Wilson Aquino*
ImprimirRelacionamento humano não é fácil. É muito difícil. A vida conjugal então, onde o homem e a mulher que resolvem se unir pelos laços matrimoniais por toda uma vida, ou pela eternidade, como acreditam os santos dos últimos dias (SUD), realmente não é uma tarefa fácil. Exige muita paciência, compreensão e, acima de tudo, muita renúncia de ego, do “eu”, para que a consciência de que agora os dois são um, passe a se tornar de fato uma boa e agradável realidade.
Lamentavelmente tenho observado grosseria e estupidez do homem no trato com suas mulheres. Muitos não medem as ofensas e maus tratos mesmo diante dos filhos, da família. Por isso me curvo para escrever e registrar mensagem de alerta ao homem para que reflita sobre seus atos e dobre seu orgulho, sua arrogância e admita que erra no trato e no relacionamento com sua esposa, quando levanta a voz e a ofende com palavras grosseiras.
Dia desses testemunhei a exaltação de um marido que, de público, retrucou a esposa e bradou em alto som não só para ela como para todos à sua volta ouvirem: “...eu sou assim! Você me conheceu assim e assim vou continuar sendo assim até morrer”. A esposa, com olhar cheio de lágrimas e vergonha, se recolheu em si para não acalorar ainda mais o desentendimento. Eles se foram, mas deixaram uma profunda tristeza em todos ali, que lamentavelmente testemunharam uma família desestruturada.
Sua frase, entretanto, continuou ecoando em minha mente onde logo se formou uma opinião: quanta besteira e ignorância proferida por aquele homem e por tantos outros que se manifestam da mesma maneira em semelhantes discussões todos os dias.
Ignorância sim! Pois não é verdade que não podemos mudar o que sempre fomos. Graças ao livre arbítrio que Deus concedeu aos homens, podemos não só fazermos escolhas de caminhos que desejamos trilhar, como também temos a capacidade de fazermos autoanálise para mudarmos ideias, pensamentos e procedimentos que desejarmos.
No caso daquele homem, se amasse sua esposa e sua família, poderia lutar para conseguir a mudança necessária para que elas tivessem sempre o melhor dele e não o pior.
Um grande conselho de Deus e que está nas Escrituras Sagradas é de que devemos “orar e vigiar” nossos atos e ações para nos tornarmos pessoas melhores. Vigiar, serviria muito para o referido caso. Ou seja, podemos e devemos refletir sobre quem somos e como somos e fazermos os devidos ajustes para que possamos nos tornar melhores.
Ser um marido especial no trato com a esposa; no controle das palavras proferidas, impedindo que saiam pronúncias que denegridem e entristecem o cônjuge, a família, as pessoas ao redor.
O homem precisa se conscientizar dessas coisas e ser mais tolerante e medidor rigoroso de seus atos e ações e tratar melhor, com amor e carinho seu cônjuge, sua família.
Como filhos especiais de Deus que somos (todos nós), temos sim a capacidade de lutarmos contra nós mesmos e exigir (de nós) que o melhor do que somos se aflore.
Dia desses um amigo veio me confidenciar que há duas semanas não conversava “direito” com sua esposa porque haviam discutido por motivos fúteis e ela o havia ofendido. Disse que alquilo estava “matando-o” mas que não daria o braço a torcer pois estava com a razão. Me pediu conselhos e então contei-lhe sobre uma entrevista dada pelo poeta Ferreira Goulart a uma jornalista em que fazia um balanço de sua vida e carreira profissional. Em certa altura da entrevista falou exatamente sobre um tempo de sua vida em que ficava “emburrado” com sua jovem esposa.
Contou que ficava assim por vários dias, sem conversar, na esperança de que ela viesse a se desculpar e reconhecer que era ele quem estava com a razão. Um dia ele concluiu que seus (longos) cabelos brancos e sua idade (acima dos 70 anos) não permitiam aquele procedimento, a perda de um “preciosismo tempo”. No final, ele proferiu a frase que nunca mais esqueci e que a tenho repetido sempre que possível: “... a partir de agora não quero mais ter razão, quero é ser feliz” e como disse, nunca mais perdeu tempo “emburrado” e passou a conviver melhor com a esposa, mesmo diante das diferenças de ideias e pensamentos.
Aconselho o mesmo ao homem, que ore pela ajuda de Deus para que seu lar seja um lugar de paz, alegria, harmonia e prosperidade e que possa sempre vigiar, de fato, seus atos e ações e dobrar, quantas vezes forem necessárias, seus maus hábitos e más ações para que o cônjuge sinta mais prazer e alegria de viver em família e em sua companhia.
*Jornalista, Professor e Cristão SUD