Sábado, 23 de Novembro de 2024
Ciência e Saúde
08/08/2020 10:09:00
Pode faltar medicamentos para intubação nos hospitais de Campo Grande

Correio do Estado/LD

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A crise no sistema de saúde de Campo Grande não está só na demanda por leitos, mas na dificuldade em se encontrar medicamentos necessários para manter os pacientes graves intubados. Isso porque, com a grande demanda nas distribuidoras em todo o País nos últimos meses, alguns hospitais da Capital já enfrentam dificuldade em encontrar esses remédios.

De acordo com a Santa Casa de Campo Grande, maior hospital de Mato Grosso do Sul, o estoque de anestésicos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares está em nível crítico. “Alguns deles [medicamentos] só temos para mais uma semana, diante da atual demanda”, alertou o hospital, por meio de sua assessoria de imprensa.

Segundo a nota, a unidade tem comprado os medicamentos de fornecedores diferentes, mas os laboratórios não têm conseguido enviá-los e cancelam os pedidos.

“A produção da indústria farmacêutica está abaixo da demanda dos hospitais. Antes, conseguíamos fazer empréstimos com hospitais que ainda tinham no estoque, mas, atualmente, isso não é mais possível. O País todo está enfrentando essa situação”, continuou o hospital.

No El Kadri, que também atende pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de contrato com a prefeitura, os estoques estão baixos e a maior dificuldade encontrada está na compra de bloqueadores neuromusculares.

“Quando está chegando, chega material para cinco dias no máximo. Vou batalhando, tentando vários fornecedores, qualifiquei vários outros fornecedores que não conhecia, para a gente tentar. Estamos em busca permanente. Está sendo uma batalha manter regular o atendimento. Estamos conseguindo, mas com muita dificuldade”, declarou Rudiney Leal, diretor administrativo do centro médico.

REGIONAL No Hospital Regional, que é mantido pelo governo do Estado, apesar da declaração de emergência em saúde por conta da pandemia de Covid-19 facilitar, em tese, a compra de insumos, já que a compra não precisa ser feita por meio de licitações, também há problemas em conseguir os medicamentos necessários.

Em junho, o hospital, que é referência para o tratamento da Covid-19 no Estado, com 101 vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs), já havia avisado sobre a possibilidade de esses medicamentos faltarem, em razão da demanda nas unidades de saúde ter aumentado muito por conta da pandemia.

Na época, os medicamentos existentes eram suficientes apenas para um mês de atendimento. Depois disso, a Fundação de Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul (Funsau-MS), que mantém o Regional, conseguiu a compra, entretanto, esses remédios já estão novamente acabando.

O hospital informou que hoje tem estoque suficiente para 20 dias e que, desde março, há processos licitatórios abertos para essas aquisições. Atualmente, a unidade aguarda o retorno de um processo licitatório em andamento e espera conseguir atender a demanda.

A situação é semelhante na rede particular. Conforme a assessoria de imprensa da Unimed, Hospital Miguel Couto, apesar de a unidade ter suspendido as cirurgias eletivas em março para poder fazer estoque desses medicamentos, o centro médico teve alta demanda e tem buscado fornecedores para novos lotes desses medicamentos.

“Reforçamos ainda o apelo para que toda a comunidade faça sua parte, como manter o distanciamento social, realizar a higiene correta das mãos e fazer uso de máscaras, alertas e medidas que estamos divulgando desde o mês de março de 2020”, disse a Unimed, em nota.

No terceiro hospital público da Capital, o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), entretanto, o estoque de medicamentos para esses casos mais graves estão garantidos, de acordo com a unidade.

“Esse é um cuidado que o Humap-UFMS vem tendo desde que foi anunciada a pandemia”, informou a assessoria.

O hospital, porém, tem apenas 10 leitos de UTI reservados para pacientes com Covid-19.

Segundo a Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems), desde janeiro, o serviço atua em “plano de contingência em todas as suas unidades ambulatoriais e hospitalares para o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus”.

“Atentos às consequências da pandemia em países como Itália e Espanha, foi realizada com antecedência a compra das seguintes medicações: midazolam, fentanil, propofol, ketamina, succinilcoluna (suxametônio) e rocuronio”, informou o plano de saúde. Por conta dessa compra, a unidade garante que não há falta de nenhum medicamento.

A reportagem também entrou em contato com Proncor e Clínica Campo Grande para saber a situação dos estoques nessas unidades. Entretanto, até o fechamento desta matéria nenhuma resposta foi enviada.

Por causa da situação, a força-tarefa do Ministério Público Estadual, que esta semana começou a vistoriar hospitais da Capital para saber a situação desses locais, prometeu interferir para ajudar as unidades de saúde.

“Vamos acionar a prefeitura para regularizar aqueles que estão atendendo o SUS para que consigam receber a medicação. O Estado recebeu uma quantia de medicamento na quarta-feira do Ministério da Saúde”, declarou a coordenadora do grupo, promotora Ana Cristina Carneiro Dias.

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