CE/PCS
ImprimirA Secretaria de Estado de Saúde (SES) investiga mais cinco mortes por suspeita de dengue em Mato Grosso do Sul, duas em Campo Grande, além de Cassilândia, Dourados e Sonora, cada município com um caso. Se os exames derem positivo, o número de mortes provocadas pela doença no Estado subirá para 16 em menos de dois meses (sete semanas) - até agora 11 mortes foram confirmadas. No ano passado, no mesmo período, ainda não haviam ocorrido mortes pelo vírus.
Os dados foram repassados a todos os gestores municipais de Saúde em evento na quinta-feira (13) e durante a reunião do Comitê Intersetorial Bipartite (CIB) ontem (14) pela gerente técnica de doenças endêmicas do Estado, Jéssika Klenner.
Segundo ela, já foram notificados 12.182 casos suspeitos. Ao Correio do Estado a gerente disse que desses, sete pacientes têm quadro clínico considerado grave. Todos eles estão internados em Campo Grande, um no Hospital Universitário e cinco no Hospital Regional.
A gerente explica que essas pessoas têm sintomas de choque que podem ter sido causadas pelo vírus. Contudo, existem outros 26 casos sob investigação com sinais de alarme. “São casos cujos sintomas fogem da dengue clássica e incluem, por exemplo, dores abdominais”.
Em 2019, a primeira morte pela doença foi relatada no dia 17 de fevereiro. Durante todo o ano passado a doença matou 27 pessoas no Estado, oito em Campo Grande.
Dos 79 municípios, 40 estão com alta incidência. Pedro Gomes é a cidade com mais notificações, no total são 252 casos e incidência de 3186,6. Em seguida, aparecem Alcinópolis - com 146 casos e incidência de 2990 - e Caracol - com 138 notificações e índice de 2421,5.
TRATAMENTO
Gestores da saúde de todos os 79 municípios foram convocados para uma série de encontros nesta semana na Capital. O objetivo do Governo é propor padronização da forma de atendimento para evitar que, uma vez infectatos, os pacientes venham a óbito.
O caso mais comentado foi o do menino de 6 anos, vítima mais recente da doença. A família procurou a unidade de saúde pelo menos seis vezes, mas em nenhuma delas as equipes de atendimento fizeram o exame para identificar a presença do vírus, segundo apurou a reportagem do Correio do Estado.
Karine Cavalcante, coordenadora de atenção primária da SES, “puxou a orelha” dos gestores. “Quem chega com dengue no posto não pode ser mandado para casa sem o acompanhamento. Se vem com suspeita, não posso esquecer dessa pessoa. Óbito por dengue não deveria acontecer. Nós temos que nos colocar no lugar daquelas pessoas, das famílias delas”, disse aos presentes.
Segundo ela, lidar com pacientes com suspeita da doença não exige tecnologia, já que o tratamento consiste em observação e hidratação. “O manejo é simples. Se nós temos dificuldade em lidar com dengue, não vamos conseguir lidar com doenças mais complexas”, afirmou.
Karine reforçou a necessidade das unidades de saúde abrirem em período integral, pelo menos nesta época considerada crítica para o surgimento constante de novos casos. Existem atualmente 48 municípios com alta incidência de circulação do vírus. “Grande parte dos óbitos do estado foi relacionado com o atendimento que o paciente recebeu ou deixou de receber em nosso serviço de saúde”, pontuou a gerente.
Segundo ela, é preciso que o atendimento aos casos suspeitos comece antes da consulta. “É necessário ter sala de espera com profissionais que reconheçam sinais de choque e alarme por dengue e iniciar a hidrataçao oral (tomar água) na sala de espera. Os exames simples devem sair em tempo hábil. Hemograma tem que sair em 4 horas”, orientou aos gestores.
EXEMPLO
Como proposta para ajudar os municípios a enfrentarem a dengue, foi apresentado modelo adotado por Corumbá - município a 420 quilômetros de Campo Grande -, que criou uma unidade específica para a demanda relacionada à doença.
Os pacientes com suspeita do vírus são separados da demanda espontânea e cuidados por uma equipe exclusiva. No local eles recebem hidratação oral ou intravenosa, ficam em observação e são liberados para retornarem no dia seguinte apenas para reavaliação.
Quando o paciente falta, o agente comunitário de saúde vai até a casa dele para saber como está. O objetivo é não perder o paciente e tornar o atendimento eficiente de modo que ninguém precise ir embora da unidade de saúde pela falta de atenção.