\n \n O Banco Central anunciou nesta segunda-feira a intervenção no Banco Cruzeiro\n do Sul por problemas na contabilidade e descumprimento a normas do sistema\n financeiro. \n \n Os dirigentes e controladores foram afastados da instituição e o FGC (Fundo\n Garantidor de Crédito) foi nomeado como administrador temporário. Os bens dos\n controladores e dos ex-administradores ficarão indisponíveis. \n \n Segundo o BC, o Raet (Regime de Administração Especial Temporária) tem a\n finalidade de corrigir procedimentos operacionais e eliminar deficiências que\n possam comprometer o funcionamento do banco. O prazo da intervenção é de 180\n dias. \n \n O Banco Cruzeiro do Sul é considerado de pequeno porte e possui autorização\n para operações comerciais, de investimento e cambiais. \n \n A instituição tem 0,22% dos ativos totais do sistema financeiro e 0,35% dos\n depósitos, segundo dados de dezembro de 2011. A sede é em São Paulo e há agências\n no Rio de Janeiro, Campinas, Salvador, Recife, Belém, Macapá e Palmas, além da\n própria capital paulista. \n \n A intervenção não afeta o funcionamento do banco, que pode continuar a fazer\n operações nas áreas em que tem autorização para atuar. O prazo para pagamento\n de dívidas e as datas de vencimento de compromissos de terceiros com a\n instituição também seguem o cronograma original. \n \n O regime especial também vale para os outros negócios do grupo Cruzeiro do\n Sul, como a corretora de valores. \n \n "O Banco Central está tomando todas as medidas cabíveis para apurar as\n responsabilidades, nos termos de suas competências legais de supervisão do\n sistema financeiro", afirma a nota do BC. \n \n Ainda de acordo com a autoridade monetária, os resultados da apuração\n poderão levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e à\n comunicação às autoridades competentes, observadas as disposições legais\n aplicáveis. \n \n O FGC afirmou que levantará um balanço especial para apurar as condições\n econômico-financeiras das instituições do Cruzeiro do Sul e disponibilizou o\n telefone (0/xx/11) 3848-2865 para esclarecer dúvidas dos clientes do banco. \n \n Diante da intervenção, foram interrompidas nesta segunda-feira as\n negociações com os papéis do banco na Bovespa. \n \n Prejuízo\n \n O Cruzeiro do Sul teve prejuízo de R$ 57 milhões no primeiro trimestre, ante\n lucros de R$ 32 milhões no quarto trimestre de 2011 e de R$ 41 milhões um ano\n antes. \n \n O banco vendeu mais de US$ 300 milhões em títulos nos mercados\n internacionais no ano passado, mas essa fonte secou em decorrência da crise de\n dívida que atingiu países da Europa. \n \n O Cruzeiro do Sul foi comprado em 1993 pela família Indio da Costa e no\n mesmo ano ingressou no mercado de crédito consignado. Segundo o site da\n instituição, atualmente, o banco é parte de 337 convênios de crédito consignado\n a funcionários públicos, aposentados e pensionistas no país. \n \n Na semana passada, a instituição confirmou que estava em negociação para uma\n possível venda de suas operações. Segundo reportagem do jornal "Valor\n Econômico", o BTG Pactual seria um dos interessados no negócio. O banco de\n André Esteves afirmou, na época, que analisava constantemente oportunidades de\n mercado. \n \n Outros bancos \n \n Em outubro do ano passado, o BC decretou a liquidação extrajudicial do Banco\n Morada, com base em relatório de interventor que apontou situação de\n insolvência do banco e violação de regras legais. \n \n A liquidação extrajudicial do Morada foi a primeira feita pelo BC desde o\n Banco Santos, em maio de 2005, e ocorreu depois que a autoridade monetária\n detectou em 2010 fraude bilionária em vendas de carteiras do Banco\n Panamericano, que acabou vendido ao BTG Pactual.