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Ciência e Saúde
16/06/2018 10:30:00
Unicamp lidera ranking de instituições sediados no Brasil em nº de pedidos de patentes: 'Inéditos e promissores'

G1/LD

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A Unicamp, em Campinas (SP), é a instituição sediada no Brasil que mais depositou patentes de invenção em 2017 no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Foram 77 pedidos, ao todo, 15 a mais que em 2016, quando a universidade ocupava a 2ª posição. Instituto tem investido para reduzir tempo de análise das patentes, mas espera média ainda é de 10 anos.

"Mostra que a Unicamp está preparada para atender demandas tecnológicas do mercado. Isso mostra que a universidade é capaz de desenvolver projetos realmente inéditos e promissores", afirma Patrícia Leal Gestic, diretora de propriedade intelectual da agência de inovação Inova Unicamp.

O ranking foi divulgado no estudo "Indicadores de Propriedade Industrial 2018", do INPI.

A agência Inova Unicamp é o órgão responsável pela gestão da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia da universidade, e conta com uma seleção interna de patentes rígida para garantir o ineditismo e que as ideias sejam aplicáveis no mercado.

Segundo Patrícia, em 2017 foram recebidos pela agência entre 120 e 130 pedidos, mas 81 foram enviados ao INPI, que reconheceu 77 deles.

"A propriedade intelectual - basicamente as patentes - é a infraestrutura invisível da inovação. É aquele valor que se precisa dar e investir para que se tenham produtos e processos inovadores e competitivos. A Unicamp está no caminho certo".

Em 2017 foram 25.658 pedidos ao INPI, de instituições residentes e não residentes no Brasil. Só as sediadas no país pediram 5.480 patentes no ano passado, sendo o estado de São Paulo o maior solicitante, com 30%.

Transferência de propriedade intelectual

A diretora destaca que a Unicamp é uma das universidades que mais transferem propriedade intelectual para o mercado atualmente. Isso significa a aplicação da inovação nas indústrias para que os produtos possam ser consumidos pela população.

"A gente teve casos de patentes que geraram produtos saudáveis, com baixo teor de gordura trans e saturada, e que hoje estão em inúmeros ingredientes da indústria de alimentos e que o consumidor usa".

Foram 25 transferências em 2017 número que vem crescendo nos últimos anos. Antes de 2013, a média era de cerca de seis por ano, afirma Patrícia.

"A gente teve também em 2017 o recorde de patentes concedidas, mostra que as patentes são robustas o suficiente para serem transferidas para o mercado. Cada nova patente é uma nova oportunidade de negócio e de agregar valor com o conhecimento, e isso a gente acaba vendo na prática na sociedade", diz.

Foram 62 patentes concedidas, numa realidade de demora na análise dos pedidos pelo INPI. Segundo Patrícia, em média, leva sete anos e meio para as análises nas áreas de cosméticos e odontologia e até 14 anos para tecnologia da informação.

No entanto, com o respaldo do conhecimento dos pesquisadores e por meio de contrato, a Unicamp pode transferir a propriedade quando o processo está em andamento no INPI. As empresas recebem o pedido de patente e são avisadas de que ainda não se trata do registro final. Assim, já podem dar continuidade ao desenvolvimento da tecnologia.

"As universidades geram conhecimento e tecnologia, e o mais importante é a transferência para o mercado. É ele que vai fazer com que essas tecnologias sejam utilizadas. A gente completa o ciclo da inovação, fazendo com que as empresas se tornem mais competitivas", explica.

Ranking

Apenas uma empresa conseguiu uma posição entre as dez instituições que mais depositaram pedidos de patentes em 2017.

Três universidades que não estavam no ranking anterior ganharam espaço: a Universidade Federal de Campina Grande (PB), que alcançou o 2º lugar, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Associação Paranaense de Cultura, mantenedora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

"Além de identificarmos e prospectarmos a oportunidade de tecnologia nos laboratórios, nós recebemos dos professores e dos alunos o que a gente chama de comunicação de invenção. Quando eles acham que tem alguma coisa promissora, eles nos avisam", afirma Patrícia sobre o estímulo na Unicamp.

Investimentos X Espera longa

No último ano, o INPI investiu em profissionais para agilizar as análises das patentes, reduzindo o tempo de espera. Foram contratados 140 examinadores em 2017. Medidas administrativas também têm sido adotadas para agilizar o processo.

O número de pedidos na fila teve uma redução de 7,6% no ano passado em relação a 2016, o percentual equivale a 18.705 patentes analisadas ou arquivadas. Eram 243.820, em 2016, e passou a 225.115, em 2017, de acordo com a Instituição.

Desde o ano passado, examinadores foram estimulados a trabalhar de casa, com aumento de produtividade. São 96 profissionais com produção, em média, 50% acima da meta contratada, sendo que o compromisso para se manter do programa era produzir 30% acima da média.

E as medidas aplicadas também já refletem nos resultados deste ano do INPI. Foram 3.854 decisões - conclusão dos processos - de janeiro a abril de 2018, contra 1.608 no mesmo período de 2017, um incremento de 139%.

No entanto, o prazo para concluir um processo continua longo, 10 anos, em média. No ano passado, o G1 divulgou que pesquisadores de Campinas procuravam alternativas fora do Brasil, diante da demora.

Um Acordo de Cooperação Técnica entre INPI, Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) busca investimento de R$ 40 milhões no Instituto, dividido em três anos. Desse montante, o MDIC aprovou o aporte de R$ 20 milhões em 2018.

O recurso, segundo o INPI, permitiria avanços na infraestrutura tecnológica do órgão, com revisão e atualização de processos, além da geração de inteligência competitiva e análise de novas oportunidades no campo de patentes.

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