\n \n Os vereadores\n da oposição terão que convencer 20 vereadores para conseguir tirar Alcides\n Bernal (PP) do comando da Prefeitura de Campo Grande. Isso porque, com 29\n vereadores, a Casa precisará de dois terços para tirar o mandato por\n improbidade administrativa. \n \n Os vereadores\n ligados ao grupo do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB) aguardam um parecer do\n Tribunal de Contas do Estado (TCE) para decidir se iniciam um processo de\n cassação contra o prefeito. Caso o TCE entenda que a prefeitura errou ao fazer\n transferência de recursos entre as secretarias, os vereadores vão fazer uma\n reunião com lideranças para definir o que fazer. \n \n A oposição\n jura que não está pensando em cassar o prefeito, mas sinaliza que será rigorosa\n ao puni-lo se comprovada a irregularidade. A polêmica está em uma confusão de\n entendimento entre o que é remanejamento e o que se avalia como suplementação.\n Bernal está autorizado pela Câmara a fazer suplementação de até 5% do orçamento\n sem pedir, mas não pode fazer remanejamento. A Comissão de Finanças da Câmara\n entende que Bernal fez remanejamento de R$ 50 milhões. Já a atual administração\n diz que fez suplementação dentro do que é permitido. \n \n Para emplacar\n uma comissão processante a oposição terá que encaminhar um parecer para a\n Comissão de Constituição e Justiça, que dará o parecer se é a favor ou contra o\n processo. Aprovado o parecer, os vereadores precisarão de 10 assinaturas para\n conseguir emplacar a comissão. Ao final, chegando-se a conclusão de que o\n prefeito cometeu irregularidade, o grupo de Nelsinho precisará de 20 votos para\n derrubar o prefeito. \n \n Hoje Bernal\n tem nove vereadores da base de sustentação: Alex do PT, Zeca do PT, Ayrton do\n PT, João Rocha (PSDB), Rose Modesto (PSDB), Luiza Ribeiro (MD), Gilmar da Cruz\n (PRB), Cazuza (PP) e Waldecy Chocolate (PP). Com isso, precisaria convencer\n mais um vereador a votar com ele, derrubando o processo de cassação. \n \n Apesar de\n admitir que o caso é complexo, o presidente da Câmara, Mário César (PMDB),\n sinaliza que será implacável com o prefeito. “É questão de entendimento. Tanto\n é verdade que nós não temos a convicção daquilo efetivamente, que estamos\n encaminhando para um órgão auxiliar”, justificou. Questionado se a complexidade\n não levaria a Câmara a ser menos radical, Mário César é enfático. “Então para\n que existe lei?”, concluiu. \n \n A presidente\n da Comissão de Finanças da Câmara, Grazielle Machado (PR) também demonstra\n rigor ao comentar o caso. Para justificar o posicionamento da Câmara, ela diz\n que segue o que a população está cobrando. \n \n “Uma população\n que cobra transparência. Uma sociedade que hoje está mais do que nunca exigente\n na credibilidade dos políticos, perguntar que prejuízo tem o prefeito ao fazer\n algo ilegal. Quando toma posse diz: sim eu prometo ter compromisso com o bem\n público. O prejuízo é o da irresponsabilidade do bem público”, explicou. \n \n Questionada\n sobre o fato de Nelsinho Trad ter cometido o mesmo ato durante oito anos, a\n vereadora admite a mudança ocorrida apenas na administração de Bernal, mas\n prefere dizer que a culpa é dele. “Se cometeu um erro por infantilidade\n administrativa ou inexperiência, para não dizer outra coisa, foi porque ele não\n teve técnicos suficientes. Me espanta um prefeito que ganha em outubro não vir\n se preparando para administrar uma cidade como Campo Grande”, concluiu,\n ressaltando que seria cobrada por omissão se não fiscalizasse. \n \n Briga Política\n \n \n A polêmica\n entre os vereadores e Bernal esbarra na questão política. Foi por falta de\n aliança com os vereadores ligados a Nelsinho que o prefeito viu a Câmara\n aprovar a lei que diminui a suplementação de 30% para 5% e proibiu a nova\n administração de fazer remanejamento, autorizado sem nenhum problema por\n vereadores que agora dizem que não podem ser omissos. \n \n Dos 29\n vereadores da Câmara, 12 foram reeleitos: Airton Saraiva (DEM), Paulo Pedra\n (PDT), Paulo Siufi (PMDB), Vanderlei Cabeludo (PMDB), Mário César (PMDB), Dr.\n Jamal (PR), Grazielle Machado, Carlão (PSB), João Rocha (PSDB), Rose Modesto\n (PSDB), Alex do PT e Flávio César (PTdoB). \n \n Dos 12, só\n Alex e Paulo Pedra (que ainda era oposição) foram contra dar a Nelsinho plenos\n poderes. Isso evidencia que após a eleição de outubro, quando o PMDB perdeu os\n 20 anos de hegemonia, alguns aliados, hoje na oposição (Grazielle, Flávio\n César, Mário César, Saraiva, Vanderlei Cabeludo e Carlão) passaram a entender\n que a sociedade gostaria que eles fizessem o papel de fiscalizar.\n \n \n