Liliana Lopes Monteiro
ImprimirCientistas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, investigaram como as mutações que alteraram a estrutura de uma proteína do Sars-CoV-2 permitiram que o novo coronavírus se ligasse mais fácil e rapidamente às células humanas do que outros microrganismos.
Os resultados da pesquisa inédita acerca do novo coronavírus foram publicados no periódico científico Nature.
"Tendo em conta que as características estruturais das proteínas virais são mais importantes no estabelecimento de contato com células humanas, podemos formular medicamentos que as procurem e consequentemente bloqueiem a sua ação nociva", afirmou o professor e líder do estudo Fang Li, num comunicado emitido para a imprensa.
Li e a sua equipe de cientistas detetaram que quando ocorre a infecção, uma proteína 'spike' localizada na superfície do Sars-CoV-2 associa-se a uma proteína 'receptora' presente na parte exterior das células, o que por sua vez permite e facilita a entrada do vírus no organismo.
Os investigadores apuraram que alterações específicas e singulares tinham tornado a cadeia molecular da proteína 'spike' no vírus que está na origem da Covid-19 mais comprimida e espessa, comparativamente aquela presente na formação do vírus causador da SARS. Na opinião dos investigadores essas mutações contribuíram para que o Sars-CoV-2 se vinculasse ainda mais acentuadamente às células receptoras, facilitando tragicamente a infecção nos seres humanos.
"O trabalho que realizámos poderá servir para criar anticorpos que agiriam como um fármaco capaz de identificar e neutralizar a parte de ligação ao receptor da proteína 'spike'", afirmou Li. “Adicionalmente, uma parte da proteína spike poderá tornar-se a base de uma vacina contra o novo coronavírus".