NM/PCS
ImprimirApesar do grande esforço dos órgãos públicos, o tabagismo ainda é um problema de saúde que precisa ser olhado com mais atenção por especialistas. Segundo um estudo conduzido pela Fundação do Câncer (2024), o tabagismo é responsável por 80% dos óbitos de câncer de pulmão em homens e mulheres no Brasil, sendo 85% dos casos de óbitos entre homens e quase 80% entre as mulheres.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o tabagismo como dependência da droga nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco, seja cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo, cigarro de palha, fumo de rolo, cigarro eletrônico, vapers e narguilé. Após ser absorvida, a nicotina atinge o cérebro entre 7 e 19 segundos, liberando substâncias químicas para a corrente sanguínea que levam a uma sensação de prazer e bem-estar. Essa sensação faz com que os fumantes usem o cigarro várias vezes ao dia. Por sentir prazer, o fumante busca o cigarro em situações de estresse para se sentir aliviado ou para “relaxar”.
Segundo a professora do Curso de Fisioterapia da Universidade Anhanguera, Karina Lourenço Dias, explica que o tabagismo no passado era tido como um sinal de status perante a sociedade, mas com o tempo essa percepção mudou e hoje a maior parte dos usuários dos cigarros se concentram em indivíduos de menor poder aquisitivo e baixa escolaridade. Além disso, segundo ela, a perda de pacientes com câncer de pulmão que são, na sua maioria, fumantes ou ex-fumantes em idade mais avançada, justifica o interesse da indústria do tabaco em desenvolver produtos e estratégias de marketing voltadas a atrair as novas gerações, como é o caso do cigarro eletrônico.
“O cigarro eletrônico retomou a questão do status social do passado, agora com uma nova estética, sabor, cores e cheiros, o que está atraindo cada vez mais jovens ao consumo, porém é importante lembrar que ele é um produto danoso para saúde que provoca problemas cardiorrespiratórios, pulmonares e até mesmo o câncer”, explica.
Apesar da queda de fumantes ao longo dos anos - atualmente, cerca de 12% da população adulta brasileira usa algum produto derivado de tabaco -, o câncer de pulmão consome anualmente cerca de 9 bilhões de reais, entre custos diretos com tratamento, perda de produtividade e cuidados com os pacientes. No entanto, os impostos pagos pela indústria do tabaco no país cobrem apenas 10% dos custos totais com todas as doenças relacionadas ao consumo de produtos derivados do tabaco, estimados em cerca de R$ 125 bilhões por ano.
A especialista ressalta que é fundamental manter os exames em dia para a descoberta da doença ser precoce, pois, com isso as chances de óbito em função do câncer de pulmão podem diminuir. “O câncer de pulmão é uma das principais preocupações em saúde pública em todo o mundo. A detecção precoce dessa doença é um aspecto crucial na gestão eficaz do seu tratamento já que aumenta as chances de um tratamento bem-sucedido, entretanto, enfrenta desafios importantes pois, esse câncer, na maioria das vezes, não apresenta sintoma em sua fase inicial”, conclui Karina.