Quarta-Feira, 2 de Abril de 2025
Ciência e Saúde
12/03/2025 07:31:00
Após 18 anos, Capital volta a registrar casos de dengue tipo 3

CGN/LD

Imprimir

Na tarde desta terça-feira (11), a secretaria realizou uma reunião extraordinária do Comitê Municipal de Combate ao Aedes aegypti para reforçar as ações de controle da dengue e discutir a circulação do sorotipo 3.

O secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul, Dr. Rivaldo Venâncio, destacou que há quatro sorotipos do vírus da dengue e que, há pelo menos 15 anos, o sorotipo 3 não causa epidemias no país.

Com isso, parte da população que nasceu nesse período nunca teve contato com a dengue 3. Segundo o especialista, essas pessoas estão mais suscetíveis ao vírus, pois não possuem anticorpos contra ele. Rivaldo pontua ainda que, há mais de 10 anos, o sorotipo 3 circulou no país de forma mais branda, com menor intensidade do que os sorotipos 1 e 2, que atualmente são os mais comuns no Brasil.

A dengue possui quatro sorotipos virais, classificados como DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A vacina disponível na rede pública de saúde para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos protege contra todos eles.

Em Campo Grande, a Sesau registrou 929 notificações de dengue, sem casos graves da doença. De acordo com o informe semanal da pasta, atualmente sete bairros da Capital estão com alto risco de dengue: Cabreúva, Dr. Albuquerque, Guanandi, Cruzeiro, Alves Pereira, Chácara dos Poderes e Batistão.

Para a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, a baixa incidência de dengue na cidade se deve a diversos fatores, como as campanhas realizadas pela Sesau, a vacinação e o Método Wolbachia, implementado em Campo Grande entre 2022 e 2024.

“Nós observamos um impacto positivo. Estamos na fase de análise, mas os dados do ano passado já indicam baixa infecção, o que mostra que o método fez diferença”, disse a secretária sobre os efeitos da liberação de mosquitos com Wolbachia, estratégia que ainda está em fase de estudos.

Esse método consiste na soltura de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede o desenvolvimento dos vírus da dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela nos insetos. Ao se reproduzirem, os mosquitos transmitem a bactéria para as novas gerações, reduzindo a transmissão das doenças.

Apesar da baixa incidência da dengue e das ações de controle das arboviroses, Campo Grande tem um dos menores índices de vacinação contra a doença no Estado, com apenas 29,5% de cobertura. Rosana Leite afirma que as campanhas para incentivar a imunização ocorrem de forma contínua.

“Nós continuamos a campanha, mas ainda não conseguimos convencer totalmente essa faixa etária de 10 a 14 anos, nem os pais e responsáveis. Ofertamos a vacina inclusive aos sábados, em unidades de saúde e escolas. Infelizmente, tínhamos mais doses disponíveis, mas, como a população não procurou, tivemos que doar para outros estados”, comenta a secretária.

Sobre os terrenos baldios, um dos principais alvos de reclamações da população no combate à dengue, Rosana Leite reforça que os mutirões nos bairros continuarão neste ano, mas pede colaboração dos moradores na limpeza das ruas e terrenos.

“A responsabilidade da limpeza é sempre do proprietário. A Semades é responsável pela fiscalização e aplicação de multas. Mas também recebemos denúncias, seja pelo Disque Dengue ou por outros canais. Muitas vezes, nos avisam sobre caixas d’água abertas, e tomamos as medidas necessárias para resolver”, explica.

A Central de Atendimento para denúncias de focos do mosquito é 156. Reclamações também podem ser feitas à Ouvidoria pelo telefone 3314-9955.

COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias