NM/PCS
ImprimirAo longo de quase duas horas de entrevista coletiva, concedida nesta terça-feira (6), a primeira desde que aceitou o convite para ser ministro da Justiça do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o juiz Sérgio Moro voltou a defender implantação de agenda anticorrupção e anticrime organizado, dizendo que irá usar estratégias da Operação Lava Jato, como a implantação de forças-tarefas.
O magistrado pretende aprovar o primeiro pacote de medidas anticorrupção em seis meses, num diálogo com o Congresso. Entre elas, estão a alteração de regras de prescrição de crimes, a execução imediata da pena em sentenças de tribunais de júri (que julgam crimes contra a vida) e a proibição de progressão de regime para membros de facções criminosas.
"As propostas ainda serão conversadas no âmbito do governo, especialmente com o presidente eleito. O governo é dele, ele dá a última palavra em relação a essas proposições", declarou.
Sobre a decisão de aceitar o ministério, Moro afirmou ela "não tem nada a ver com o processo do [ex-presidente] Lula", a quem ele condenou por corrupção e lavagem de dinheiro no ano passado, e de quem Bolsonaro se tornou o principal antagonista político nesta eleição.
"Eu não posso pautar minha vida com base numa fantasia, num álibi falso de perseguição política." Segundo ele, o ex-mandatário petista foi "condenado e preso porque cometeu um crime, e não por causa das eleições".
"Sei que alguns eventualmente interpretaram a minha ida como uma espécie de recompensa. É algo absolutamente equivocado, porque minha decisão [que condenou Lula] foi tomada em 2017, sem qualquer perspectiva de que o então deputado federal [Bolsonaro] fosse eleito presidente da República", declarou o juiz. "O que existe é um crime que foi descoberto, investigado e provado. As cortes de justiça apenas reconheceram esse fato e impuseram a pena da lei. Apenas cumpriram seu dever."
O futuro ministro declarou ainda não haver "a menor chance de utilização do ministério para perseguição política".
Moro disse que foi sondado para o cargo no dia 23 de outubro, na semana anterior ao segundo turno. Isso foi depois, portanto, de o juiz retirar o sigilo de trechos da delação do ex-ministro Antonio Palocci, a seis dias do primeiro turno –uma decisão que foi criticada pela proximidade do período eleitoral.
Com informações da Folhapress.