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ImprimirOs registros foram feitos há algumas semanas, pelo piloto de paramotor James Luck, de 31 anos, que viaja Mato Grosso do Sul de Fusca amarelo gravando documentários sobre o Estado. O sonho de viver na rua e viajar o mundo foi a inspiração para essa jornada.
Mas não é qualquer beleza que convence James a passar dias numa gravação. Além de história, o conteúdo precisa ser curioso. "Se você me falar que há um lugar lindo de fácil acesso e a poucos minutos daqui, provavelmente, não vou me interessar. Mas se me disser que há um lugar que poucos conhecem e que ninguém tem coragem de ir, é isso que eu vou mostrar", explica.
James busca documentar um "lado" do Estado que quase ninguém viu, por isso o Morro do Padre está no ranking do desafios superados. O local fica aproximadamente 40 quilômetros depois de Rio Verde e seu atual guardião é o Frei Davi. Para subir até lá é preciso, ao menos, consentimento de seu "dono".
O Frei vive em uma casa simples, praticamente no pé do morro, é o único que tem a chave do portão que fica no topo, entre duas pedras, depois de uma escadaria com mais de 320 degraus. "Não é qualquer um que sobe, muita gente já pediu para gravar lá em cima, mas ele não deixa. Eu fui numa sexta-feira, conversei com ele, contei minha história e no domingo ele me chamou para subir".
Segundo James, a história dá conta de que há 100 anos um padre italiano foi transferido para a diocese de Rio Verde, o mesmo era quem sonhava diariamente com um morro. Um dia, o dono de uma fazenda pediu pra ele ir fazer um casamento na região e durante a cerimônia ele avistou o morro. Ao contar para o fazendeiro que havia sonhado com o lugar a vida inteira, o dono logo quis desanimar o padre. "Disse pra ele que não tinha como subir o morro, que a mata era fechada. Mas afirmou que se o padre conseguisse subir, o morro era dele", conta James.
O padre então passou três dias e três noites analisando o melhor jeito de subir. Quando foi até a cidade, buscou trilhos de trem e começou seu trabalho. "Ele escavava a parede, colocava um trilho e escavava de novo. Fez um corrimão para subir até o topo e sob os degraus colocou uma malha de ferro para proteger".
A estrutura está lá até hoje. No fim da escadaria há um portão de ferro, com cadeado gigante e que, atualmente, só Frei Davi tem a chave. Lá em cima há um dormitório, uma capela e um sistema com 12 caixas d'água. Há quem diga que os religiosos passavam dias lá em cima.
"Essa é história que contam e quase 75% dos moradores de Rio Verde não conhecem o morro. Por isso fui atrás do padre, conversamos por horas até subirmos no morro".
Além da história, a beleza está na subida. "No meio do caminho há mensagens no morro, esculturas, uma verdadeira arte que parece coisa de outro mundo. O lugar é íngreme, cada passo que você dá, é surreal acreditar que aquilo tudo foi feito. Parece história que você conta e ninguém acredita", diz.
A capela fica 350 metros acima do nível do mar e o religioso chega a ficar 40 dias sozinho lá em cima. "O morro carrega uma história de muita fé e coragem. Não é como construir uma capela na cidade. Ali tem uma energia diferente, quem sobe, nunca mais desce o mesmo".
Depois das gravações James ainda arriscou sobrevoar o morro de paramotor e registrou belas imagens. O documentário completo será lançado em breve e ele já passou por outros quatro lugares desconhecidos em Mato Grosso do Sul. "É isso, não sou jornalista e nem publicitário, mas sou um cara que tenho curiosidade pelo mundo. Quero ir onde ninguém foi ou que pouca gente sabe da história".
A produção de vídeo é feito na raça, sem nenhum patrocínio. O que sustenta James são os trabalhos que realiza para empresas por onde passa. A grana ele investe na manutenção de paramotor e equipamentos.
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