Cidades
04/04/2013 08:46:14
Caos na saúde: ambulâncias dos bombeiros paradas sobrecarregam o Samu
A afirmação é dos próprios bombeiros e gestores diretamente envolvidos na inspeção dos veículos reformados e no pagamento dos serviços das oficinas cadastradas pelo sistema Taurus.
Midiamax/PCS
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\n \n A burocracia para o conserto de viaturas de resgate dos Bombeiros\n é a grande responsável pela demora de atendimento que vem ocorrendo há meses,\n em Campo Grande, comprometendo o salvamento de vítimas graves de acidentes de\n trânsito. A afirmação é dos próprios bombeiros e gestores diretamente\n envolvidos na inspeção dos veículos reformados e no pagamento dos serviços das\n oficinas cadastradas pelo sistema Taurus. \n \n Para se ter uma ideia, a espera para a troca de uma lâmpada\n quebrada, por exemplo, chega a durar 15 dias. O perito em mecânica e técnico da\n Secretaria Estadual de Administração, Humberto José, explicou que a burocracia\n é necessária para agir em conformidade com as regras do convênio Taurus, que\n detém a concessão das manutenções de todos os carros do Governo. \n \n O conserto das viaturas obedece à conformidade do convênio\n Taurus. Primeiro abre a licitação e depois faz análise de orçamentos do pregão\n eletrônico. Temos em torno de 20 viaturas, sem contar a quantidade do Samu para\n fazer o resgate, explica. \n \n Assim, dezenas de carros que deveriam estar nas ruas ficam dias\n nas oficinas autorizadas, esperando vistorias da Sejusp (Secretaria de Justiça\n e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), Sad (Secretaria Estadual de\n Administração) e Corpo de Bombeiros, para só então liberar o veículo. \n \n Para fazer o pagamento dos serviços, o assessor administrativo\n operacional da Sejusp, Jurandir Borges, conta que é outro calvário. Os\n orçamentos precisam passar primeiro pelo Ministério da Fazenda para só então\n ser liberado o dinheiro, destacou. \n \n Qualquer coisa abre o processo, até para uma simples troca de lâmpada.\n Se, como em diversas capitais, tivéssemos uma mecânica própria para pequenos\n consertos, nossa oficina faria a troca das pastilhas de freio, suspensão e\n outros problemas, avalia o capitão dos Bombeiros, Cícero Custódio, que visita\n diariamente as mecânicas na Capital. \n \n Segundo o proprietário de uma das oficinas credenciadas pelo\n Governo, José Viana, 45, o tempo de espera poderia ser reduzido para no máximo\n três dias se não houvesse a burocracia. Sem essa burocracia toda e se não\n faltar a peça, é claro, em três dias tudo estaria pronto. Mas precisamos\n aguardar a fiscalização do poder público, disse. \n \n Viana pontuou ainda que se for constatado que o problema é de\n falha do bombeiro e não mecânico, a situação piora. Nesse caso, abre uma\n sindicância e um inquérito policial, para apurar o comportamento desse\n profissional, explica o empresário. \n \n É o caso de uma carreta que está a três meses na oficina dele. Se\n trata de um caminhão apreendido com droga contrabandeada, adaptado para ser um\n veículo pipa e combater incêndios na cidade. Fizemos a instalação da bomba em\n 10 dias e ele saiu para rodar. Acontece que três dias depois houve um\n problema na caixa de câmbio e abertura de inquérito para apurar se foi o\n bombeiro que estava dirigindo que estragou o carro, contou Viana. \n \n De acordo com o empresário, é uma junção de fatores que diminuem a\n vida útil das ambulâncias. Você junta tudo, a trepidação na cidade que fazem\n as portas quebrarem a toda hora. Quebra mola, sinal vermelho que o profissional\n tem de furar, erro na marcha na adrenalina e até o peso excessivo em um carro\n como esse, adaptado para não ter essa carga. Ai, quando o conserto ultrapassa\n os R$ 30 mil ou 30% do valor do veículo, ele é encostado porque o Governo não\n autoriza, ressaltou, mostrando 10 viaturas velhas em seu galpão. \n \n Falta de viaturas sobrecarrega o Samu \n \n O resultado da morosidade é drástico: na última segunda-feira, o\n Corpo de Bombeiros estava sem nenhuma viatura. Na terça tinha apenas uma de\n manhã e devido ao acúmulo de ocorrências, houve corrida nas autorizadas para liberar\n outras três que estavam melhorzinhas. \n \n Na terça-feira (2), apenas uma viatura dos bombeiros estava\n funcionando. Com isso, o Samu - que também passa por problemas de sucateamento\n - está sobrecarregado e triplicou o tempo de espera para socorro. \n \n O caos na saúde em Mato Grosso do Sul é nítido. Os bombeiros\n informaram que na terça-feira foram registradas cerca de 120 ocorrências de\n acidentes nas ruas de Campo Grande. Além disso, há os chamados para socorrer\n incêndios, afogamentos, quedas e fazer vistorias. \n \n Entretanto, com a falta de viaturas, muitos desses pacientes\n tiveram que ser removidos em carros particulares. O Samu sozinho não consegue\n dar conta dos atendimentos: das 11 viaturas que deveriam estar nas ruas, apenas\n 8 estão fazendo todo o serviço. \n \n Solução fácil \n \n Conforme os bombeiros, o problema seria amenizado se houvesse na\n própria corporação uma mecânica para pequenos reparos, como é feito em diversas\n capitais do país. Mas, ao invés disso, o governo burocratizou o sistema. \n \n Para o capitão dos bombeiros, Cícero\n Custódio, os carros comprados pelo governo não aguentam o tranco. \n \n O convênio que temos são de carros Ducato Peugeot. Eles são\n criados para serem vans e não para fazer resgates, não aguentam. Se comprar\n 10, sete vão rodar e o resto fica no conserto. Uma alternativa seria substituir\n por outra marca mais resistente, explica o Capitão. \n \n Um acidente atrás do outro. Gente passando mal, precisando de\n socorro rápido para chegar ao hospital ou ser transferido. Incêndios,\n vistorias, afogamentos e quedas. São tantas ocorrências que as poucas viaturas\n dos Bombeiros de Campo Grande, a cada 15 dias, em média, vão para o conserto. E\n sem uma mecânica própria da corporação para pequenos consertos, existe licitação\n até para fazer a troca de um farol, desabafou Custódio.\n \n \n
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