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ImprimirA menina Isabelly era uma criança gordinha, alegre e brincalhona. Com apenas 1 ano e três meses, parou de comer por três dias. A mãe Cristiellen da Silva França logo levou a criança ao posto de saúde de Ribas do Rio Pardo, depois de dois dias e duas indas e vindas ao hospital da cidade, a criança morreu, no último dia 24. Os médicos disseram à família que apenas meningite poderia ter um quadro com evolução tão rápida, porém, a família suspeita de erro médico, relacionado à medicação.
Sem conseguir falar direito ao lembrar da filha, a mãe conta que Isabelly era uma criança saudável. “Era sorridente, feliz e sadia. Nunca teve problema, só agora que ficou três dias sem comer”, diz Cristiellen. “Mesmo assim, estava correndo e jogando bola”, diz o pai Cristiano Riveiro do Nascimento. Os pais guardam os últimos momentos da filha em fotos no celular. Nelas, a filha aparece tranquila, caminhando na frente do hospital, pouco antes de ser internada.
A mãe afirma que o problema de saúde se desenvolveu muito rápido, mas diz acreditar que os médicos poderiam ter feito mais para salvar a filha. “Foi muito rápido, mas poderiam ter chamado o socorro a tempo. Poderiam ter salvado, mas ficaram esperando”.
A suspeita da família é com relação á medicação aplicada, já que a menina piorou rapidamente. “O hospital disse que foi meningite, mas lá não tem exame para saber se era meningite. Conforme foi dando os remédios, ela foi piorando”, comenta a mãe.
Isabelly era a caçula da família, que tem outra menininha, de 6 anos. A mãe diz que a filha mais velha sabe o que aconteceu e “ficou toda tristinha, muito abalada”.
A família procurou a Associação de Vítimas de Erro Médico de Mato Grosso do Sul, para tentar garantir a exumação do corpo da criança e realização da necrópsia para desvendar a causa da morte. De acordo com o presidente da entidade Valdemar de Souza Moraes, a promotoria de Ribas do Rio Pardo já se manifestou favorável à exumação, mas o Imol (Instituto Médico e de Odontologia Legal) ainda não disponibilizou uma equipe de peritos para ir até a cidade realizar o procedimento. O material colhido deve ser trazido para a Capital onde será analisado.
Nesta quarta, ele e a família devem ir ao Imol para falar com o diretor da unidade. Se for o caso, será impetrado um mandado de de segurança para garantir o procedimento. “Agora, estamos correndo contra o tempo para fazer a exumação e conseguir que a causa da morte seja descoberta”, diz Valdemar.
Idas e vindas
Segundo os pais, desde o dia 22 de novembro, a menina estava sem apetite. No dia seguinte, a mãe levou a criança ao pediatra no Posto Central da cidade. Na data foi prescrito o antibiótico amoxicilina e um remédio para gripe. O médico disse que seria um resfriado.
Como Isabelly não melhorou, a mãe a levou ao hospital da cidade. Elas deram entrada as 18 horas e ficaram até às 3 horas. A menina recebeu soro.
Sem notar melhoras, Cristiellen levou a filha novamente ao hospital, no dia 24, às 11h30. A criança recebeu soro e outros medicamentos. Ela piorou rapidamente, ficou pálida, com batimentos cardíacos acelerados e teve que ser entubada.
Foi feito um raio-X do tórax e os médicos detectaram a suspeita de pneumonia. Foram dados outros medicamentos à criança e diante da piora, outro médico foi chamado e prescreveu medicação para meningite “pois apena tal infecção provocaria um quadro tão instantâneo. Só depois disso e com a menina piorando, os médicos pediram uma ambulância para transferência para Campo Grande. No mesmo dia, a menina acabou morrendo.
Consta na denúncia feita pela mãe ao MPE (Ministério Público Estadual) que a família não recebeu medicamentos para meningite, mesmo após os médicos declararem que essa poderia ser a causa da morte. O velório foi feito com o caixão aberto e durou 4 horas.