Sábado, 23 de Novembro de 2024
Coxim
28/11/2013 11:00:22
Na região norte, portadores de necessidades especiais tem uma chance por ano para tirar CNH
Esforço, dedicação, uma longa espera, um único veículo adaptado e outras tantas dificuldades que vão além das provas e exames necessários para tirar a habilitação.
Foto: EMS
Esforço, dedicação, uma longa espera, um único veículo adaptado e outras tantas dificuldades que vão além das provas e exames necessários para tirar a habilitação. Esta é a realidade de deficientes físicos que deixaram de lado as adversidades e foram em busca da tão sonhada CNH (Carteira Nacional de Habilitação).nbsp; Ao tirar a primeira CNH, o portador de deficiência frequenta aulas teóricas e práticas como qualquer candidato na cidade em que mora, passa por um exame médico e a prova prática é feita em Coxim por uma banca especial, com supervisão do CRT (Conselho Regional de Trânsito), como está acontecendo nesta quinta-feira (28). Para o professor Alexandre Lopes, de 37 anos, o teste deveria ser realizado com mais frequencia, já que só é feito uma vez por ano para pessoas com necessidades especais, “hoje em dia a região norte conta apenas com um instrutor e um veículo adaptado para realizarmos as aulas e a prova prática, além disso, temos que esperar o ano inteiro para uma única oportunidade de tirar uma CNH”, explicou Lopes.nbsp; No caso de Mato Grosso do Sul, o Detran (Departamento de Trânsito) oferece aulas práticas gratuitas. Em qualquer outro lugar do país o cadeirante ou o individuo com qualquer tipo de necessidade de adaptação, precisa procurar, por conta própria, uma autoescola convencional e ainda pagar por todo o processo, inclusive taxas de serviço do Detran. Há cinco anos o instrutor Piu de Araújo Filho, de 59 anos, capacita alunos com necessidades especiais. De acordo com ele, neste período foram 401 alunos aprovados e nesta quinta-feira (28), outros seis estão em Coxim para realizar o teste. Segundo o Detran, a fila de espera pelas aulas e provas conta com uma média de 100 pessoas. Para atender todas elas, existe um único funcionário.

Conforme os números do Detran e opinião dos próprios cadeirantes, a demanda cresce aceleradamente. O avanço da tecnologia é um dos principais fatores. Hoje é mais acessível e mais barato adquirir um carro com preço diferenciado e providenciar a devida adaptação. A secretária Samantha da Costa de Carvalho, de 21 anos, veio de Pedro Gomes para realizar a prova prática, “ao tirar minha CNH estarei superando mais uma vez os meus limites” destacou.

Vítima da poliomielite quando criança, o ex guia de pesca, Ariomar Nunes de Souza, de 49 anos, não deixou que a paralisia das pernas o impedisse de se locomover. Há alguns anos ele adaptou partes de uma moto e partes de uma bicicleta criando um veículo que pudesse levá-lo de um lado pro outro da cidade. “Eu mato um leão por dia pra me locomover em Coxim, além da minha baixa condição financeira ainda conto com a falta de respeito de muitos motoristas, mas a vida é assim mesmo, você tem que se adaptar ao mundo, e agora com minha CNH em mãos e devidamente legalizado para enfrentar o trânsito, me sinto mais aliviado e livre para sair por ai”, finalizou ele.

Até janeiro de 2014, o Detran vai criar uma cartilha para orientar os cadeirantes sobre todo o processo para ter a habilitação. O órgão também já está em estudo para reduzir a fila de espera e obter novas parcerias. Mas, ainda não há previsão para contratação de novos funcionários. Enquanto isso, os portadores de necessidades especiais ficam a mercê do sistema imposto a eles.*Com informações do Mídia MS
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