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ImprimirO dólar acentuou a queda após oscilar mais cedo nesta sexta-feira (21), chegando a operar a R$ 4,02, enquanto os investidores repercutem novas pesquisas de intenção de voto à presidência da República, em dia de desvalorização de moedas emergentes.
Às 14h27, a moeda norte-americana caía 1,01%, vendida a R$ 4,0332.
Na mínima do dia, o dólar atingiu R$ 4,0277. Na máxima, chegou a R$ 4,0954. No ano, a moeda acumula alta de 23%.
Cenário eleitoral
Novas pesquisas eleitorais estão no radar dos investidores, apontando para um cenário com candidatos mais compromitidos com as reformas sem tração na corrida presidencial. Na próxima semana, novas pesquisas são aguardadas, entre elas do Ibope na segunda-feira.
"Ainda é tudo muito incerto... De todo o modo, acho que a governabilidade do país será complicada no próximo governo, seja quem for eleito", comentou à Reuters a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares. "Mas não há espaço para a moeda cair abaixo de R$ 4,05. Há uma resistência, atrai compradores", disse.
No exterior, o dólar subia ante a cesta de moedas fortes, em dia de destaque para o recuo da libra, depois que líderes da União Europeia alertarem a primeira-ministra Theresa May que estão prontos para um não-acordo Brexit se ela não ceder terreno no comércio e na fronteira irlandesa até novembro.
Em pronunciamento, May declarou que é melhor ficar sem acordo do que fazer acordo ruim com UE sobre Brexit e que o Reino Unido vive "impasse" nas negociações.
O Banco Central ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 7,63 bilhões do total de US$ 9,801 bilhões que vencem em outubro.
No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 1,25%, vendida a R$ 4,0750.
Novo patamar e perspectivas
A recente disparada do dólar acontece em meio a incertezas sobre o cenário eleitoral e também ao cenário externo mais turbulento, o que faz aumentar a procura por proteção em dólar.
Investidores têm comprado dólares em resposta a pesquisas que mostram intenção de voto mais baixa para candidatos considerados mais pró-mercado. Na avaliação do mercado, os candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto são menos comprometidos com determinados modelos de reformas econômicas considerados fundamentais para o ajuste das contas públicas.
Na prática, as flutuações atuais ocorrem principalmente conforme cresce a procura pelo dólar: se os investidores veem um futuro mais incerto ou arriscado, buscam comprar dólares como um investimento considerado seguro. E quanto mais interessados no dólar, mais caro ele fica.
Outro fator que pressiona o câmbio é a elevação das taxas básicas de juros nas economias avançadas como Estados Unidos e União Europeia, o que incentiva a retirada de dólares dos países emergentes. O mercado tem monitorado ainda a guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais e a crise em países como Argentina e Turquia.
A visão dos analistas é de que o nervosismo tende a continuar até que se tenha uma maior definição da corrida eleitoral.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 subiu de R$ 3,80 para R$ 3,83 por dólar, segundo o último boletim Focus do Banco Central. Para o fechamento de 2019, avançou de R$ 3,70 para R$ 3,75 por dólar.