro, que reúne cursos\n comunitários, em São Paulo, já realizaram manifestações em apoio aos jovens em\n shoppings de São Paulo. Esses movimentos acusam os shoppings de praticar\n discriminação racial e social, ao obterem liminares para impedir a entrada e\n circulação dos jovens. Até mesmo a presidente Dilma Rousseff se disse\n “preocupada” com a politização dos rolezinhos.\n \n Para\n Pedro Fassoni Arruda, cientista político e professor da PUC-SP, a presidente\n tem razão em estar preocupada porque a tendência é mesmo que os rolezinhos\n cresçam, englobem outras demandas e ganhem as ruas, assim como aconteceu com as\n manifestações de junho de 2013.\n \n “Os\n rolezinhos não têm mais o proposito de ficar e beijar porque diante da\n violência policial e do fechamento dos shoppings, esses grupos de manifestantes\n começaram a acusar os estabelecimentos de adotarem práticas discriminatórias.\n Vejo que essas manifestações vão crescer e englobar mais pautas e podem até\n sair dos shoppings e voltar para ruas”, diz.\n \n Arruda\n lembra que no ano passado, o Movimento Passe Livre (MPL) iniciou as\n manifestações para reverter o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte\n público, em São Paulo. Os protestos ganharam outras pautas e se espalharam pelo\n País.\n \n Segundo\n Cláudio Couto, professor de Ciências Politica do curso de administração pública\n da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os rolês ganharam um “caráter político”\n graças ao tratamento que receberam dos shoppings.\n \n “O\n rolezinho em si não tem uma finalidade política, mas pode ter uma consequência\n política. Os shoppings conseguiram politizar uma coisa que não tinha essa\n concepção inicial”, afirma Couto, que diz acreditar que os rolezinhos ganharão\n as ruas. “Mas não com a dimensão que teve em junho”, diz.\n \n Eduardo\n Oyakawa, professor de filosofia da Escola Superior de Propaganda e Marketing\n (ESPM), diz que as ruas vão voltar a receber manifestantes, principalmente,\n perto da Copa do Mundo.\n \n “Esse\n poder de aglutinação encanta os jovens. Eles querem as ruas, querem participar\n da coisa pública de alguma maneira e querem ser vistos e admirados.”\n \n No\n entanto, ele afirma que os rolês não têm demandas sociais embutidas e os\n movimentos sociais estão tentando se apropriar dessa repercussão.\n \n “Os\n rolezinhos não são manifestações sociais. Esses jovens querem se divertir. Mas\n os movimentos sociais querem cooptar essa espontaneidade para politizar o\n movimento de fora para dentro”.\n \n Preconceito\n \n Os\n organizadores dos rolezinhos se dizem vítimas de preconceito, mas afirmam que o\n movimento não é político e continuam com o propósito inicial de “conhecer\n pessoas, beijar, ouvir funk e se divertir”.\n \n “O rolê é\n mais para um lazer porque não tem nada na favela. Nós temos muitas fãs no\n Facebook e organizamos os rolezinhos para encontrá-las. Outras pessoas mesmo\n que não sejam famosas queriam fazer também e isso foi se espalhando”, diz o estudante\n Deivid Santana, 18 anos, que tem quase 60.500 seguidores no Facebook.\n \n Santana é\n morador do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, e organizou os primeiros\n rolezinhos do shopping Itaquera (zona leste) e do Campo Limpo (zona sul), em\n dezembro do ano passado.\n \n Surpreso\n com a repercussão dos rolês, ele já mudou o endereço dos encontros por causa do\n “preconceito”. No último sábado (18) ele reuniu cerca de 50 adolescentes no\n Ibirapuera, parque da zona sul. Outro evento convocado por ele para o próximo fim\n de semana no mesmo local tem 3.000 confirmações.\n \n Para ele,\n a reação dos shoppings e da polícia é exagerada. “É preconceito achar que todo\n favelado é ladrão. A gente vai curtir porque não temos espaço público",\n diz.\n \n Morador\n de Tiquatira, na zona leste, o metalúrgico Augusto Alves Gondim, de 16 anos,\n que reuniu 300 pessoas em evento organizado no shopping Tatuapé, na mesma\n região, acusa os grupos sociais de se apropriarem dos rolezinhos. "O\n movimento não tem nada de político. O jovem quer curtir, tumultuar, quer sair,\n que se divertir. Nem eu, nem meus amigos estamos preocupados com protestos”.\n \n \n
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