G1/LD
ImprimirA indústria brasileira avançou 13,1% em junho frente a maio, na série com ajuste sazonal, eliminando as perdas provocadas pela greve dos caminhoneiros no mês anterior, divulgou nesta quinta-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esta foi a maior alta da série histórica, iniciada em 2002, destacou o IBGE. O resultado, entretanto, veio abaixo das expectativas. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam, na média, alta de 14,1% na variação mensal.
Em maio, a indústria tinha registrado um tombo de dois dígitos na comparação com abril, a maior queda desde dezembro de 2008. O IBGE revisou o resultado de maio, de uma queda de 10,9% para um tombo de 11%., quando a paralisação de caminhoneiros levou desabastecimento a empresas e residências de todo o país, além de perdas para a agricultura.
Na comparação com junho de 2017, a indústria cresceu 3,5% em junho de 2018. No acumulado em 12 meses, a alta é de 3,2%, ante 3% no acumulado em 12 meses até maio, indicando retomada da trajetória de recuperação do setor. O ritmo, porém, segue abaixo do registrado nos 12 meses encerrados em abril, quando o avanço foi de 3,9%.
No fechamento do 2º trimestre, o avanço é de 1,7% na comparação com a mesma etapa do ano passado. Já na comparação com o 1º trimestre, a indústria apresentou queda de 2,5%, após alta de 0,3% no 1º trimestre contra o 4º trimestre de 2017.
No acumulado do ano, a produção industrial tem alta de 2,3%. Com o resultado de junho, o patamar da produção industrial do país retornou a um nível próximo ao de dezembro do ano passado, mais ainda segue abaixo do observado até meados de 2015.
22 dos 26 ramos pesquisados têm avanço
Dos 26 ramos industriais pesquisados, apenas 4 não registraram avanço da produção na passagem de maio para junho: coque e derivados de petróleo, produtos farmacêuticos, impressão e reprodução de gravações e equipamentos de transporte.
Segundo o IBGE, as principais influências positivas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (47,1%) e produtos alimentícios (19,4%). Outros destaques no mês fora os setores de bebidas (33,6%), móveis (28,5%) e produtos minerais (20,8%).
Entre as grandes categorias, a de bens de consumo duráveis teve a maior expansão, ao avançar 34,4% na comparação com maio, influenciada, em grande parte, pela maior produção de automóveis. Esse crescimento foi o mais intenso desde o início da série histórica e reverteu a perda de 26,1% observada em maio.
No ano, o destaque também é o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias com avanço acumulado de 18,3%.
Os demais setores também eliminaram os recuos registrados em maio. No de produtores de bens de capital a alta foi de 25,6%, no de bens de consumo semi e não-duráveis, 15,7%, e no de bens intermediários, 7,4%.
Perspectivas
Pesquisa divulgada na véspera pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que o faturamento da indústria e as horas trabalhadas na produção, assim como o emprego industrial, registraram crescimento no 1º semestre de 2018, algo que não acontecia há quatro anos nesse período. A entidade destacou, entretanto, que ritmo de crescimento ainda não compensou perdas com recessão dos últimos anos.
Com a recuperação da economia em ritmo mais lento que o esperado, desemprego ainda elevado e confiança dos empresários ainda baixa diante das incertezas em relação às eleições, a expectativa dos analistas é de uma trajetória de crescimento gradual e moderado da industrial.
"O ambiente de incerteza econômica e política freia o ímpeto de investir e de consumir no Brasil e isso não pode ser desconsiderado", afirmou o economista André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, segundo a Reuters.
Pesquisa Focus mais recente do Banco Central, que ouve cerca de uma centena de economistas todas as semanas, mostrou que as expectativas para o crescimento da economia para este ano estão em 1,50%, metade do que era esperado alguns meses antes. O próprio governo federal reduziu recentemente sua previsão de crescimento do PIB neste ano de 2,5% para 1,6%. Até maio, estava em 2,97%.