Sábado, 23 de Novembro de 2024
Ciência e Saúde
03/05/2016 12:36:00
Primeiro lote de "pílula do câncer" fica pronto para ser utilizado em testes
Fórmula será transformada em 70 mil cápsulas e testada nos próximos seis meses; laboratório vai produzir mais cinco lotes

iG/PCS

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Quando a USP vetou a distribuição das cápsulas, em 2014, pacientes prejudicados foram à justiça

O laboratório responsável pela produção das “pílulas do câncer” finalizou o primeiro lote do medicamento para testes e deve enviar os 35 quilos da fosfoetanolamina sintética para a Fundação para o Remédio Popular (Furp). Lá, a matéria base vai ser transformada em 70 mil cápsulas que serão testadas em pacientes com a doença durante os próximos seis meses, sob coordenação do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Mais cinco remessas da fórmula serão encaminhadas nos próximos meses.

A fosfoetanolamina ficou conhecida como "pílula do câncer" por supostamente combater a doença. A fórmula foi liberada em abril por meio de uma lei federal, mas nunca passou por testes científicos com humanos – portanto, não pode ser considerada um medicamento. Entidades médicas também cobram no Supremo Tribunal Federal (STF) que a liberação seja considerada inconstitucional.

De acordo com a lei, sancionada pela presidente Dilma Rouseff, quem tem tumor maligno ganhou direito ao uso da substância. Basta comprovar o diagnóstico por laudo médico e assinar um termo de responsabilidade. No entanto, a Furp já antecipou que não produzirá cápsulas para comercialização.

Testes

Em um primeiro momento, o estudo definirá a dose a ser ministrada em dez pacientes. Também serão analisados possíveis efeitos colaterais graves. Não havendo problemas, 21 voluntários passarão a tomar a substância. Entre outros, estarão envolvidos doentes com tumores no pulmão, próstata, fígado e estômago. A intenção é ampliar o número de pessoas até chegar a mil pacientes.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação prevê gastar em torno de R$ 5 milhões com o estudo clínico. A fosfoetanolamina sintética foi desenvolvida inicialmente na cidade de São Carlos (SP), no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) pela equipe coordenada pelo professor aposentado Gilberto Chierice. Durante anos, a substância foi distribuída gratuitamente para pessoas interessadas. Há dois anos, porém, uma determinação interna da USP barrou a distribuição, levando os interessados à Justiça.

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