\n \t Tiago Ciro Tadeu Faria, preso pela Polícia Militar sob a suspeita de ter invadido a área restrita da apuração do carnaval de São Paulo no Anhembi, roubado os papéis com os resultados e fugido na tarde de \n terça-feira (21), está arrependido do que fez. A informação foi dada nesta quarta-feira (22) pelo advogado da Império da Casa Verde, Eduardo\n Moraes, que também está defendendo os interesses do vendedor de carros.\n Sua defesa pretende entrar com um pedido de liberdade provisória \n diretamente a um juiz do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo), no\n Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista.\n \n \t O suspeito usava uma camiseta com o nome da Casa Verde, uma das \n concorrentes, no momento em que estava numa área reservada à diretoria \n da escola de samba, e pulou uma cerca de proteção e tomou os documentos \n do locutor do evento. Câmeras de TV e fotógrafos chegaram a registrar a \n imagem do homem sentado junto à mesa da presidência da agremiação. \n Também o flagraram pulando um cercado e rasgando e roubando os \n documentos da mesa.\n \t Apesar disso, seu defensor alega que Tiago não pertence à diretoria da \n Casa Verde. “Ele é apenas um componente da escola, um fã. Me parece um \n torcedor apaixonado que está muito arrependido do que fez. Ao menos foi \n isso o que ele me falou após ser preso”, disse o advogado Eduardo Moraes\n na manhã desta quarta. Segundo ele, seu cliente não quer falar com a \n imprensa sobre o caso.\n \n \t Sentado à mesa da diretoriaMesmo com a posição da \n escola em negar qualquer envolvimento de Tiago com sua diretoria, a \n Polícia Civil investiga a suspeita de que Tiago pertença à cúpula da \n Casa Verde. Isso porque ele apareceu ao lado de dirigentes sentado na \n mesa durante a apuração.\n \n \t Questionado a esse respeito, o advogado da agremiação que está \n defendendo Tiago respondeu que o vendedor se sentou ali sem autorização \n da direção da escola. “Ele me contou que conseguiu passar pelo alambrado\n e acompanhou a apuração pela parte interna. Não tem qualquer ligação \n com a diretoria”, disse Moraes.\n \n \t Pelo regulamento da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, a Casa \n Verde poderá ser punida com a expulsão das próximas competições caso \n fique comprovado que Tiago seja integrante da diretoria da agremiação.\n \n \t Tiago foi indiciado na Delegacia Especializada no Atendimento ao \n Turista (Deatur) por supressão de documentos e dano ao patrimônio \n público. Indagado sobre o que seu cliente tem a dizer a respeito das \n acusações atribuídas a ele, o advogado afirmou que ele confessou a \n primeira acusação e negou a segunda. “Ele alega que quando começou o \n tumulto generalizado, ele teve o ímpeto de invadir o local reservado a \n divulgação das notas da apuração porque não concordava com o resultado \n que estava sendo anunciado. Falou que foi algo impensado, que não teve \n nada combinado”, afirmou Moraes. O crime é inafiançável e prevê uma pena\n de até seis anos de prisão.\n \n \t O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, titular da Deatur, apura, no \n entanto, a suspeita de que a invasão possa ter sido combinada. Segundo \n ele, Tiago declarou em seu depoimento que só invadiu a área restrita \n porque a Liga teria descumprido um acordo com as escolas. “Ele contou \n que estava revoltado, que havia um acordo numa reunião entre os \n diretores das agremiações e o presidente da Liga (Paulo Sérgio Ferreira)\n para que nenhuma escola caísse depois que dois jurados foram trocados. \n Ele contou que esse acordo não estava sendo cumprido e invadiu o local \n com outras escolas”, disse.\n \n \t O G1 não conseguiu localizar o presidente da Liga para comentar o assunto.