O Globo/LD
ImprimirA dívida brasileira bateu novo recorde. De acordo com o Banco Central, o endividamento bruto do país chegou a R$ 5,1 trilhões, o que corresponde a 77% do Produto Interno Bruto em maio. A alta foi grande. No mês anterior, esse percentual era de 76% do PIB.
Essa escalada tem motivo: a turbulência no mercado financeiro. O Tesouro Nacional emitiu mais papéis para serem negociados. E o BC fez operações compromissadas para tirar a pressão dos negócios.
Controlar a trajetória é o principal problema do governo. É para ela que olham as agências de classificação de risco na hora de avaliar um país. Sem reformas estruturais para estancar rombos como o da Previdência Social, fica difícil equilibrar as contas públicas, que têm déficits há quase cinco anos seguidos.
No mês passado, o governo não conseguiu fechar as contas. Teve um novo déficit de R$ 8,2 bilhões em maio. É o melhor resultado para o mês em três anos.
— Houve uma melhora do resultado primário. A melhora decorre da receita, que vem crescendo, mas também pelo controle das despesas — falou Rocha.
Como ficou no azul em alguns meses deste ano, o resultado acumulado em 2018 é negativo, mas numa proporção muito menor: R$ 933 milhões. A meta da equipe econômica é manter o rombo das contas públicas em R$ 159 bilhões neste ano. Nos últimos 12 meses, o déficit é de R$ 95,9 bilhões: 19% a menos que o resultado negativo acumulado até abril.
Apesar de ser um resultado melhor que nos últimos anos, o que o governo poupou foi insuficiente para pagar os juros que a dívida gerou nesse período. De janeiro a maio, o Brasil teve uma conta de R$ 158,5 bilhões de juros para pagar. Isso representa 5,74% do PIB.
Houve um impacto na conta de juros da atuação do BC no mercado de câmbio. Como o Banco Central colocou contratos de swap na praça e o dólar subiu 7,35% em maio, teve de arcar com uma conta de R$ 6,9 bilhões no mês passado.
Essa fatura aumenta os juros que o Brasil teve de pagar. Como o país não tem conseguido poupar para quitar os juros, eles são rolados. Isso significa que novas dívidas são emitidas para que não haja inadimplência.
O economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, disse que, dado o atual cenário do país, não são esperados superávits primários nos próximos quatro anos. Além disso, ele acredita que a dívida pode chegar a até 80% do PIB.
"Dado o progresso lento na consolidação fiscal e a trajetória implícita de consideráveis déficits fiscais primários por vários anos, não esperamos ver superávits primários antes de 2022, na melhor das hipóteses. Assim, acreditamos que o quadro da dívida pública continue a deteriorar-se, e que o nível bruto exceda os preocupantes 80% do PIB antes de se estabilizar. Isso deixa o quadro fiscal e a economia em geral, vulneráveis a choques domésticos e externos", escreveu Ramos em comunicado enviado aos clientes.