Pauta Materna/PCS
ImprimirA boa filha à casa torna. Esse velho ditado se aplicou muito bem a mim quando me separei. Peguei meu filho, minhas coisas e parti para a casa dos meus pais. Nada melhor que voltar ao aconchego do lar em um momento delicado como esse, não é mesmo? Fomos recebidos de braços abertos e várias mudanças aconteceram para que pudéssemos nos acomodar confortavelmente. Nessa hora, não dá para tomar uma atitude precipitada. Melhor primeiro passar um tempo na casa de alguém, como eu fiz, ou mesmo em um hotel, e só depois escolher com calma onde morar.
O comodismo e as facilidades de viver com os meus pais me fizeram acreditar que eu não precisava de outro lugar, que eu poderia ficar ali com o meu filho para sempre. No entanto, com o passar do tempo, fui percebendo que a casa dos meus pais já não era mais a mesma, que apesar de ser muito bem cuidada e acolhida por eles, faltava alguma coisa. E assim, sete meses depois, decidi ter o meu canto.
Vários motivos me fizeram tomar esta decisão. Alguns deles pesaram mais, outros tiveram menos importância. A verdade é que todo mundo deseja um lar para chamar de seu, algumas pessoas têm condições financeiras para isso, outras precisam esperar por mais tempo, como aconteceu comigo. Enfim, casa de mãe é muito bom mas vão aqui cinco motivos para você preferir ter a sua própria casa.
Assuma as responsabilidades
Como é bom ser criança, viver sem preocupações, sem contas para pagar, sem grandes problemas. Crescer para mim é um saco e a vida de adulto (que a gente sempre quis ter, até se tornar um) não é fácil. Porém, se você quiser ser dono da sua vida e viver as suas escolhas da forma que acha correto, precisa erguer a cabeça, bater no peito e assumir suas responsabilidades.
No meu caso foi bancar uma casa, administrar a minha vida financeira de acordo com a nova realidade e cuidar do meu filho. As vezes pesa nos ombros, nos tira algumas horas de sono e cansa, ah, como cansa. Mas, quando você percebe que consegue, que dá conta e é capaz, você cresce, amadurece e isso não tem preço.
A criança precisa de referências
Logo que me separei o Enzo não sabia mais onde ele morava. Ficou perdido, sem referência alguma. Quando perguntavam onde era a sua casa ele não sabia responder. Em certos momentos dizia que era com o pai (na casa em que vivíamos antes da separação), outra hora falava que era com a vovó e por vezes chegou a dizer até que morávamos em uma certa casa que tínhamos ido apenas visitar com a intenção de alugar. Agora, com o novo lar, ele já sabe que tem a casa do papai e das duas avós para passear mas que o cantinho dele é com a mamãe, na nossa casinha.
Crie o seu filho do seu jeito
Na casa dos meus pais o Enzo estava se sentindo o Rei do Camarote. Não tem nada mais gostoso que carinho de vó, eu sei. Porém, mesmo com as melhores intenções, havia falta de limites e excesso de regalias. Meu filho já não estava me obedecendo mais (não que hoje ele seja o exemplo de obediência, mas estamos melhorando) e eu fui perdendo a minha autoridade de mãe pouco a pouco a cada dia. Nessas horas o melhor é mostrar para criança o papel de cada um na vida dela e isso fica bem mais fácil de ser feito quando se está na sua casa, do seu jeito e com as suas regras. A casa da vovó vai continuar no mesmo lugar, cheia de amor e carinho para quando a criança for passear (e não morar).
Um canto para chamar de meu
Estou vivendo aquele momento gostoso de casa nova, sabe? Apesar de alugada, o meu cantinho tem a minha cara, as minhas coisas, no lugar que eu quero, do jeito que eu gosto e isso é simplesmente ma-ra-vi-lho-so. Deitar na minha cama, tomar banho no meu banheiro, sentar na varanda e ver meu filho brincando debaixo de um pé de goiaba estão me ensinando a apreciar as coisas simples da vida.
Privacidade
Sei que os meus pais receberam a gente com muito carinho e não era esforço algum nos ter todos os dias em casa. Porém, acho que eles precisavam de privacidade e eu também. As coisas mudaram, não sou mais adolescente e, para mim, eles já passaram da fase de conviver, diariamente, com uma criança que corre sem parar, esparrama brinquedos por todos os lados e chora por (quase) tudo. Eles já criaram a mim e a minha irmã, agora é a minha vez de fazer isso, de aguentar as birras, de não conseguir assistir ao jornal porque o Enzo quer brincar, de não dormir cedo porque ele quer assistir desenho. Cada um no seu espaço é mais saudável para todo mundo, melhora as relações e evita várias briguinhas desnecessárias.
Gratidão
Na oportunidade, vai aqui o meu agradecimento aos meus queridos pais. Obrigada por me acolherem. Obrigada ainda mais por respeitarem o meu desejo de ir e conquistar o meu espaço. Vocês foram essenciais para que eu pudesse acalmar meu coração, organizar a bagunça e seguir em frente. Passa lá em casa mais tarde para tomar uma xícara de café...rsrs!