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ImprimirO Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliou nesta quarta-feira (6) que a diminuição de incertezas no âmbito doméstico, decorrente da definição das eleições, baixou os preços de ativos, como o dólar, e isso contribuiu para o controle da inflação.
Na reunião anterior do Copom, em setembro, o dólar operava ao redor de R$ 4,15 por conta de tensões eleitorais e, também, de movimentos especulativos do mercado financeiro. Se a moeda norte-americana permanecesse nesse nível, isso poderia gerar pressões inflacionárias, pois os insumos e produtos importados ficariam mais caros.
Entretanto, na semana passada, com o cenário eleitoral mais claro, o dólar já havia recuado para o patamar de R$ 3,70.
"Não obstante essa melhora, os membros do Copom concluíram que os riscos altistas para a inflação seguem com maior peso em seu balanço de riscos", acrescentou o BC, por meio da ata de sua última reunião, realizada na semana passada, quando a taxa básica de juros foi mantida estável na mínima histórica de 6,50% ao ano.
As instituições financeiras estimam, atualmente, que os juros básicos deverão permanecer em 6,50% ao ano até o fim de 2018. Para o fechamento do próximo ano, porém, a estimativa dos economistas para a taxa Selic está em 8% ao ano. Desse modo, preveem alta dos juros básicos da economia no decorrer do ano que vem.
Na ata do Copom, o Banco Central não deu indicações do que pode fazer na próxima reunião do Copom, marcada para dezembro. "O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", informou.
Como as decisões são tomadas
A definição da taxa de juros pelo Banco Central tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2018, a meta de inflação é de 4,5% e, para 2019, é de 4,25%.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros; quando estão acima da trajtetória esperada, a taxa Selic é elevada.
Neste ano, a inflação segue relativamente sob controle, tendo registrado deflação (queda de preços) em agosto. A previsão dos economistas para a inflação de 2018 está em 4,40% e, para o ano que vem, em 4,22%, ou seja, ainda em linha com as metas de inflação.
O Banco Central informou nesta quarta-feira que, com a trajetória de juros e câmbio esperados pelo mercado financeiro (alta da taxa Selic para 8% ao ano e câmbio em R$ 3,80 no fim de 2019), sua previsão de inflação está em 4,4% para 2018, 4,2% para 2019 e 3,7% para 2020, ou seja, ainda em linha com as metas de inflação.
Os integrantes do Copom estimaram que a a inflação acumulada em 12 meses deverá subir no futuro próximo, atingindo um "pico" por volta do segundo trimestre de 2019, mas que, a partir de então, "deverá recuar ao longo do resto de 2019, em direção à meta [de 4,25%]".
Reformas econômicas
O Copom também reafirmou sua visão de que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é "essencial para a queda da sua taxa de juros estrutural, cujas estimativas serão continuamente reavaliadas pelo Comitê".
O presidente eleito Jair Bolsonaro discute com sua equipe de transição a possibilidade de tentar avançar, nos próximos meses, com a reforma da Previdência Social em um cenário de contas públicas com rombos elevados, superiores a R$ 100 bilhões por ano.
O BC avaliou que a aprovação e implementação das reformas, que melhorem os resultados das contas públicas, e de ajustes na economia brasileira são "fundamentais" para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável.
"Uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária [definição dos juros para controlar a inflação]", avaliou o BC.