Sábado, 23 de Novembro de 2024
Economia
24/05/2018 15:59:00
Bovespa fecha em queda; ações da Petrobras despencam quase 15% após redução no preço do diesel

G1/LD

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O principal índice de ações da bolsa brasileira fechou em queda nesta quinta-feira (24), pressionado pelo recuo das ações da Petrobras, que chegaram a cair perto de 15% com os investidores reagindo mal à decisão da petroleira de reduzir em 10% o preço do diesel por 15 dias, em meio aos protestos de caminhoneiros no país.

O Ibovespa recuou 0,92%, a 80.122 pontos. Na mínima da sessão, o índice recuou 2,28%. Veja mais cotações.

As ações preferenciais da Petrobras (as mais negociadas e com preferência na distribuição de dividendos) e as ordinárias (que dão direito a voto em assembleias da empresa) despencaram 13,71% e 14,55%, respectivamente.

Com o tombo, a Petrobras voltou a perder o posto de maior empresa brasileira de capital aberto em valor de mercado, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica. Por volta das 11h50, a Petrobras estava avaliada na Bolsa em R$ 290,9 bilhões, voltando a ser superada pela Ambev, com R$ 314,4 bilhões. A estatal tinha retomado o posto no dia 10 de maio, após mais de 3 anos, e chegou a superar o valor de mercado de R$ 350 bilhões.

Riscos de interferência política na Petrobras

Os ADRs, recibos de papéis da empresa que são negociados na Bolsa de Valores de Nova York, chegaram a cair 11,32% na véspera, para US$ 13,40, no chamado "after market" (período que sucede o horário regular do pregão), segundo o Valor Online, com os investidores temendo uma volta da ingerência política na empresa e um risco à gestão autônoma que vigora desde o início da presidência de Pedro Parente.

A Petrobras decidiu na quarta-feira reduzir 10% o preço do diesel nas refinarias em meio aos protestos dos caminhoneiros pelo país. "É uma medida de caráter excepcional. Não representa uma mudança de política de preço da empresa", afirmou o presidente da estatal, Pedro Parente. A medida vale apenas para o diesel.

Segundo a estatal, a medida deve resultar em perda de R$ 350 milhões em receita para a companhia.

Analistas cortaram a recomendação dos papéis da companhia, citando preocupação com aumento dos riscos de interferência política na estatal. Entre as casas que rebaixaram a avaliação dos papéis estão Credit Suisse, Morgan Stanley e Itaú BBA, segundo a agência Reuters.

Para o professor do Instituto de Economia e membro do Grupo de Economia da Energia da UFRJ Edmar Almeida, a decisão da Petrobras de abaixar o preço do diesel sinaliza que ela perdeu a autonomia conquistada.

“A ideia da não interferência só é passada se não tiver interferência. E a gente viu que a greve levou o governo a intervir. Isso mina a confiança do mercado”, disse. Para o especialista, a Petrobras terá dificuldade de brigar para manter a política de preços adotada no ano passado. “O mercado já viu que, se congelou o preço por 15 dias, significa que essa política já não vigora mais e que politicamente a empresa perdeu a batalha”.

Almeida acrescentou que o fato de o país estar às vésperas do período eleitoral dificulta ainda mais o quadro para a Petrobras. “Vendo a reação dos políticos de todos os motes ideológicos criticando a empresa por ter adotado um reajuste diário, vai ser muito difícil que ela continue a praticá-lo. A não ser que o preço do barril do petróleo comece a cair. Porque se o reajuste diário for para baixo, não vai ter problema. A reclamação é quando o reajuste é para cima”.

Cenário externo

Na visão do chefe da mesa de renda variável da CM Capital Markets, Fabio Carvalho, a percepção de risco com emergentes vem aumentando e, no Brasil, isso é potencializado pelo quadro eleitoral indefinido, o que abre espaço para incertezas sobre questões regulatórias que necessitam convergência política.

"Se havia dúvida de como o governo reagiria em algum momento de instabilidade, o que aconteceu com a Petrobras e também a Eletrobras nos últimos dias foi uma sinalização não acertada", disse.

Dados sobre o fluxo para o segmento Bovespa também continuam mostrando saída líquida de capital externo. Até o dia 21, o saldo estava negativo em R$ 2,785 bilhões em maio.

Na véspera, a Bolsa fechou em queda de 2,26%, a 80.867 pontos, acumulando perda de 6% no mês.

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