Sexta-Feira, 18 de Abril de 2025
Cultura
10/06/2012 08:06:37
Dilma, escritores e colegas lamentam a morte de Ivan Lessa
Jornalista e cronista morreu na sexta, 8, em sua casa em Londres. Lessa fez parte do grupo que criou o jornal "O Pasquim", em 1969.

G1/PCS

Imprimir
\n \n A presidente Dilma Rousseff,\n artistas e colegas lamentaram neste sábado (9) a morte do jornalista, cronista\n e escritor Ivan Lessa, de 77 anos. Dilma disse, em nota, que "Lessa foi um\n escritor indomável. Foi irônico, mordaz, provocador, iconoclasta e surpreendentemente\n lírico – acima de tudo brilhante no trato com as palavras" (leia\n íntegra ao final da reportagem).\n \n Lessa morreu na sexta (8) em\n sua casa em Londres, mas a morte só foi divulgada neste sábado. Filho dos\n escritores Origenes e Elsie Lessa, nasceu em São Paulo e foi criado\n no Rio. Com Ziraldo, Millôr Fernandes, Tarso de Castro e Jaguar, fez parte do\n grupo que criou o jornal "O Pasquim", em 1969. Inspirado em Sigmund Freud, deu o\n nome de Sig ao ratinho símbolo do jornal.\n \n Morava em Londres desde 1978\n e, de lá, escrevia suas crônicas - em geral, criticas aos problemas do Brasil.\n Escrevia três colunas por semana para a BBC Brasil (os textos eram publicados\n por outros veículos).\n \n Segundo a viúva, Elizabeth\n Fiuza, Lessa sofria de enfisema pulmonar e tinha problemas respiratórios\n graves, mas o motivo da morte ainda não é conhecido. O corpo do escritor será\n cremado em Londres, em data e local ainda não definidos.\n \n "Era uma pessoa com\n muita sensibilidade, extremamente e às vezes assustadoramente inteligente",\n disse Elizabeth, em reportagem exibida no Jornal Nacional.\n \n A viúva contou que, ao\n chegar à noite em casa, encontrou Ivan Lessa morto em seu escritório. Ela\n estima que ele tenha morrido entre as 16h e as 18h30, pelo horário local.\n \n Para Elizabeth, a morte não\n foi uma surpresa. Nos últimos tempos, Lessa tinha dificuldades para sair e havia\n montado uma estrutura em casa para não precisar ser hospitalizado, o que não\n queria.\n \n Ela conta que Lessa se\n queixava de falta de ar e dizia que não queria viver, mas continuava\n trabalhando. Ele enviava três crônicas semanais para a BBC Brasil.\n \n Um dia antes da morte, ele\n mandou sua última coluna, publicada nesta sexta. No texto, lembrou das frases\n de um humorista francês sobre a morte. E ironizou: "Roncar, nunca mais.\n Nem eu nem ninguém ao meu lado".\n \n “Pasquim”
\n Ivan Pinheiro Themudo Lessa nasceu em 9 de maio de 1935, em São Paulo, mas foi\n criado no Rio. Ele era filho do escritor Orígenes Lessa e da escritora e\n cronista Elsie Lessa, que escrevia no jornal "O Globo".\n \n Ivan\n Lessa trabalhou e colaborou com vários órgãos de imprensa, como a TV Globo, as\n revistas "Senhor", "Veja" e "Playboy" e os\n jornais "Folha de S. Paulo", "Estado de S.Paulo",\n "Jornal do Brasil" e "Gazeta Mercantil". Também atuou como\n publicitário.Foi fundador, em 1969, e um dos principais colaboradores do jornal\n crítico e satírico "O Pasquim", durante os anos de resistência à\n ditadura militar brasileira.\n \n No\n "Pasquim", ele escreveu, entre outras, as colunas "Gip! Gip!\n Nheco! Nheco!", "Fotonovelas" e os "Diários de\n Londres". Ele também criou, em parceria com o cartunista Jaguar, o ratinho\n Sig, símbolo da publicação, inspirado em Sigmund Freud.\n "O Sig virou marca registrada do Pasquim. Ele sacaneava os intelectuais de\n Ipanema, seria uma espécie de Grilo Falante do bairro", descreveu em uma\n entrevista.\n \n Lessa\n publicou os livros "Garotos da Fuzarca" (contos, de 1986), "Ivan\n vê o mundo" (crônicas, de 1999) e "O luar e a rainha" (2005).\n Também trabalhou como tradutor.\n \n O\n escritor, que conheceu o Reino Unido em 1968, morava desde janeiro de 1978 em\n Londres, e pouco voltou para o Brasil desde então. Ele e Elizabeth Fiuza\n ficaram juntos por 39 anos e tiveram uma filha, Juliana, hoje com 36 anos. Ela\n mora em Kent, na Inglaterra.\n \n Mainardi e Caruso lamentam morte
\n O jornalista Diogo Mainardi, que conheceu o jornalista no início de sua\n carreira, considerava Ivan Lessa seu tutor intelectual. De Veneza, onde vive,\n Mainardi gravou um depoimento em vídeo, exibido no Jornal Nacional. "Ivan\n Lessa foi o melhor escritor brasileiro. Ele foi o melhor escritor brasileiro\n até o fim, até sua última crônica, quando ele precisava de uma bomba de oxigênio\n para poder respirar. Com sua morte, quem fica sem oxigênio é o Bananão, como\n ele chamava debochadamente o Brasil", disse.\n \n Amigo\n desde a época do Pasquim, o jornalista Chico Caruso lembrou que o último\n encontro com Ivan foi uma despedida. “Uma hora ele disse: “Agora, eu vou\n levantar, vou sair por aquela porta e não vou olhar para trás”. Ele fez isso,\n exatamente”, contou.\n \n Dilma Rousseff
\n Leia a seguir a\n nota da presidente divulgada no Blog do Planalto: "Ivan Lessa foi um\n escritor indomável. Foi irônico, mordaz, provocador, iconoclasta e\n surpreendentemente lírico – acima de tudo brilhante no trato com as palavras.\n Sua contribuição à resistência democrática está registrada nas páginas do\n Pasquim, um espaço de liberdade e crítica que Ivan e seus companheiros souberam\n abrir, com humor e astúcia, para toda uma geração de brasileiros, num momento\n em que isso parecia impossível. O Brasil perde um de seus cronistas mais\n talentosos".
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias