CG News/AB
ImprimirO Arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa emitiu nota sobre o conflito indígena em Mato Grosso do Sul, onde classificou as CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) como iniciativas extremas diante da inércia do poder público, principalmente federal.
Dom Dimas lembrou que tal pendência constitucional se arrasta há décadas e que a cada dia, os ânimos estão mais acirrados. Ele ainda se colocou como parte ativa do setor, dizendo que tem conversado com todas as partes e percebe "uma revolta crescente, uma paciência já nos limites, particularmente entre índios e produtores rurais, todos ansiando por uma solução que nunca chega".
O Arcebispo ainda classificou como desastrosa o boicote à produção estadual, deixando claro que esta não representa uma iniciativa da Igreja Católica, muito menos a posição dos Bispos do Regional Oeste 1 da CNBB. Para ele, tal iniciativa só "vem lançar mais lenha na fogueira".
Dom Dimas ainda classificou como a proposta do boicote de injusta, alegando que há muitos produtores que sequer moram ou trabalham em áreas indígenas e que diversos outros nunca apelaram para a violência mesmo diante da incerteza jurídica. Comentou ainda que conversou com produtores que disseram estar dispostos a entregar suas terras, mediante a indenização.
A nota ainda lembra da situação de "penúria, insegurança e insalubridade em que vivem centenas de índios em várias regiões do Estado" e que reflete com consequências graves na vida desses povos. E voltou a dizer que "existem líderes católicos que aderem a esse boicote, mas o fazer em nome próprio, ou de algum organismo que possam representar, mas não falam em nome da Igreja Católica em MS".
Dom Dimas ainda fez questão de dizer que investigações para apurar a responsabilidade pelos atos de violência e desrespeito às leis, são bem-vindas, mas que o verdadeiro culpado é o governo Federal. "O descumprimento da Constituição por mais de 30 anos provocou um verdadeiro conflito de direitos, não só em MS mas também em vários outros estados, e um crescente descrédito no poder público".
Por fim, ele diz que os Jogos Mundiais de Palmas o faz sonhar, mais uma vez, com a paz e o respeito pelos direitos e a Justiça assegurados. "É urgente que as negociações sejam retomadas, com o envolvimento de todas as partes interessadas. E que Mato Grosso do Sul nunca deixe de ser uma 'Terra de Deus, Terra de Irmãos". (Campanha da Fraternidade, 1986).