Exame/PCS
ImprimirO ano está acabando e muita gente já começa a fazer planos para 2017. E se a intenção no novo ano é comprar uma franquia, é importante estar atento às do setor para o próximo período.
Por isso, conversamos com especialistas em franchising para descobrir o que deve estar em alta no ano que vem. Alguns acreditam que 2017 deve marcar o início de uma retomada na economia, o que pode trazer algum alento para quem sonha em empreender.
“Entendemos que no ano que vem deva haver uma retomada na economia, não a todo vapor, mas devemos ter uma performance melhor do que a deste ano no setor de franquias”, afirma Altino Cristofoletti, vice-presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising).
Assim como em outros setores, no franchising um dos pontos de atenção para 2017 é a busca por atender uma nova geração de consumidores.
“Muita atenção para o que essa nova geração quer. Eles querem compartilhar, se divertir, querem propósito. E os negócios têm que ter isso”, afirma a especialista em franquias Claudia Bittencourt.
Para Melitha Novoa Prado, consultora no tema, essa nova forma de se relacionar também afeta a relação das franqueadoras com os franqueados. “Tenho grandes dúvidas se vamos sobreviver no modelo de franchising antigo de ‘eu sei tudo e você não sabe nada’. Os relacionamentos estão mudando”, analisa.
Mas atenção: não é uma boa ideia investir numa franquia apenas levando em conta o momento da economia ou a tendência do momento.
“A decisão de entrada no franchising não deve ser em função daquilo que está no centro das atenções, mas sim em função daquilo com que a pessoa tem mais afinidade”, alerta Cristofoletti.
Agora que você já está avisado, veja abaixo 12 tendências do franchising para 2017.
1 – Alimentação saudável
Essa é uma tendência que parece ter vindo para ficar (pelo menos pelo próximo ano). A onda dos alimentos orgânicos, sem glúten ou lactose tem espaço para crescer, inclusive para animais, afirma Claudia Bittencourt.
“Hoje existe uma infinidade de negócios nesse ramo, e alguns como franquia. Também começaram a surgir agora empreendimentos voltados para cachorros com restrição alimentar. É um setor que ainda deve crescer”, completa.
2 – Terceira idade
Outra tendência parece ter vindo para ficar é a de serviços voltados para a terceira idade. Afinal, nossa população está envelhecendo e os idosos têm buscado cada vez mais qualidade de vida.
“Os negócios para essa população vão crescer muito. E um nicho que tem bastante potencial é o daqueles que buscam unir saúde com algo mais prazeroso, como pilates ou yoga para idosos”, afirma a especialista.
Afinal, assim como os jovens não querem mais apenas consumir, os idosos também estão em busca de algo mais do que apenas uma sessão de fisioterapia.
3 – Economia compartilhada
O modelo de negócio do Uber e do Airbnb, em que a pessoa usa algo que ela já tem para gerar renda, também tem chamado a atenção dos empreendedores e pode ser inspiração para novas franquias. Tudo isso, é claro, aliado ao uso da tecnologia.
“É o conceito de que a posse já não faz tanto sentido, se há a possibilidade de compartilhar e usufruir de um bem ou serviço com outras pessoas”, analisa Claudia.
A consultora Melitha Novoa Prado concorda: “Estou vendo muitas ideias que trazem a forma de negócio do Uber, da tecnologia com economia compartilhada, para o modelo de franquia”. Por este modelo, o franqueado pode trabalhar num determinado território, por exemplo.
4 – Serviços
Nos últimos anos tem crescido o número de franquias no setor de serviços e essa tendência deve continuar em 2017, segundo os especialistas. “Essa é a grande tendência. Negócios do setor de serviços e muita coisa home-based”, afirma Altino Cristofoletti, da ABF.
“Setores como manutenção, diarista, contabilidade, compra de supermercado são alguns exemplos. São modelos em que o franqueado tem o papel de microempresário”, afirma Melitha.
Porém, a consultora alerta para o retorno que esses negócios oferecem ao franqueado. “É um modelo que tem a vantagem de ser mais barato, mas a desvantagem é que talvez o empreendedor não alcance o sucesso financeiro que ele almeja”, pondera. Portanto, muita atenção para os números do negócio antes de embarcar em franquias do tipo.
