Domingo, 8 de Junho de 2025
Cidades
19/03/2013 06:29:13
Diretoria do Hospital do Câncer tenta se explicar, mas Conselho rebate justificativas
Após vir a público as ilegalidades constatadas pelo MPE (Ministério Público Estadual), supostamente realizadas no Hospital do Câncer em Campo Grande, a diretoria executiva convocou uma coletiva para negar as acusações.

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Esquerda p/ direira
\n \n Após vir a público as ilegalidades constatadas pelo MPE\n (Ministério Público Estadual), supostamente realizadas no Hospital do Câncer em\n Campo Grande, a diretoria executiva convocou uma coletiva para negar as\n acusações. \n \n Entretanto, em seguida, membros do Conselho Curador – órgão máximo\n deliberativo do hospital – rebateram juridicamente todas as justificativas em\n outra coletiva. Investigações dão conta que a diretoria teria desviado dinheiro\n do SUS com contratações irregulares, nepotismo, cobrança por tratamento em\n mortos, entre outros. \n \n Os membros da diretoria executiva convocaram a imprensa para dizer\n que a Promotoria de Justiça estava enganada e que as acusações não são\n verdadeiras. “Do jeito que as coisas estão postas parece que nós estamos aqui\n para ganhar dinheiro e não é isso”, disse Betina. \n \n Em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira, Adalberto\n Siufi e seu sócio Issamir Farias Saffar, donos da empresa Neorad (Saffar\n amp;Siufi), Betina Moraes Siufi Hilgert e Blener Zan negaram todas as\n irregularidades apontadas pelo MPE. João Siufi Neto, filho de Adalberto estave\n presente, mas não se manifestou em nenhum momento. \n \n Em dado momento da entrevista, Adalberto chegou a afirmar que se\n não fosse ele, o Hospital sequer estaria de pé. Mesmo assim, a administração\n reconheceu certos “erros”, como o pagamento para tratamento de pessoas mortas,\n visto por eles apenas como ‘equívoco administrativo’. \n \n “Foi uma falha no sistema. No ano, emitimos mais de 15 mil Apacs\n (Autorização de Pagamento de Alta Complexidade). Se tiver um ou dois erros...O\n mais importante é que foi identificado e ressarcido”, disse Adalberto. \n \n Outra irregularidade apontada pelo MPE, a contratação de parentes,\n foi rebatida na coletiva de imprensa. “Todos os pagamentos são feitos com base\n em valor de mercado. Eu solicitei a direção da Santa Casa, que é nossa\n referência, e tem uma comunicação em que o juiz determina o valor que deve ser\n pago ao administrador e ao diretor administrativo. Então não é nada anormal,\n como querem fazer parecer”, disse Betina. \n \n Ela foi contratada em maio de 2003 como administradora e salário\n inicial de R$ 4 mil. Entretanto, seus rendimentos foram aumentando, anualmente,\n até chegarem a R$ 11,5 mil em 2011 - conforme registro no Sicap (Sistema de\n Cadastro de Prestação de Contas).\n \n Betina justificou praticamente todos os questionamentos feitos\n pela imprensa. Disse que o Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS)\n errou, negou os favorecimentos, alegou que sua família sempre trabalhou no\n hospital não por indicação, mas por mérito. Negaram ainda as contratações com\n acréscimo de 70% em favor da Neorad e disseram que a empresa de Blener venceu a\n licitação porque tinha o melhor preço. \n \n Além de se defenderem, Adalberto, Betina e Blener insinuaram que o\n Conselho Curador estaria se “perpetuando no poder”. Ao invés de escolher novos\n membros por lista tríplice enviada pela administração, o Conselho estaria se\n auto indicando. A questão já seria alvo também de denúncia no MPE.