Correio do Estado/LD
ImprimirLevantamentos feitos pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande informaram aumento de óbitos maternos em 2021, causados principalmente pela pandemia da Covid-19.
De acordo com a SES, a situação da mortalidade materna no Estado foi grave, sendo registrados 51 óbitos no ano passado, a taxa mais elevada dos últimos cinco anos.
Segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID-10), são classificadas como mortes maternas o falecimento de uma mulher durante a gravidez, o parto e o puerpério.
A classificação explica ainda que as mortes são em razão de qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela. Ou seja, descarta causas acidentais ou incidentais.
“É um indicador sensível às condições de saúde de uma região, assim como aos fatores sociais e econômicos. A mortalidade materna constitui um grave problema de saúde pública, considerada uma tragédia evitável em 92% dos casos, segundo o Ministério da Saúde”, expôs o relatório da Sesau.
Só na Capital, foram 13 mortes maternas em 2021, o maior número de casos desde 2013. Em 2020, no ano em que a pandemia da Covid-19 iniciou, foram três óbitos maternos em Campo Grande.
Já no ano passado, após o aumento da vacinação e a queda dos casos, o número de falecimentos voltou a cair para seis, mesmo patamar de 2019, período pré-pandemia, que registrou sete mortes maternas no município.
No Estado, a mesma oscilação foi notada. Em 2021, foram 51 casos de óbitos maternos, enquanto em 2020 foram 16 mortes e no ano passado 23 casos. Em 2019, período pré-pandêmico, o boletim registrou 22 falecimentos maternos.
CAUSAS
O levantamento do Estado relatou que as principais causas dos óbitos em 2021 foram as doenças virais, com 24 casos. Doenças e afecções foram responsáveis por cinco mortes, eclâmpsia na gravidez teve quatro casos e o descolamento prematuro de placenta foi o causador de três falecimentos maternos.
Ao todo, foram registradas 15 causas de mortes maternas, sendo: doenças infecciosas e parasitárias maternas (2), hemorragias do pós-parto imediato (2), infecção puerperal (2), embolia obstétrica por coágulo de sangue (2), deficiências de coagulação pós-parto (1), doenças do aparelho digestivo (1), doenças do aparelho respiratório (1), gravidez tubária (1), infecção da incisão cirúrgica (1) e morte obstétrica de causa não especificada (1).
Nos demais anos de levantamento, a SES informou que as maiores causas de mortalidade materna no Estado foram eclâmpsias e hemorragias.
De acordo com Karine Barbosa, coordenadora do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Estado, a redução da mortalidade materna e infantil ainda é um desafio para os serviços de saúde e para a sociedade como um todo, principalmente no interior, por conta da falta de estrutura necessária e de profissionais capacitados em algumas cidades.
“Uma ação pessoal a ser elencada e de extrema importância é a realização do pré-natal pela gestante, com, no mínimo, seis consultas realizadas durante a gestação, e que se iniciem nos primeiros três meses”, afirmou a coordenadora, a respeito de medidas que evitam a mortalidade materna.
Barbosa ainda comentou que a secretaria está priorizando o monitoramento desses óbitos maternos e infantis para sensibilizar a comunidade acadêmica a respeito do correto preenchimento das declarações de falecimento e da importância dos comitês de prevenção da mortalidade materna e infantil no âmbito municipal.
“Também adotamos como estratégia que os profissionais dos municípios onde ocorreram os óbitos participem e apresentem na reunião do comitê estadual, para corresponsabilidade nas ações elencadas para a redução da mortalidade materna, infantil e fetal”, finalizou a coordenadora.
Já na Capital, as principais causas de óbitos maternos acompanham os índices do Estado e do Brasil, sendo a hipertensão gestacional e suas complicações (pré-eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome Hellp), hemorragias, principalmente pós-parto, e infecção puerperal.
De acordo com estudo realizado pelo Ministério da Saúde, essas causas são consideradas evitáveis, e as mortes decorrentes de hipertensão e infecção puerperal estão relacionadas a problemas de acesso oportuno e de qualidade às consultas de pré-natal e puerperal, que levam ao atraso no diagnóstico e na intervenção precoce.
O relatório da Sesau informou ainda que as mortes por hemorragia são atribuídas principalmente à falha na utilização de protocolos de manejo das hemorragias no ambiente hospitalar.
“O município de Campo Grande conta com o Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, um colegiado multiprofissional e intersetorial de análise e resposta aos casos de óbitos com o intuito de identificar oportunidades de melhoria e propor ações aos gestores ou tomadores de decisão em saúde, para prevenir mortes evitáveis”, completou a Sesau.