5 – Marketing digital
Dentre as franquias de serviços há aquelas que são focadas especificamente em marketing digital. Afinal, se existe algo que vem modificando a forma como as pessoas se comunicam hoje, esse algo são as redes sociais.
“Hoje no Brasil existe mais celular do que gente, e grande parte desses aparelhos são smartphones. Portanto, ainda existe muito espaço para os negócios de marketing digital. Ainda tem muita coisa para ser descoberta e muitas ideias disruptivas vindo por aí”, afirma Cristofoletti, da ABF.
6 – Beleza
O setor de beleza é um dos maiores dentro do franchising. Por isso, pode ser uma boa aposta para 2017. “É um setor que vem se desenvolvendo mesmo na crise. Talvez não com o mesmo desempenho que tinha antes, mas tem mantido resultados interessantes”, afirma o vice-presidente da ABF.
Dentro deste segmento, uma possível tendência é a dos negócios focados no público masculino. “Esse é um setor que sempre foi muito voltado para as mulheres, então talvez o foco nos homens seja uma oportunidade maior. Temos visto surgirem as barbearias retrôs, por exemplo”, aponta.
7 – Conserto de veículos
Com a crise econômica, a venda de veículos novos sofreu um forte impacto. Porém, se as pessoas estavam menos dispostas a comprar um carro novo, elas precisaram dar um jeito de manter o velho. Resultado: mais serviço para o setor de conserto de automóveis.
Para Cristofoletti, essa tendência deve se manter no próximo ano. “As pessoas ficaram mais preocupadas em manter seus carros, então houve um desenvolvimento dessa área de serviços relacionados a veículos. Isso deve ter uma continuidade”, afirma.
8 – Cross selling
Outro movimento interessante é o da união de marcas interessadas no mesmo consumidor. É o caso das cafeterias dentro de livrarias, por exemplo.
“Acredito que dentro do franchising devem começar a acontecer mais negócios cruzados. Talvez quiosques de alimentos saudáveis dentro das academias, por exemplo”, afirma Cristofoletti.
Outro exemplo é o da LoveBrands, franquia que une em uma só loja produtos de três marcas diferentes: Balonè, Imaginarium e Pucket. O foco da rede são cidades que não possuem lojas dessas marcas.
9 – Cursos profissionalizantes
Ainda como consequência da crise econômica, um setor que tem potencial para crescer é o dos cursos profissionalizantes.
O mercado de trabalho está mais difícil, então a pessoa busca um curso com alguma especialidade para conseguir se recolocar”, afirma Cristofoletti.
10 – Comida em casa
Outro setor que pode ser interessante é o de negócios de alimentação que facilitem a vida do consumidor, e ao mesmo tempo caibam no bolso.
“As pessoas têm estado menos em casa, e isso exige uma alimentação fora, ou ainda algo que ele possa levar para casa e que facilite a sua vida. Podem ser congelados, ou ainda um serviço em que a pessoa compre por porção”, indica o vice-presidente da ABF.
11 – Hamburguerias
E se o foco é mais na alimentação fora de casa, uma dica é ficar de olho na tendência das hamburguerias. “Estão abrindo várias hamburguerias agora. O consumidor está buscando outro tipo de alimentação e os shoppings também estão em busca de novos negócios para a praça de alimentação”, afirma a consultora Melitha Novoa Prado.
“Antes hambúrguer era só Burguer King e Mac Donald’s. Ou então aquelas lanchonetes de bairro. Agora tem essas tipo butique, que não são tão fast food. É um negócio que tem tudo para dar certo”, continua.
Porém, a consultora alerta que todo nicho que cresce muito rápido, como paleterias e iogurterias, tem a tendência de não se sustentar no longo prazo. Portanto, vale ficar atento antes de comprar uma franquia do tipo.
12 – Novas academias
Você também já deve ter visto por aí novas academias – mais enxutas e mais baratas. Pois essa também pode ser uma tendência interessante para o próximo ano. “São academias menores, mais acessíveis e que permitem ao aluno usar os meios digitais para marcar aula, por exemplo”, afirma Melitha.
“Ninguém mais quer ter aquele compromisso de mensalidade com a academia, as pessoas querem marcar a hora que puderem. Então esse modelo de negócio atende a essa demanda de um público mais jovem”, completa.