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ImprimirO dólar opera em alta nesta terça-feira (3), em linha com o mercado externo, refletindo o quadro de persistentes preocupações com os fundamentos econômicos brasileiros. Além disso, investidores estão testando a tolerância do Banco Central ao fortalecimento da moeda norte-americana.
Por volta das 13h30, a moeda era vendida a R$ 2,900, em alta de 0,16%. Mais cedo, chegou a ser vendido a R$ 2,9141 na máxima do dia. Veja cotação
O dólar também se fortalecia nos mercados internacionais, atingindo a máxima em 11 anos em relação a uma cesta de moedas. O movimento refletia a diferença entre a trajetória da política monetária nos Estados Unidos, onde o aumento de juros é iminente, e na Europa, que vem adotando medidas expansionistas.
Nesta segunda-feira (2), no fechamento do dia, o dólar chegou a R$ 2,89, após alta de 1,37%. Foi a maior cotação do ano e também desde setembro de 2004.
Segundo o operador da corretora Correparti João Paulo de Gracia Correa, qualquer "alívio sobre o real tende a ser pontual, já que a situação econômica e política do Brasil gera muita insegurança entre os investidores locais e estrangeiros, com potencial de uma reversão de trajetória e volatilidade nos mercados internos".
Ele ressaltou ainda que a comunicação recente do governo tem levantado dúvidas sobre o futuro das intervenções diárias no câmbio, marcadas para durar pelo menos até o fim deste mês.
Ações do Banco Central
Nesse contexto, investidores elevavam as cotações do dólar para buscar mais pistas sobre qual será a postura do Banco Central. Investidores têm mostrado menor apetite por ativos brasileiros diante da perspectiva de que, mesmo se o ajuste for bem-sucedido em resgatar a credibilidade da política fiscal, a inflação no Brasil deve fechar 2015 acima de 7%, e o país deve mostrar contração econômica.
No caso do câmbio, essa pressão tem sido reforçada também por ruídos sobre a intervenção do BC. A instituição sinalizou que deve rolar perto de 80% do lote de swaps cambiais (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em 1º de abril, o que corresponde a uma posição vendida de 9,964 bilhões de dólares. Nos últimos meses, o BC vinha fazendo rolagens integrais.
Segundo analistas, à medida que o mês se aproximar do fim, investidores devem pressionar cada vez mais o Banco Central a se posicionar sobre o futuro do programa de ofertas diárias.
"Já tem gente se preparando para (a cotação de) 3 reais", disse o operador de um importante banco nacional.
Nesta manhã, o BC também deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps, com volume correspondente a 98,3 milhões de dólares. Foram vendidos 1.400 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 600 para 1º de fevereiro de 2016.
Como funcionam os swaps cambiais
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais.
O investidor, por ouro lado, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção do dólar, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.