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Economia
21/03/2017 11:55:00
Coreia do Sul retoma compra de frango do Brasil

Terra/PCS

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No último ano, mais de 80% das 108 toneladas de frango importadas pela Coreia do Sul veio do mercado brasileiro, segundo dados Ministério da Agricultura sul-coreano. O país não importa carne bovina do Brasil.

Seul volta atrás e cancela veto à importação de carne de frango, mas intensificará fiscalização. Ministro da Agricultura afirma que suspensão das vendas ao exterior seria "um desastre" e ameaça retaliar Chile.

Um dia após ter anunciado a suspensão das compras de carne de frango do frigorífico brasileiro BRF, a Coreia do Sul voltou atrás, nesta terça-feira (21/03), depois de receber a confirmação do Ministério da Agricultura do Brasil de que os carregamentos ao país asiático não continham produtos estragados. Seul decidiu levantar a suspensão, mas intensificará a fiscalização de carnes brasileiras.

No último ano, mais de 80% das 108 toneladas de frango importadas pela Coreia do Sul veio do mercado brasileiro, segundo dados Ministério da Agricultura sul-coreano. O país não importa carne bovina do Brasil.

Na segunda-feira, China, Chile e União Europeia (UE) também anunciaram suspensões temporárias e restrições à compra de carnes de frigoríficos brasileiros como consequência da operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada.

Autoridades dos EUA informaram que estão "monitorando a situação". A Rússia observa a reação da UE para decidir o que fazer. O Egito, terceiro maior importador de carne bovina do Brasil, comunicou o Ministério da Agricultura brasileiro sobre a possibilidade de suspender a compra de carne do país.

Pequim optou por reter em seus portos toda carne do Brasil, independentemente de qual frigorífico. A UE decidiu suspender a importação somente das 21 empresas sob investigação, porém, destas somente quatro exportam para o mercado europeu.

Maggi ameaça Chile com retaliação

Após os anúncios de restrições, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, divulgou a suspensão da licença de exportação dos 21 frigoríficos sob investigação na operação Carne Fraca. No entanto, Maggi disse que continuará permitindo a venda dos produtos no mercado interno, destacando que um controle rígido dos procedimentos protege o consumidor brasileiro.

Além disso, o ministro disse que o Brasil poderá adotar medidas de retaliação contra o Chile caso o país decida suspender por completo a importação de carne brasileira.

"Daqui pra frente tudo pode, mas nos também temos nossos pontos de argumento e vamos argumentar. Nós somos grande importador de produtos do Chile (peixes e frutas) e os produtores brasileiros vivem reclamando que deveríamos criar barreiras", afirmou. "O comércio é assim, não tem só bonzinho. Comércio é feito a cotovelada." O ministro admitiu não ter conhecimento do nível de restrição adotado pelo governo chileno.

No Brasil, o setor de carne movimenta cerca de 15 bilhões de dólares por ano. Desse total, 30% representam o total em importações do produto brasileiro. "Significa muito dinheiro nisso, por isso a nossa atenção em não deixar acontecer [uma interrupção]. Não estamos só preocupados com a balança comercial, isso é um ponto, mas esse setor emprega seis milhões de pessoas", ressaltou Maggi.

"Suspensão seria um desastre"

O ministro garantiu que conversará ainda esta semana com representantes dos mercados para tentar evitar um bloqueio a empresas que não foram atingidas pelas investigações da PF e voltou a defender a qualidade da carne brasileira.

"Não posso simplesmente acabar com nosso sistema produtivo por uma suspeição", disse. "São problemas de relacionamento de fiscais com donos de frigoríficos. Não dá para dizer que a suspeição é sobre a qualidade do produto."

De acordo com Maggi, o governo não medirá esforços para manter os mercados. "Não podemos permitir o fechamento de mercados. Para reabrir, serão muitos anos de trabalho", afirmou.

"[A suspensão das vendas de carne brasileira ao exterior] seria um desastre. Com toda certeza, um desastre, porque a China é um grande importador nosso. A Comunidade Europeia, além de ser o nosso segundo ponto de importação, é também o nosso cartão de visitas", concluiu o ministro.

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