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ImprimirO dólar registra nesta terça-feira sua maior cotação desde a criação do Plano Real, em 1994, ultrapassando a barreira dos R$ 4. O dólar comercial opera em alta de 1,95%, cotado a R$ 4,056 para compra e a R$ 4,058 para venda. Na máxima da sessão, a divisa já atingiu a R$ 4,062. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), as ações operam em forte queda, com 62 dos 64 papéis que acompanham o Ibovespa em terreno negativo. O índice de referência Ibovespa recua 2,54%, seguindo os mercados internacionais. As ações preferenciais da Petrobras chegam a cair mais de 6%.
Se o câmbio encerrar nesse patamar, será a maior cotação da História da moeda americana contra o real. Até então, o recorde do câmbio, em valores de fechamento, havia sido os R$ 3,990 registrados em 10 de outubro de 2002. Naquele mesmo dia, a moeda americana havia atingido a máxima durante a sessão de R$ 4,005, mas fechou abaixo dos R$ 4. Naquela ocasião, semanas antes do segundo turno das eleições presidenciais, os investidores do mercado financeiro temiam as implicações da possível vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Hoje, a valorização do dólar se dá em contexto político tenso. O Congresso decide na noite desta terça se derruba ou não os 32 vetos da presidente Dilma Rousseff a medidas que aumentam gastos e podem inviabilizar o ajuste fiscal. Entre eles está o veto ao reajuste médio de 56% aos servidores do Poder Judiciário. Com medo de derrota, o próprio governo articula o adiamento ou o esvaziamento da sessão. O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), defendeu o cancelamento da sessão.
— Além da valorização do próprio dólar devido a uma postura mais incisiva do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) quanto ao aumento de juros, a dinâmica de desvalorização do real tem sido muito rápida desde o rebaixamento da nota do Brasil promovido pela Standard amp;amp; Poor’s. A questão é que fala-se há semanas de uma solução para o Orçamento mas nada de concreto foi feito. Isso vai pressionar o câmbio nos próximos meses — afirmou a turca Ipek Ozkardeskaya, analista do London Capital Group em Londres.
Ipek prevê que o dólar terminará o ano cotado entre R$ 4,20 e R$ 4,25.
— O Brasil pode evitar novos downgrades por outras agências, mas tudo depende da evolução das conversas sobre o Orçamento e a resolução das questões políticas. Mas, até agora, a dinâmica das discussões não tem sido favorável para o câmbio — acrescentou.
DÓLAR TURISMO JÁ ULTRAPASSA R$ 4,50
O dólar comercial é referência nas operações de comércio exterior e é negociado em preço muito mais baixo que o cobrado de turistas nas agências de câmbio. O dólar turismo já passa dos R$ 4,50 para os viajantes que decidem comprá-lo no formato de cartão pré-pago, com maior incidência de Imposto sobre Operação Financeira (IOF).
Entre as 32 principais moedas do mundo, o real é a que mais perdeu valor contra o dólar no ano. Desde o fim de dezembro, a divisa americana acumula alta de 51,5%, considerando os R$ 4,033 atingidos na máxima do dia. Em 12 meses, a alta acumulada é de 68,5%. Nesse tipo de comparação, apenas o rublo perdeu tanto valor, mas em um contexto russo marcado por sanções econômicas provocadas pelo envolvimento do país no conflito ucraniano.
Ontem, indicações de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) irá elevar os juros até dezembro e a persistente preocupação com o ambiente político e a implementação do ajuste fiscal levaram o dólar comercial a atingir R$ 3,999 durante a sessão, mas a divisa encerrou os negócios a R$ 3,982, em alta de 0,53%.
A alta do dólar de ontem se manteve mesmo após o Banco Central realizar, pela manhã, dois leilões de linha (em que há compromisso de recompra), no total de US$ 3 bilhões. Depois da operação, no início da tarde, a cotação da moeda americana avançou e alcançou a máxima do dia, de R$ 3,999.
BOLSAS EXTERNAS EM FORTE QUEDA
No mercado acionário, as Bolsas europeias operam em forte queda, puxada pelo desempenho ruim de ações ligadas a commodities e de montadoras — sobretudo a Volkswagen, envolvida em escândalo de manipulação dos registros de emissões de gases poluentes dos seus veículos nos EUA. O índice de referência do continente, o Euro Stoxx opera em baixa de 3,31%, enquanto a Bolsa de Londres recua 2,49%. Em Paris, o pregão tem baixa de 3,53%, enquanto a Bolsa de Frankfurt recua 3,33%. Em Wall Street, o Dow Jones recua 1,63%, enquanto o Samp;amp;P 500 tem baixa de 1,54%.
No Ibovespa, as principais ações operam em forte queda. A Petrobras registra baixa de 4,29% (ON, com voto, a R$ 8,25) e 6,16% (PN, sem voto, a R$ 6,84). Entre outros fatores, a empresa é afetada pela queda de 2% na cotação do barril de petróleo do tipo Brent, a US$ 47,87.
A Vale recua 3,51% (ON, a R$ 19,23) e 3,50% (PN, a R$ 15,15). O Banco do Brasil tem baixa de 1,84%, enquanto o Bradesco opera em baixa de 1,94%. No Itaú Unibanco, a baixa é de 1,83%.