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ImprimirDipirona e paracetamol: os nomes desses remédios são conhecidos pela maioria dos brasileiros. São drogas de baixo custo amplamente utilizadas para o alívio da dor e a redução da febre há bastante tempo. Mas o que pode ser surpresa para alguns é que esses medicamentos são um dos poucos indicados para o tratamento dos sintomas da dengue já que NÃO interferem na coagulação do nosso sangue.
Sangramentos (hemorragias) podem ser uma consequência dos casos graves de dengue e alguns medicamentes DEVEM ser evitados (veja mais abaixo).
⚠️ Mas antes de entender mais sobre a dipirona e o paracetamol, é preciso deixar claro que nenhum medicamento disponível no mercado combate os vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Essas drogas apenas amenizam os seus sintomas, que geralmente são os seguintes:
Dor de cabeça intensa
Dor atrás dos olhos
Dores musculares e articulares
Náusea e vômito
Além disso, especialistas ouvidos pelo g1 destacam que a automedicação pode mascarar sintomas graves e atrasar o tratamento adequado da doença, especialmente em crianças ou pessoas com problemas de coagulação (uma resposta natural do corpo para interromper sangramentos em vasos sanguíneos), como diabéticos e idosos.
❗Por isso, como alerta o Ministério da Saúde, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados ao apresentar possíveis sintomas de dengue.
Por que dipirona e paracetamol?
Mas voltando ao tema: por que a dipirona e paracetamol são indicados para amenizar os sintomas causados pela dengue?
A explicação é que ao contrário de medicamentos como nimesulida e ibuprofeno, que têm propriedades anti-inflamatórias (diminuem inflamações) e podem alterar a coagulação, a dipirona e o paracetamol atuam especificamente na regulação da temperatura e na redução da sensação de dor, sintomas comuns associados à infecção pela dengue.
Assim, são considerados mais seguros e adequados para o tratamento dos sintomas da dengue, já que não interferem na coagulação do sangue.
"Esses medicamentos são os mais indicados no caso de sintomas de dengue por uma série de motivos, em especial pois, além de não aumentaram os riscos de sangramento, eles já têm sua eficácia e efeitos colaterais bastante conhecidos, quando o assunto é o tratamento de problemas simples e autolimitados", explica Roberto Canquerini, conselheiro Federal de Farmácia pelo Rio Grande do Sul.
Além disso, Canquerini ressalta que outra característica importante dessas drogas é à sua capacidade de interagir favoravelmente com outros remédios e o fato de não causarem dependência química ou psicológica em quem os utiliza.
"De forma resumida, eles atuam bem nos sintomas da dengue: febre e dor. E isso sem alterar a coagulação. Ou seja, baixando a febre diminuindo a dor sem o efeito colateral indesejável que é o sangramento", acrescenta Alvaro Pulchinelli, diretor Técnico na Toxicologia Forense e médico toxicologista do Grupo Fleury.
Como agem no nosso corpo
Roberto Canquerini explica que a dipirona e o paracetamol são ambos medicamentos analgésicos que agem inibindo a produção das chamadas prostaglandinas, substâncias químicas responsáveis pela sensação de dor.
👉 Assim, quando ingeridos, esses medicamentos são absorvidos principalmente no intestino e, em seguida, entram na corrente sanguínea, onde são distribuídos por todo o corpo, incluindo as áreas onde a dor está sendo sentida.
Uma vez que alcançam os locais onde ocorre a produção de prostaglandinas, a dipirona e o paracetamol atuam inibindo a enzima responsável pela síntese dessas substâncias.
Como resultado, a produção de prostaglandinas é reduzida ou interrompida, o que diminui a sensação de dor.
🦟Dessa forma, tanto a dipirona quanto o paracetamol exercem seu efeito analgésico, ajudando a aliviar a dor e o desconforto associados aos sintomas da dengue.
"Esses medicamentos aliviam os sintomas. Veja que nós não estamos falando aqui de forma alguma que eles combatem o vírus da dengue. Não é isso. Essas drogas vão contrabalancear e contra-atacar os efeitos da infecção do vírus da dengue no nosso organismo", acrescenta o toxicologista Alvaro Pulchinelli.
Riscos da automedicação
Não é demais repetir: em vez de se automedicar, é importante buscar a orientação de um profissional de saúde, como um médico ou farmacêutico. Eles podem avaliar os sintomas, realizar um diagnóstico adequado e prescrever o tratamento mais recomendado para a condição específica de cada paciente.
Pulchinelli lembra ainda que a automedicação é perigosa devido a possíveis resistências a medicamentos, pois algumas pessoas podem apresentar reações alérgicas a determinados componentes presentes nesses remédios. Assim, consultar um médico ajuda a evitar esses quadros mais graves.
💊E também é importante ressaltar que qualquer droga pode apresentar efeitos colaterais. No caso do paracetamol, por exemplo, um dos principais efeitos colaterais é a alteração hepática, especialmente em situações de uso excessivo ou de doses muito elevadas do medicamento.
É sempre muito importante não se automedicar e consultar o médico ou farmacêutico no caso de dengue, pois muitos medicamentos podem potencializar a hemorragia. — Roberto Canquerini, Conselheiro Federal de Farmácia pelo Rio Grande do Sul.
Fora isso, Canquerini lembra que existem algumas medidas não relacionadas ao uso de medicamentos que podem ser adotadas para aliviar os sintomas. Por exemplo, banhos frios e compressas com panos ou toalhas molhadas podem ajudar a reduzir o desconforto causado pela febre em quadros mais leves.
E é sempre é válido ressaltar que não há um tratamento específico para a dengue, mas é possível aliviar os sintomas através de descanso e ingestão abundante de líquidos, já que pacientes com infecção estão suscetíveis à desidratação devido à febre alta, náuseas e vômitos.
Além desses sintomas, em quadros mais graves e preocupantes, é preciso ficar atento aos sinais de alarme:
Dor abdominal intensa e contínua
Vômitos persistentes
Acúmulo de líquidos em cavidades corporais
Sangramento de mucosa
Hemorragias
Caso seja prescrito um medicamento, é essencial obedecer às instruções sobre quanto tomar, com que frequência e por quanto tempo.
Seguindo esses cuidados, é possível garantir um tratamento mais seguro e eficaz para os sintomas da doença, minimizando os riscos à saúde.