\n \n \t Invasor é conhecido da políciaSegundo seu \n advogado, Tiago já teve passagens na polícia por suspeita de furto, \n receptação, formação quadrilha, porte de arma e dano ao patrimônio \n público. “Ele tem um processo por furto em 2001, no qual ficou preso e \n respondeu a um inquérito por receptação em 2004, quando foi condenado a \n pagamento de multa para ficar solto.”\n \n \t Policiais civis afirmaram que Tiago já cumpriu três meses de prisão por furto, formação de quadrilha, porte de arma e receptação.\n \n \t De acordo com o site do Tribunal de Justiça de São Paulo, Tiago já \n respondeu por receptação em 2002 na área do 38º Distrito Policial, na \n Vila Amália. Ele foi julgado pela 14ª Vara Criminal da Barra Funda em \n São Paulo. A pena foi convertida em multa.\n \n \t Segundo a polícia, em 2004, ele foi indicado num caso de ataque a caixa\n eletrônico de um posto de gasolina na Avenida Nações Unidas, na região \n de Santo Amaro, Zona Sul da capital paulista. Teria sido detido com três\n outros homens pela Polícia Militar após uma denúncia. Com o grupo foram\n apreendidos cilindros metálicos e chaves de fenda.\n \n \t Pedido de liberdade e expulsãoO advogado Moraes afirmou que pretende entrar com um pedido de \n liberdade provisória para Tiago na tarde desta quarta no Dipo. O pedido \n também terá de ser levado ao conhecimento de um promotor do \n departamento.\n \n \t Apesar disso, o vice-presidente da Casa Verde, Paulo Ferreira, afirmou \n que Tiago não poderá mais participar da escola. "Agora ele é persona non\n grata aqui", disse Ferreira.\n A assessoria de imprensa do \n Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que o fórum deverá \n abrir para atendimento após o meio-dia desta quarta. A equipe de \n reportagem não conseguiu localizar a assessoria do Ministério Público \n para comentar o assunto.\n \n \t O delegado da Deatur afirmou ainda que analisa imagens de TV para \n tentar identificar outros integrantes das concorrentes que participaram \n da invasão à mesa de divulgação das notas. Haviam membros com o uniforme\n da Camisa Verde e Branco no local. O G1 não conseguiu localizar os dirigentes dessa escola para falar.\n \n \t Corintiano preso é suspensoAlém de Tiago, Cauê \n Santos Ferreira, de 20 anos, identificado pela polícia como integrante \n da escola Gaviões da Fiel, também foi preso pelos mesmos crimes \n atribuídos ao membro da Casa Verde.\n O\n \t advogado da Gaviões, Davi \n Gebara, afirmou que Cauê não é membro da diretoria da agremiação e sim \n um associado que teve autorização para acompanhar a apuração na área \n reservada aos dirigentes. Ele também disse que está defendendo os \n interesses do preso.\n \n \t “Cauê é membro da Gaviões. É um associado. Pelo pouco que vi das \n imagens, e pelo que os componentes da Gaviões disseram ele não aparece \n nas imagens cometendo qualquer crime. Ele estava no meio do entrevero. \n Ele não mexeu em documentos. Ele nega a autoria da autoria também do \n dano ao patrimônio. Ele é trabalhador, réu primário. Está fazendo curso \n de desenho técnico. Foi uma infelicidade. Na hora do tumulto, ele viu \n que pessoas saíam pela esquerda. Ele pulou o alambrado no intuito de \n sair do tumulto”, disse o advogado Davi Gebara, que também deve entrar \n com um pedido de liberdade provisória para seu cliente no Dipo, no Fórum\n da Barra Funda.\n \n \t Apesar de até o momento nenhuma imagem ter surgido mostrando Cauê \n roubando documentos relacionados às notas, a Gaviões da Fiel decidiu \n suspendê-lo preventivamente até o final da apuração dos fatos pela \n polícia. “A priori ele é inocente. A medida de afastá-lo é praxe”, disse\n Gebara.\n \n \t Os dois presos foram transferidos na manhã desta quarta da carceragem \n do 2º DP, no Bom Retiro, para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de \n Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo.\n \n \n