\n \n Conselho Curador \n \n A coletiva organizada pelo Conselho Curador, poucos minutos\n depois, desmentiu todas as justificativas apresentadas pela família Siufi e os\n demais diretores. Carlos Alberto Moraes Coimbra, membro do conselho, disse que\n há um ano eles tomaram posse e que há previsão estatutária de que o Conselho\n pode se auto indicar. \n \n Disseram ainda que as decisões do Conselho jamais foram\n respeitadas, mesmo o conselho sendo deliberativo e máximo, ou seja, que detém a\n última palavra dentro da entidade. Carlos citou o caso da demissão de Betina -\n que está cumprindo aviso prévio - que recebia um elevado salário, mas que não\n trabalhava, tendo seu serviço executado, várias vezes, pelo sogro de seu irmão,\n Ary Pegolo dos Santos, contratado com o Supervisor de Telemarketing por R$ 7,2\n mil mensais. \n \n O conselho deixou claro que de acordo com o Código Civil e uma\n resolução da PGJ (Procuradoria Geral de Justiça), as contratações de empresas\n de diretores são proibidas, salvo se forem a título de serviço gratuito. \n \n “Se o senhor Blener Zan quiser fornecer materiais de graça ele\n pode. Se quiser fornecer para o MPE, ele pode. Só não pode ter contrato, nem\n que seja por menor preço, com o hospital que ele dirige. Isso é contra Lei”,\n declarou o membro do conselho Niutom Júnior. \n \n O MPE recomendou que para manter os familiares e o seu próprio\n serviço dentro da instituição, Adalberto saia da diretoria. Contudo, o conselho\n da conta que ele só consegue fazer as ‘barbaridades e irregularidades que vem\n fazendo ao longo dos anos, valendo-se do cargo de direção’. \n \n Sobre o dinheiro do tratamento dos mortos, o conselho informou que\n os valores só foram devolvidos anos depois porque senão o hospital seria descredenciado\n do SUS. Sobre os valores do salário de Betina, ele derrubaram por terra as\n argumentações, dizendo que não há comparação entre Santa Casa e HC uma vez que\n a Santa Casa é muito maior em estrutura e pessoal. \n \n “O que nós conselho queremos é que o HC siga as regras que todas\n as fundações seguem. Siufi não é dono do hospital, apesar de ter contribuído\n muito. Esperamos que ao invés de procurarem assuntos para desviar o foco das\n denúncias, eles se expliquem e se abstenham de cometer novas ilegalidades”,\n conclui Carlos Coimbra. \n \n Caso \n \n No último dia 14 de março o MPE pediu da Justiça o afastamento\n imediato dos diretores do hospital. O pedido tem como base ilegalidades\n encontradas em investigações que apontam cobrança do SUS de tratamento de\n quimioterapia em mortos, contratação de integrantes da família Siufi para\n trabalhar no hospital filantrópico com salários elevados, compra de materiais\n elétricos de empresa de sócio do hospital, pagamento com acréscimo de 70% a\n tabela SUS com exclusividade para a empresa de Siufi e fraude em constituição\n de empresa. \n \n O pedido liminar foi remetido da 11ª Vara Civil de Campo Grande\n para a Vara de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos e está nas\n mãos do juiz Amaury Kuklinski, concluso para despacho.\n \n MPF \n \n Adalberto Siufi é citado também em investigações do MPF\n (Ministério Público Federal). Segundo a Procuradoria da República, atualmente a\n concentração dos serviços públicos de radioterapia no Estado está no Hospital\n do Câncer Alfredo Abraão e na Santa Casa de Campo Grande, que terceiriza os\n serviços para a Clínica NeoRad. \n \n Conforme\n o MPF, o médico atuou para desativar o serviço de radioterapia do HU/UFMS e é o\n principal beneficiado pela situação. Adalberto é sócio-proprietário da clínica\n Neorad, chefe do serviço de oncologia do HU e supervisor do Programa de\n Residência Médica em Cancerologia Cirúrgica da UFMS, ainda participa ativamente\n da direção do Hospital do Câncer e era, até pouco tempo, também responsável\n técnico pelo setor de cirurgia oncológica (combate ao câncer) da Santa Casa.\n \n \n \n \n
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