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Ciência e Saúde
22/01/2014 10:24:38
Estresse na gravidez eleva chance de filho ser gay, diz cientista
Um livro recém-lançado por um neurologista sugere que o estresse na gravidez elevaria as chances de uma criança nascer gay.

BBC/LD

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Um livro recém-lançado por um neurologista sugere que o estresse na gravidez elevaria as chances de uma criança nascer gay. \n Segundo o holandês Dick Frans Swaab, autor de We are our Brains (Spiegel\n amp; Grau, 448 páginas) ("Nós somos os nossos cérebros", em tradução \n livre), a homossexualidade estaria ligada a uma mudança na composição \n hormonal e na formação do cérebro. \n Nesse sentido, o neurologista acredita que fumar ou ingerir drogas na \n gravidez pode influenciar na formação da sexualidade do feto. \n "Mulheres grávidas que sofram de estresse tem maior chance de darem a \n luz a bebês homossexuais, porque os níveis elevados do hormônio de \n estresse cortisol afeta a produção de hormônios sexuais fetais", escreve\n Swaab. \n A abordagem de Swaab, professor emérito de neurobiologia da Universidade\n de Amsterdã, parte do pressuposto de que a sexualidade é determinada no\n útero e não pode ser alterada, contrariando uma visão partilhada por \n outros especialistas de que a orientação sexual é uma escolha \n individual. \n "Embora seja frequente ouvirmos que o desenvolvimento após o nascimento \n também afete a orientação sexual, não há absolutamente nenhuma prova \n científica disso", vaticina Swaab. \n Para exemplificar sua tese, Swaab cita o caso de uma droga prescrita a 2\n milhões de mulheres para evitar abortos nas décadas de 40 e 50 que, \n segundo ele, aumentou as chances de bissexualidade e homossexualidade \n nos recém-nascidos. \n "A exposição à nicotina e à anfetamina durante a gravidez eleva as \n chances de a mãe gerar uma filha lésbica", afirma o holandês. \n O neurocientista também acredita que as chances de que um bebê se torne \n homossexual são maiores quando a mãe já gerou filhos homens antes. \n "Isso se deve à resposta imunológica da mãe às substâncias masculinas \n produzidas por bebês do sexo masculino no útero. Essa reação se torna \n cada vez mais forte durante cada gravidez", acrescenta Swaab. \n Controvérsia\n Há mais de cinco décadas pesquisando a anatomia e a fisiologia do \n cérebro, o holandês, que coleciona diversos prêmios em seu currículo, é \n um crítico voraz do chamado "livre-arbítrio" humano e muitas de suas \n teses têm causado polêmica. \n O neurologista acredita que o cérebro é pré-programado durante a \n gravidez, influenciando as decisões de um indivíduo durante toda a sua \n vida, desde suas experiências emocionais às suas preferências \n religiosas. \n A sua primeira investida no campo da orientação sexual ocorreu na década\n de 80 e, desde então, Swaab vem provocando reações acaloradas de grupos\n de defesa dos direitos gays, que afirmam que suas descobertas enquadram\n a homossexualidade como um "problema médico".\n O neurologista holandês, entretanto, discorda das críticas e afirma que \n sua tese desconstrói o argumento de entidades ultra-conservadoras que \n acreditam na chamada "cura gay".\n Além disso, como afirma que a homossexualidade é definida durante a \n gravidez, Swaab descarta a hipótese de que filhos de pais homossexuais \n tenham maior chance de se tornarem gays. \n "Crianças que cresçam em famílias de pais gays ou lésbicas não têm mais \n chances de ser homossexuais. Não há qualquer evidência de que a \n homossexualidade seja um escolha de vida", afirma. \n A tese de Swaab, entretanto, não é inédita. No 21º Encontro da Sociedade\n Europeia de Neurologia, realizado em 2011, o professor Jerome \n Goldstein, do Centro de Investigação Clínica de São Francisco, nos \n Estados Unidos, apresentou dados baseados em tomografias \n computadorizadas que mostraram a diferença dos cérebros entre \n homossexuais e heterossexuais. \n Segundo Goldstein, "a orientação sexual não é uma opção, ela é essencialmente neurobiológica ao nascimento".\n Cérebro\n Mas essa não é a única polêmica do livro de Swaab. Na obra, o \n neurologista também afirma que o comportamento "irritante" dos \n adolescentes seria uma evolução natural para evitar o incesto e que \n partos difíceis seriam, na prática, resultantes da predisposição, nos \n recém-nascidos, a transtornos mentais como esquizofrenia, autismo ou \n anorexia. \n Além disso, o holandês também defende outras teses, como a de que \n pessoas inteligentes costumam ser ateias, de que crianças bilíngues tem \n menos chance de desenvolver Alzheimer ou de que uma desilusão amorosa \n tem a mesma reação no cérebro do que a abstinência de um viciado.
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