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Economia
11/11/2016 10:13:00
Após disparada de 5% ontem, dólar avança 3,15% e encosta em R$ 3,50

G1/LD

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Após a disparada de 5% de ontem, o dólar comercial abriu com forte valorização e encostrou em R$ 3,50 — avançou 3,86% às 9h26, vendido a R$ 3,493. Na máxima, a moeda chegou a R$ 3,498. Mas, pouco antes do leilão prometido pelo Banco Central, desacelera a alta: às 10h, a moeda ganha 2,61% e é cotada a R$ 3,45. A autoridade monetária deve vender US$ 750 milhões em contratos de swap cambial tradicionais entre 11h30 e 11h40.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em queda de 1,45%, a 60.318 pontos. Ontem, a Bolsa brasileira fechou com desvalorização de 3,2%, maior recuo em dois meses. Com a depressão que se seguiu à vitória de Trump, o valor de mercado das empresas listadas caiu R$ 71,6 bilhões entre anteontem e ontem.

Ontem, ainda sob o efeito da vitória de Donald Trump na corrida presidencial americana, o dólar teve forte valorização e chegou a avançar 5,6%, a R$ 3,391, para ceder um pouco no fim dos negócios e fechar a R$ 3,360, com alta de 4,64%. Foi a maior alta da moeda desde 22 de outubro de 2008, quando disparou 6,68% no meio da crise financeira global. A última vez que a moeda americana alcançou este patamar foi em 27 de junho, quando encerrou o dia em R$ 3,393. O dólar ficou em alta desde a abertura dos negócios. Diante da possibilidade de elevação de juros nos EUA, investidores passaram a retirar seus recursos do país. Além disso, houve fluxos de saída para cobrir prejuízos em outras partes do mundo.

Na Bovespa, Petrobras opera em queda, depois de anunciar prejuízo. As ações ON (ordinárias, com direito a voto) perdem 1,78%, a R$ 17,03, e as PN (preferenciais, sem direito a voto), 3,03%, a R$ 15,03.

O setor bancário, o mais importante do Ibovespa, tem um dia de perdas. Banco do Brasil perde 3,2%. Bradesco, 1,4%. Itaú, 1,25%.

Beneficiada pela alta do dólar no Brasil e a disparada do minério de ferro no mercado internacional, Vale tem alta alta de 2,08% (ON) e 2,48% (PN). O minério de ferro avançou 7,68% no porto de Qingdao, na China. Em cinco dias, a commodity acumula ganho de 22,78%.

Grandes exportadoras continuam subindo na esteira da disparada do dólar. Suzano avança 5,89%. Fibria, 4,77%. Klabin, 2,14%.

O “efeito Trump” teve forte impacto no valor de mercado das companhias listadas na Bovespa. Na quarta-feira (9), elas somavam R$ 2,46 trilhões. Ontem, fecharam com valor de R$ 2,39 trilhões, conforme a provedora de dados Economática.

INTERVENÇÃO DO BANCO CENTRAL

Depois do fechamento do mercado, ontem, o Banco Central anunciou a retomada das intervenções no mercado, interrompidas para evitar pressão adicional no câmbio. A autoridade monetária voltará a ofertar contratos de swap cambial tradicionais, que equivale a uma venda de moeda americana no mercado futuro e, por isso, funciona com um seguro contra a alta nas cotações. No entanto, a autarquia indicou que isso é momentâneo, e a estratégia de zerar os estoques de swaps no mercado continua.

Até então, a autoridade monetária colocava os chamados swaps reversos no mercado para evitar uma queda excessiva do dólar. Desde a vitória de Trump, contudo, esse tipo de leilão foi suspenso. Agora, o BC achou importante deixar o mercado com uma sensação de mais dólares na praça e renovar US$ 6,5 bilhões de contratos que venceriam no início do mês. “Avaliando as atuais condições de mercado, o Banco Central decidiu iniciar amanhã, dia 11 de novembro, a rolagem dos contratos de swap cambial tradicional que vencem no próximo dia 1º de dezembro”, disse o BC em nota. “Vencem nessa data o montante equivalente a US$ 6,490 bilhões. Caso a rolagem seja integral, o estoque de swaps cambiais será mantido em um valor equivalente a US$ 24,106 bilhões”.

A estratégia do BC era zerar esse estoque. No ano passado, o BC chegou a ter R$ 426,8 bilhões em swaps tradicionais no mercado. Atualmente, esse valor é de R$ 93,8 bilhões. Para diminuir, o Banco Central aproveitou a queda do dólar para oferecer swaps reversos e não rolar os contratos antigos. Por isso, a queda foi tão rápida.

MERCADOS ASIÁTICOS

Os mercados chineses atingiram nova máxima de dez meses nesta sexta-feira, com a alta nos setores de matérias-primas e infraestrutura ajudando a elevar a confiança em todos os setores. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,78% e o índice de Xangai também teve alta de 0,78%, para 3.196 pontos, a máxima desde 8 de janeiro. Essa foi a quinta semana seguida de alta, com crescente convicção de que a economia chinesa está se estabilizando. O iuan chinês se enfraqueceu pelo segundo dia consecutivo e os operadores se preparam para uma maior depreciação em meio à crescente incerteza sobre as políticas dos EUA, particularmente em relação ao comércio com a China.

Vendas generalizadas atingiram o restante da região, com os investidores temendo que juros mais altos nos EUA com Trump provoquem saídas de capital da região.

O índice MSCI, que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão, recuava 1,64%. Em Tóquio, o Nikkei avançou 0,18%. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 1,35%.

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