\n \n Estudos\n apontam um aumento significativo nos casos de autismo no mundo. Entre 2002 e\n 2008, o órgão americano Centers\n for Disease Control and Prevention (Centros de Prevenção e Controle\n de Doenças nbsp;— CDC) identificou um aumento de 100% no número de casos de\n Transtornos do Espectro do Autismo (ASD) diagnosticados nos EUA, de seis para\n 12 casos a cada 1.000 pessoas. No entanto, esse aumento não reflete\n necessariamente uma maior incidência da doença. O avanço pode estar relacionado\n aos avanços no diagnóstico.\n \n A\n principal dificuldade relacionada ao diagnóstico do autismo é o fato de que\n suas causas ainda não foram totalmente identificadas pelos pesquisadores. O que\n se sabe atualmente é que existem fatores genéticos e ambientais envolvidos, e\n estudos apontam diferentes situações ou comportamentos que estabelecem relação\n com a doença, mas ainda são necessários mais estudos até que as causas possam\n ser identificadas com precisão.\n \n Um\n fator ambiental que tem sido frequentemente relacionado ao desenvolvimento do\n autismo é a poluição do ar. Um estudo de 2010 realizado por pesquisadores da\n Califórnia evidenciou a relação entre viver em locais próximos a estradas e\n rodovias de grande movimentação e o autismo. Crianças que viviam em residências\n a menos de 300 metros das rodovias apresentaram o dobro se risco de serem\n autistas, em relação àquelas que viviam em locais mais afastados.nbsp;\n \n O\n mesmo grupo de pesquisadores publicou nesta segunda-feira, no periódico Archives of General Psychiatry,\n um estudo que relaciona a poluição vinda de automóveis à incidência de autismo.\n A diferença é que, no estudo mais recente, foram medidos os níveis de poluentes\n no ar próximo às residências, não apenas a distância das rodovias.\n \n Guilherme\n Polanczyk, psiquiatra infantil do Departamento de Psiquiatria da Universidade\n de São Paulo, explica que é consenso entre os pesquisadores que os fatores\n genéticos não são suficientes para explicar as causas da doença. A principal\n evidência disso é o fato de que nem todos os gêmeos homozigóticos (que têm\n carga genética idêntica) apresentam a doença. "Isso mostra que há espaço\n para os fatores ambientais", afirma.\n \n O\n médico também explica que, apesar da ampla gama de fatores ambientais\n relacionados ao autismo atualmente, isso não significa que todos os casos vão\n necessariamente se encaixar em todos os fatores, ou ainda que apenas um desses\n fatores será suficiente para causar o desenvolvimento da doença. "Um caso\n pode estar relacionado a fatores genéticos e processos infecciosos da mãe\n durante a gravidez, e não ter nada a ver com exposição a poluição do ar, mas um\n outro caso pode ter essa relação", afirma Guilherme.\n \n Poluição —nbsp;Participaram do estudo 279 crianças\n diagnosticadas com autismo e outras 245 que não apresentavam a doença, compondo\n o grupo de controle. As mães dessas crianças informaram todas as residências em\n que viveram durante a gravidez e o primeiro ano de vida do filho. Os\n pesquisadores analisaram diversas estatísticas, como o volume de tráfego na\n região, a direção do vento e estimativas regionais de poluição para medir a\n exposição das crianças a poluentes como material particulado e dióxido de\n nitrogênio.\n \n O\n estudo mostra que as crianças que viviam em locais com maiores níveis de\n poluição relacionada ao tráfego de veículos tinham três vezes mais riscos de\n desenvolver autismo, em comparação com as crianças que viviam em regiões com os\n níveis de poluição mais baixos. Quanto aos níveis regionais de poluição do ar,\n que se referem às medições de material particulado e dióxido de nitrogênio, as crianças\n com maior exposição eram duas vezes mais propensas a desenvolver a doença.\n \n De\n acordo com os pesquisadores, essa associação é mais evidente no final da\n gravidez e início da vida. Isso não significa, porém, que a poluição seja\n considerada uma causa do autismo, mas indica que ela parece ser um fator de\n risco.\n \n \n \n \n