Sexta-Feira, 22 de Novembro de 2024
Comportamento
06/11/2020 10:58:00
Todo homem é, em potencial, um estuprador

Mário Sérgio Lorenzetto

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Foto: imagem Ilustrativa

O julgamento do estuprador da influenciadora Mariana Ferrer abalou o país. Demorou. Estupros ocorrem no Brasil cotidianamente. São, em média, 180 por dia. É fundamental lembrar que estupro não é sexo, é ódio contra a mulher. Mais do que tudo, o estupro é humilhação.

Como homem é muito difícil admitir a verdade histórica de que todo homem é, potencialmente, um estuprador. Mas a arqueologia e a antropologia mostram que o estupro e a guerra datam dos primeiros dias de nossa espécie. O estupro era uma das principais causas das primeiras batalhas que os humanos travaram.

Quando os homens começaram a estuprar?

A resposta é bem deprimente. O estupro começou junto com as guerras. Nas estruturas sociais rígidas das primeiros tribos de humanos eram os líderes que mantinham relações sexuais com a maioria das mulheres do grupo. E os jovens das tribos só podiam procriar quando "conquistavam" mulheres de outras tribos em batalhas. Então, as primeiras guerras foram, em verdade, estupros coletivos. E isso nunca mais parou. Onde havia guerra, havia estupro. Como a guerra só existe com o ódio, os estupros são frutos do ódio.

Um direito dos guerreiros.

Mas como os humanos continuaram estuprando depois de passarem a viver em grandes civilizações? Foi ao mesmo tempo. Na Grécia e no Egito - logo depois, também no Império Romano - o estupro passou a ser visto como um "direito dos guerreiros", um prêmio de guerra. O combate a essa ideia só ocorreria no fim da Idade Média. E só apareceria em leis, no século XIX.

Os piores casos de estupro.

É possível criar um ranking dos piores casos de estupro? Muito difícil. Uma tarefa que ficará "manca" sem a menor dúvida. Mas há especialistas que criaram essa lista. Afirmam que o pior estupro foi o que ocorreu em Nanking, quando os japoneses invadiram a China. Outro caso, menos conhecido no Ocidente, foi o estupro coletivo quando da luta pela independência de Bangladesh do Paquistão. Mas, um dos mais odiosos, foi o ocorrido no Congo, quando até bebês foram estuprados.

Ainda há história de altíssima perversidade. Na Líbia, por exemplo, algumas tribos matam as mulheres que foram estupradas. Entendem que são símbolos de desonra.

Mais coragem que por uma arma nos ombros e ir para a guerra.

Temos a obrigação de reconhecer que o estupro é um comportamento-crime que está profundamente incrustado em nossa natureza. Sempre esteve conosco. Se não admitirmos essa vergonhosa verdade, não tomaremos as medidas necessárias para a prevenção, a melhor maneira de combatê-los.

CREDITO: CGNews

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