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ImprimirDados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta-feira (7) indicam que 8,7% da população sul-mato-grossense, acima dos dois anos de idade, têm algum tipo de deficiência. Em números absolutos, são 236 mil pessoas.
Conforme a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), entre brancos, 7,8% têm deficiência. Entre pretos, o mesmo índice representa 9,9% e entre pardos, 9,1%. A maior parte das pessoas com deficiência no Estado são mulheres, seguindo a tendência geral do Brasil e do Estado: são 133 mil mulheres e 103 mil homens.
Os números reforçam que pessoas com deficiência têm participação duas vezes menor que pessoas sem deficiência no mercado de trabalho em Mato Grosso do Sul.
Cerca de 67,3% das pessoas sem deficiência estão ocupadas, enquanto 31,8% das pessoas com deficiência estão ocupadas. Este indicador inclui trabalhos formais ou informais, no momento em que a pesquisa foi realizada (terceiro trimestre de 2022).
Entre homens sem deficiência, a taxa de ocupação é de 77,3%. Por outro lado, entre mulheres com deficiência, a mesma taxa é de 25,7% , mais de três vezes menor, sendo o grupo com menor índice de ocupação na comparação de gênero e ocupação.
Mercado de trabalho
A presidente da Associação de Mulheres com Deficiência de Mato Grosso do Sul, Mirella Ballatore observa que há muitos homens e mulheres com deficiência que são qualificados, mas não conseguem se inserir no mercado de trabalho por falta de acessibilidade por parte dos empregadores. “Tanto mulheres como homens com deficiência que são qualificados e que têm boa formação - e só a gente sabe o quão foi difícil chegarmos ao Ensino Superior, a uma pós-graduação, a um doutorado, etc - mas o mercado de trabalho não contempla as vagas”.
“Não se contemplam essas pessoas. O empresariado, em geral, não quer acessibilizar a sua empresa, porque acha que é uma despesa desnecessária. Preferem pagar multas do que acessibilizar a empresa, com banheiro acessível e outras estruturas, por exemplo”.
A subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, vinculada à Secic (Secretaria Estadual de Cidadania e Cultura), Telma Nantes, ressalta que há uma necessidade da efetivação de políticas públicas para pessoas com deficiência. “Para que consigam procurar inclusão na educação, no mercado de trabalho, etc. Essa inclusão social, que é tão necessária”.
“Mato Grosso do Sul precisa investir nas políticas públicas para as pessoas com deficiência. Este é um dos nossos papéis, da Subsecretaria de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência. Vamos trabalhar em cima desses números, proporcionando cada vez mais a questão do processo de reabilitação para pessoas com deficiência, programas e serviços que atendam a esse público”.
Segundo os dados, entre a população com deficiência, 63,1% foi classificada com uma dificuldade funcional, enquanto as demais 36,9% têm duas ou mais.
Vale ressaltar que cerca de 33,5% das pessoas com deficiência estão na força de trabalho, ou seja, afirmaram que estão aptas para ocuparem funções trabalhistas. Entre pessoas sem deficiência, o índice é de 70,9%.
Nantes explica que as pessoas com deficiência estão frequentando cada vez mais o meio acadêmico. “Muitas vezes, as empresas oferecem diversas funções que não atendem às
A taxa de ocupação é maior em pessoas pardas com deficiência (34%), seguidas por pessoas brancas (30,8%) e pretas (29,2%).
Inclusão social
No Estado, 40,1% das pessoas com deficiência que tenham completado o Ensino Superior estão desocupadas. Entre pessoas sem deficiência e com Ensino Superior completo, o mesmo índice é de 17,2%
Entre as pessoas com deficiência, 22,3% têm Ensino Fundamental incompleto, 8% têm Fundamental completo, 6,6% têm Médio completo e 4,9%, equivalente a 18 mil pessoas, têm Ensino Superior Completo.
A maior parte das pessoas com deficiência têm entre 60 a 69 anos, cerca de 20,2%, seguido por pessoas de 70 a 79 anos (14,3%). Entre pessoas com deficiência, a taxa de analfabetismo é maior dentre todas as faixas etárias. Destaca-se que 13,8% das pessoas de 15 anos ou mais são analfabetas e têm deficiência. Entre as pessoas sem deficiência, o mesmo índice é de 2,9%.
Ballatore comenta que algumas estatísticas podem até estar defasadas, já que o questionário básico do último Censo Demográfico não continha perguntas específicas sobre deficiências, apenas o por amostras, aplicado em menor número. “Isso afeta as políticas públicas e prejudica a elaboração, além de que temos muitas políticas públicas que não são praticadas de fato e de direito”.
“Sou uma pessoa com deficiência física e meu marido também é. Nós dois moramos sozinhos, temos casa própria, veículo e somos independentes. O Censo sequer tinha uma pergunta sobre pessoas com deficiência. Então, muitas pessoas com deficiências não foram recenseadas porque os domicílios com tais perguntas eram por amostra”.
Para a subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, “expectativas e as necessidades das pessoas com deficiência” precisam ser incluídas nas políticas públicas governamentais. “Então precisa haver um diálogo estreito para essa inclusão no mundo do trabalho. Mas antes do mercado, temos algumas políticas que estão acontecendo gradativamente, de inclusão social, inclusão cultural, inclusão na educação e em todos os espaços”, diz Nantes.
Metodologia
Considera-se pessoa com deficiência aquela que respondeu, em ao menos um dos tipos de dificuldades funcionais, que incluem dificuldades para enxergar, ouvir, andar ou subir degraus; levantar uma garrafa com dois litros de água da cintura até a altura dos olhos; pegar objetos pequenos ou abrir e fechar recipientes; aprender, lembrar-se das coisas ou se concentrar; realizar cuidados pessoais e se comunicar.