BBC/PCS
ImprimirA britânica Hannah Witton é uma das centenas de youtubers que se tornaram populares entre os millennials – como são chamados os jovens nascidos entre o começo dos anos 1980 e o final dos anos 1990 – falando sobre sexo, relacionamentos e os dilemas que essa geração enfrenta.
Witton está na internet desde 2011, mas foi só há pouco tempo que um aspecto de sua vida pessoal mudou e acabou influenciando diretamente o trabalho que vem realizando online.
Sofrendo de colite ulcerativa, uma doença inflamatória intestinal que provoca crises persistentes de diarreia, ela teve que se submeter a uma cirurgia de emergência em janeiro de 2018.
No procedimento, seu cólon, a parte do instestino grosso que absorve água e armazena as fezes, foi removido e um novo caminho, chamado "estoma", foi criado.
Ele leva a um orifício artificial permanente aberto na parede do abdômen para que as fezes sejam liberadas, o que a obriga a usar uma "bolsa externa" acoplada ao corpo na qual os excrementos são coletados.
É "um saco de cocô", diz Hannah para definir a bolsa, que batizou de "Mona".
Um "saco" que ela é obrigada a usar até mesmo na hora do sexo e cujos truques ensina para quem, como ela, precisa conviver com isso.
Inspiração online
Desde que passou pela cirurgia, grande parte do conteúdo em seu blog, em seu canal no YouTube, e em suas contas no Instagram, Twitter e em seus podcasts tratam de temas relacionados a doenças inflamatórias do intestino e servem para inspirar pessoas que vivem com doenças crônicas.
"Aqui está minha bolsa de ileostomia e minha cicatriz da cirurgia. Quis registrar como meu corpo está agora. Está diferente, mas eu ainda o amo e tenho orgulho dele por não desistir diante de tudo isso! Acabei de enviar meu primeiro vídeo para o YouTube em meses, falando sobre o que aconteceu", diz ela no post abaixo, um dos que publicou sobre o assunto no Instagram.
Apenas cinco semanas depois da cirurgia, Hannah retomou a abordagem de temas relacionados a sexo.
Em um artigo para o site Metro, a blogueira deu detalhes de como é sua vida sexual agora que tem um estoma.
Conselhos práticos
"O sexo espontâneo é coisa do passado", adverte em seu artigo, se referindo ao fato de, antes de cada relação, precisar esvaziar sua "bolsa" – algo que, embora pareça pouco atraente, compara a tomar uma ducha, escovar os dentes ou fazer xixi antes de entrar em ação.
Hannah menciona também o inconveniente de a bolsa se mover de um lado para outro durante o ato. Algo que descreve como "uma distração".
Uma solução nesse caso, ensina ela, é usar bolsas menores, cintas ou algum outro tipo de proteção que mantenha a bolsa no lugar.
"Quando se trata de sexo e intimidade, se você tem um estoma, não é apenas da cirurgia que você tem que se recuperar", escreve no artigo. "Há coisas práticas em que você nunca teria de ter pensado antes."
Odores e posições
Hannah reconhece que o odor pode ser uma preocupação ou "uma barreira mental" no momento do sexo oral, já que a bolsa fica bem no rosto do parceiro.
Em relação a isso, ela recomenda o uso de acessórios para manter a bolsa distante e o uso de gotas aromáticas para mascarar os cheiros.
Em um vídeo que publicou em meados de maio, ela explica que mais do que a presença da bolsa, o que a preocupava ao voltar a fazer sexo depois da operação era a movimentação durante o ato, já que se sentia muito fraca e incapaz de adotar certas posições.
Hannah aborda estas questões com um tom leve e bem humorado. E, além das recomendações práticas, enfatiza que a comunicação é fundamental para acalmar a ansiedade e superar as dificuldades de viver com um estoma.
"Na intimidade, a linguagem é sua melhor ferramenta", diz ela.