Agência Brasil/PCS
ImprimirA Mostra de Cinema de Tiradentes carrega em sua história a defesa da descentralização de produções do cinema nacional. Com 102 filmes em sua programação, sendo 72 curtas-metragem e 30 longas, a 21ª edição contempla 14 estados e mais o Distrito Federal. Significa que mais da metade das unidades da federação estão representadas no evento, que teve início na sexta-feira (19) e vai até o próximo sábado (27).
Por outro lado, olhando apenas para a seleção dos 72 longas-metragens, três estados dominam a programação, com 76% do total de exibições: São Paulo com 12 títulos, Rio de Janeiro, com 6, e Minas Gerais, com 5. De acordo com Cléber Eduardo, que divide a curadoria dos longas com Lila Foster, o festival reflete a produção e estados que mais investem no audiovisual acabam se sobressaindo.
“Proporcionalmente, São Paulo tem menos filmes selecionados do que foram inscritos. O que acontece é que há hoje em São Paulo mecanismos como a SPCine, que fez explodir a produção de curtas e longas-metragens. Historicamente, o Rio de Janeiro geralmente é o estado com maior número de produções. Mas nos últimos três ou quatro anos, São Paulo ultrapassou e Minas está chegando também por meio de novos instrumentos. Mas em outros estados, a quantidade de produções que chega ainda é baixa”.
Segundo Cléber Eduardo, a mostra não estabelece uma cota regional a priori e o objetivo os curadores é sempre, em primeiro lugar, garantir uma programação forte. No entanto, ele cita o exemplo de Imo, uma produção de Juiz de Fora (MG) que participará da Mostra Aurora, dedicada a cineastas em início de carreira.
“De repente você está fechando a programação e tem quatro filmes de qualidade semelhante: um de São Paulo, um do Rio de Janeiro, um de Belo Horizonte e um de Juiz de Fora. Nós sabemos que pra produção audiovisual de Juiz de Fora, uma seleção como essa vai fazer diferença. Então é o valor de cada filme, mas também a reverberação que ele produz ao ser exibido em Tiradentes”.
A coordenadora-geral da Mostra de Tiradentes, Raquel Hallack, também considera que as políticas públicas implementadas pelos estados vão influenciar no evento. “Nós já tivemos Minas Gerais com pouquíssima produção. Já tivemos São Paulo com pouca produção. E a nossa programação é muito reflexo das políticas públicas. Pernambuco estava bastante presente, Ceará e Paraíba. Esse ano, temos essa presença de Minas Gerais e São Paulo, que são estados que estão investindo em produções. Em Minas Gerais, por exemplo, a atual gestão do governo investiu mais de R$30 milhões no audiovisual”, disse.
Além dos filmes, a Mostra de Cinema de Tiradentes traz em nove dias de evento diversos debates, intervenções e performances artísticas, apresentações musicais e outras atividades, todas gratuitas. A 21ª edição do festival se debruça sobre a temática “chamado realista”. Também está sendo celebrado o aniversário de 300 anos da cidade mineira. O evento é produzido pela Universo Produções, com apoio do Ministério da Cultura.