Correio do Estado/LD
ImprimirAlém dos prejuízos para as lavouras na região sul, as chuvas constantes das últimas semanas estão atrasando a colheita da soja nos municípios do centro-norte de Mato Grosso do Sul, que têm apenas 51% do montante concluído. No ano passado, no mesmo período, a área colhida já chegava a 80%, de acordo com dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famasul). O atraso para retirada do grão do campo também está alongando o período de plantio do milho safrinha, que deveria ter sido concluído no último dia 10.
“Esse ano atrasou muito o plantio da soja na região por conta de chuvas na época”, lembra o analista da Federação, Leonardo Carlotto. Além do alongamento no período de plantio, as chuvas constantes das últimas semanas têm atrapalhado o trabalho de colheita no campo. “Estamos atrasados, já era para ter terminado a colheita se não fossem as chuvas recentes. Está chovendo todo dia, não para e aí não dá para trabalhar, não conseguimos entrar no campo”, diz o presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Julio Cesar Bortolini.
No município, ele diz que entre 70% e 75% da área foi colhida até agora. Em relação a produtividade, Bortolini avalia que ainda é cedo para dizer se haverá redução, mas a estimativa é fechar com média de 55 sacas por hectare.
Na área do produtor Juliano Zimmermann, em Jaraguari, as chuvas do último mês, que trouxeram pragas e doenças para a lavoura, devem reduzir a média final para 48 sacas por hectare. “A gente estava indo bem, com 50 a 52 sacas, mas essa chuvarada e as doenças recentes devem prejudicar o restante que ainda não foi colhido”, diz. Resta cerca de 40% de área para ser colhida.
Entre os municípios da região centro-norte, estão com a colheita mais adiantada Coxim, São Gabriel do Oeste e Sidrolândia, com 70%. Costa Risca vem em seguida, com cerca de 65%, de acordo com a Famasul.
MILHO
Com a colheita atrasada, o plantio do milho safrinha também já passou do prazo recomendado para plantio, até 10 de março, estipulado para evitar as geadas. Em São Gabriel, o presidente do Sindicato acredita que ainda falte plantar em 20% da área destinada para a cultura. “Apesar do atraso, a área total plantada vai ser a mesma. Pode ser que diminua a produtividade lá na frente”, diz.
Zimmermann vai plantar o milho safrinha em 60% de sua propriedade. “É uma área nova, então, não tem capacidade de solo para o plantio em tudo e os custos também aumentaram muito. É muito arriscado”, explica. Até agora, cerca de 90% da sua área foi plantada.
De acordo com a Famasul, a região centro-norte tem cerca de 300 mil hectares destinados para a safrinha. Até agora 52,5% da área central foi semeada e na região norte o plantio chegou a 40% da área.“Os produtores do norte plantam menos safrinha porque chove pouco no período, o que torna arriscado o cultivo. Podemos dizer que 50% da área de soja de vira milho na região. Já no sul, 90% da área de soja vira safrinha”, explica Leonardo.