Exame/PCS
ImprimirCurrículos funcionam exatamente como anúncios publicitários: é preciso falar o essencial, de forma atraente, em pouquíssimo tempo ou espaço.
“Todo profissional precisa ser uma espécie de publicitário de si mesmo”, afirma Ricardo Karpat, diretor da consultoria Gábor RH. “O CV é uma peça de propaganda em que ele vai ‘vender’ suas competências e atiçar a curiosidade do recrutador para que ele queira chamá-lo para uma conversa presencial”.
Assim como no marketing, o sucesso depende fortemente do cuidado com a linguagem. Se for infeliz, a escolha de certas palavras ou expressões no currículo pode prejudicar (e muito) a imagem de um profissional.
Segundo Karpat, a qualidade da expressão verbal do candidato é um requisito básico para ganhar a confiança de um headhunter.
“Se a pessoa não consegue se comunicar de forma eficiente nem no próprio currículo, há poucas chances de ser chamada para uma entrevista”, afirma ele.
Veja a seguir algumas frases e expressões que precisam ser abolidas de currículos para qualquer área ou nível hierárquico, segundo recrutadores ouvidos por EXAME.com:
1. “Sou persistente / criativo / motivado / dinâmico / determinado / etc”
Incluir elogios direcionados a si mesmo no currículo é uma péssima ideia, segundo Thayane Fernandes, especialista em comunicação no VAGAS.com. “Adjetivos não agregam nada para o recrutador, porque não apresentam evidências práticas sobre o profissional”, explica ela.
Além de inútil, a tentativa de enaltecer suas qualidades no CV pode soar arrogante, tola ou até cafona, completa Ricardo Karpat, diretor da Gábor RH. Para não fazer feio, é melhor apresentar fatos sobre o seu desempenho, e deixar que o headhunter tire suas próprias conclusões sobre você.
2. “Estou disponível para qualquer área da empresa”
De acordo com Fernandes, essa é a pior forma de completar o campo “Objetivo profissional”. Candidatos dispostos a assumir qualquer cargo transmitem pressa e desespero — ou, no mínimo, revelam que não têm foco e estão “perdidos” na carreira.
Para não correr esse risco, diz a especialista, é preciso ser direto e escrever claramente o cargo e o nível hierárquico pretendido, como “analista financeiro júnior”, por exemplo.
3. “Saí do meu emprego anterior porque…”
Foi demitido por causa de um grande corte ou reestruturação na empresa, e não porque o seu desempenho era mal avaliado? O currículo não é o lugar certo para apresentar essas justificativas.
“Explicações sobre desligamentos ocupam espaço e não agregam nada nesse momento”, explica a especialista do VAGAS.com. A função principal do CV é estimular o recrutador a chamar você para uma entrevista presencial, na qual esses pormenores podem enfim ser discutidos.
4. “Pretendo cursar MBA / pós-graduação / inglês”
Também não vale registrar planos no currículo. “Fale sobre qualificações que você já obteve, experiências que já teve, resultados que já alcançou”, diz Karpat. “Não use o espaço do documento para falar sobre o que você ainda não fez”.
Sob o ângulo do recrutador, esse tipo de promessa pode comunicar insegurança ou ansiedade para “preencher” algo que o candidato intimamente acredita que falte ao próprio currículo.
5. “Jogo pelo time / Penso fora da caixa / Gosto de mão na massa”
De acordo com o diretor da Gábor RH, é importante limpar o seu currículo de chavões e frases batidas do mundo corporativo. Além de não dizerem nada, essas expressões podem soar artificiais e até ridículas.
“É melhor substituí-las por informações objetivas sobre o que você fez na sua carreira até agora”, afirma ele. “Faça isso com frases que você mesmo formulou, e não com clichês”.
6. “Conquistei muitos / vários / diversos clientes para a empresa”
Quantificadores indeterminados como “muitos”, “vários” ou “diversos” devem ser evitados, porque podem soar vagos, exagerados ou até mentirosos. Sempre que possível, é melhor apresentar números para embasar as suas afirmações.
Em vez de escrever que você coordenava uma “grande equipe” que aumentou “significativamente” o lucro da empresa, diga que liderava 30 pessoas e que vocês geraram um aumento de 15% no lucro da companhia ao término do ano, sugere Fernandes.