Domingo, 8 de Junho de 2025
Economia
20/02/2013 11:58:17
Casino, controlador do Pão de Açúcar, pede a renúncia de Abilio Diniz
O grupo francês Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar (CBD), pediu nesta quarta-feira (20) a renúncia do empresário Abilio Diniz do cargo de presidente do conselho da maior varejista do país.

Folha/PCS

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\n \n O\n grupo francês Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar (CBD), pediu nesta\n quarta-feira (20) a renúncia do empresário Abilio Diniz do cargo de presidente\n do conselho da maior varejista do país. \n \n O\n pedido aconteceu durante assembleia extraordinária de acionistas, chamada para\n aprovar a substituição de dois membros do conselho indicados por Abilio. \n \n Segundo\n o Casino, a entrada de Abilio na alimentícia BRF --maior empresa de alimentos\n do país, criada após a fusão entre Perdigão e Sadia, em maio de 2009--\n configura um conflito de interesse porque a empresa é uma de suas maiores\n fornecedoras e compete com o Pão de Açúcar em produtos de marca própria. \n \n "A\n presença do Sr. Abilio Diniz nas duas companhias causaria grande desconfiança\n na diretoria, nos demais conselheiros, nos acionistas e demais stakeholders\n (inclusive o acionista controlador). Tal cenário também colocaria a CBD em\n situação desconfortável no seu mercado de atuação, criando problemas de\n interlocução com os seus demais fornecedores relevantes dos produtos também\n fornecidos pela BRF", disse Marcelo Trindade, ex-presidente da CVM\n (Comissão de Valores Mobiliários), que representou o Casino na assembleia. \n \n Apesar\n de não controlar mais o Pão de Açúcar, Abilio Diniz tem cadeira vitalícia como\n presidente do conselho do grupo. O acerto foi feito ainda em 2005, quando\n Abilio vendeu o Pão de Açúcar para o grupo francês e as relações entre os dois\n eram boas. \n \n O\n Casino hoje fala em nome da Wilkes Participações, a holding controladora da\n varejista, que inclui as ações do próprio Abilio Diniz. "O comportamento\n do Sr. Abilio Diniz, desde
\n a assunção do controle isolado pelo Casino em meados de 2012, tem sido o de\n criar turbulência, ignorando o interesse da companhia (...) O Sr. Abilio Diniz\n é um acionista
\n minoritário, que entretanto tenta impor sua presença apenas para obter\n benefícios privados, abusando do seu direito contratual de permanecer como\n presidente do conselho." \n \n O\n pedido da renúncia foi feito como manifestação de voto do Casino, que aprovou\n os nomes de Cláudio Galeazi e Luiz Fernando Figueiredo, indicados por Abilio\n Diniz em substituição a Geyze Diniz e Pedro Paulo Diniz no conselho do grupo. \n \n O caso \n \n Um\n acordo entre fundos de investimento e de pensão com Diniz pode fazer com que\n eles assumam o controle da BRF. \n \n O\n fundo brasileiro Tarpon, que tem 8% das ações com voto da empresa alimentícia,\n e os fundos de pensão entre eles Previ (funcionários do Banco do Brasil) e\n Petros (Petrobras) pretendem assumir o comando da companhia. \n \n Hoje,\n os fundos têm 5 das 10 cadeiras do conselho de administração, com quase 33,4%\n de participação. Esse grupo buscava um investidor para adquirir até 5% dos\n papéis com direito a voto. A ideia é ter a maioria das ações com voto e maioria\n no conselho de administração. Além disso, querem indicar o presidente do\n conselho. \n \n Conforme\n a Folha apurou, o empresário Abilio Diniz poderia ser o novo acionista e\n faria parte desse grupo na chapa que indicará nomes para o conselho. \n \n Essa\n manobra está em curso porque os fundos querem marcar presença na "nova\n era" da companhia após a aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de\n Defesa Econômica) da fusão entre Sadia e Perdigão, em julho de 2011. Liderados\n pelo Tarpon, querem uma gestão agressiva e encontravam resistência. \n \n Queixa \n \n O\n Casino, acionista controlador do Pão de Açúcar, já havia deixado claro a Abilio\n Diniz, após a notícia da negociação, que é incompatível ao empresário manter o\n cargo de chairman do grupo varejista se assumir posição no Conselho da BRF. \n \n Sem\n negar ou confirmar sua intenção de ser o principal nome do Conselho da BRF,\n Abilio teria dito que isso é uma hipótese e que ele não vê conflito de\n interesse no acúmulo dos cargos, segundo uma fonte próxima ao empresário que\n teve acesso ao teor da reunião da holding Wilkes. Abilio também disse ter sido\n consultado por alguns acionistas da BRF. \n \n Os\n representantes do Casino na Wilkes insistiram que haveria conflito de ordem\n comercial no caso de Abilio vir a ser chairman da BRF e permanecer com função\n igual no Pão de Açúcar. \n \n "Há\n uma relação de fornecedor e cliente, que envolve poder de barganha, além da\n relação do Pão de Açúcar com outros fornecedores e da relação da BRF com outros\n clientes", disse à Reuters uma fonte próxima ao Casino sob condição de\n anonimato. \n \n Outro lado \n \n Para\n o empresário Abilio Diniz, não ocorre conflito de interesse no fato de poder\n participar dos dois conselhos. Segundo sua assessoria, não há lei ou\n regulamento que aponte a situação como conflitante, inclusive nos estatutos das\n empresas. \n \n O\n empresário argumenta que a situação se repete em várias companhias brasileiras,\n em que executivos estão nos conselhos de empresas que têm relacionamento\n comercial entre si. A prática desses conselheiros é se abster de votar em\n matérias ou pontos específicos discutidos que possam ser considerados como\n conflitantes.
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