Economia
22/04/2013 11:35:29
Governo quer trazer 6 milhões de estrangeiros para trabalhar no Brasil
A espera para a emissão do visto brasileiro também é uma das maiores - são 45 dias em média, contra 15 dias na Grã-Bretanha e 21 dias na Austrália.
Terra/AB
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\n \n Uma\n nova estratégia de "atração de cérebros" poderá trazer cerca de 6\n milhões de profissionais estrangeiros para o Brasil nos próximos anos, segundo\n a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) do governo.\n \n Com\n o auxílio de grupos de especialistas e consultorias de mercado, a secretaria\n quer desenvolver uma política de atração de profissionais - o número, no\n entanto, não inclui imigrantes de baixa qualificação e, sim, profissionais\n altamente qualificados que possam atender a demanda atual da economia\n brasileira.\n \n "Ainda\n não é uma proposta fechada do governo, mas é a nossa meta atual", disse o\n ministro-chefe interino da SAE Marcelo Neri à BBC Brasil. "Imigrantes\n qualificados são o foco do esforço. Não é uma política geral de imigração, é\n uma estratégia de atração de cérebros."\n \n Neri\n afirmou que a estimativa de 6 milhões foi feita depois de levantamentos de uma\n comissão de especialistas e de pesquisas com as empresas e o público em geral.\n \n Segundo\n Neri, o Brasil é um dos países com a menor proporção de imigrantes na\n população, o que reflete "um fechamento do País ao fluxo de pessoas".\n Os estrangeiros representam hoje 0,2% da população. Com a adição de seis\n milhões nos próximos anos, este percentual subiria para cerca de 3%.\n \n Para\n Neri, esse "fechamento" deve ser revertido para responder à demanda\n crescente por profissionais altamente qualificados, especialmente na áreas de\n engenharia e saúde.\n \n Mas\n sindicatos nacionais temem que trazer mão de obra de fora prejudique a força de\n trabalho doméstica - que, de acordo com eles, é suficiente em termos numéricos,\n mas precisa de valorização e melhor qualificação.\n \n Neri\n afirma que a nova estratégia "leva em conta a necessidade atual de mão de\n obra qualificada, mas mantém o cuidado com o trabalhador brasileiro".\n \n "Não\n é uma abertura de porteira. Trazer profissionais altamente qualificados cria\n associações mais fortes, cria mais massa crítica, se aprende muito com outros\n profissionais."\n \n Apagão\n de mão de obra
\n A expressão "apagão de mão de obra" é usada com frequência por\n analistas de mercado nos últimos anos para se referir a uma suposta escassez de\n profissionais altamente qualificados no Brasil.\n \n De\n acordo com a Pesquisa de Escassez de Talentos 2012 da consultoria internacional\n Manpower Group, o Brasil é o segundo país do mundo em dificuldade para\n preencher vagas, atrás apenas do Japão. A falta de candidatos disponíveis e a\n falta de especialização são apontadas por empresários como as duas principais\n razões do problema.\n \n Mas,\n em 2011, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)\n negou a existência de um "apagão" no topo da pirâmide de\n profissionais brasileiros.\n \n "O\n verdadeiro apagão de mão de obra está na base, na mão de obra pouco\n qualificada, que é onde os salários estão subindo mais", diz o ministro\n Marcelo Neri, que é também o presidente do Ipea.\n \n O\n ministro, no entanto, afirma que nos últimos anos algumas áreas de\n especialidade começaram a dar sinais de que a oferta de profissionais\n domésticos não seria suficiente para atender ao mercado em crescimento do País.\n \n "(Entre\n os profissionais qualificados) você não tem um apagão completo, mas você tem\n áreas mais sombreadas do que outras. O fato é que o mercado de trabalho em 2012\n e 2013 se aproxima do que se pode chamar de um apagão. A luz ficou mais\n fraca."\n \n Um\n levantamento da Brasil Investimentos e Negócios (Brain) - consultoria que\n realiza pesquisas sobre a inserção do Brasil no mercado internacional e\n colabora com a SAE - afirma que medicina, engenharia civil, engenharia química\n e arquitetura são éreas em que o País precisa de mais profissionais do que os\n disponíveis.\n \n "Independentemente\n da política realizada para a educação, não vamos ter resultados imediados. O\n resultado de políticas públicas acontece em duas ou três gerações", diz\n André Luiz Sacconato, analista da Brain.\n \n "Existe\n um buraco entre os resultados de políticas e o que o Brasil necessita hoje. Os\n imigrantes viriam para suprir essa lacuna."\n \n Outro\n benefício, de acordo com a Brain, são os empregos criados a partir da\n importação de profissionais. Cada profissional estrangeiro empregado no Brasil\n poderia gerar entre 1,3 e 4,6 empregos para brasileiros.\n \n "Temos\n claramente obras paradas porque não tem engenheiro civil. Quando se coloca um\n engenheiro civil lá, se gera emprego para mestres de obras e outros. Isso é bom\n para a economia", afirma Sacconato. "É algo complicado, vai mexer com\n sindicatos e associações de classe. Mas não queremos tirar o emprego de\n ninguém, são empregos complementares."\n \n Discordâncias
\n Atualmente, segundo o Ministério do Trabalho e consultorias, a maior parte dos\n estrangeiros que obtém o visto de trabalho brasileiro são profissionais\n qualificados para as indústrias de extração de petróleo e construção civil -\n especialmente obras de infraestrutura.\n \n Mas\n o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo Pinheiro, questiona\n que haja falta de engenheiros locais para atender à demanda.\n \n "A\n demanda por profissionais nessas áreas realmente aumentou, mas não está\n faltando. Se for preciso trazer um engenheiro de uma matéria que não existe\n aqui, (a importação) é de fato interessante, mas não entendo a necessidade de\n trazer amplamente engenheiros civis", disse Pinheiro à BBC Brasil.\n \n O\n presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, Jeferson Salazar, afirma que\n apesar da demanda, o setor público não absorve a quantidade de profissionais\n que chegam ao mercado a cada ano - cerca de 7 mil.\n \n "Nos\n últimos 25 anos, o número de escolas no Brasil cresceu 6 vezes. A quantidade de\n jovens arquitetos com subemprego ou desempregados no País é imensa e o governo\n não tem nenhum plano para utilizar esse exército de mão de obra", disse à\n BBC Brasil.\n \n "Sou\n a favor da vinda de alguns profissionais qualificados que possam contribuir com\n o desenvolvimento da arquitetura no Brasil. Esses profissionais serão\n bem-vindos se trouxerem contribuições."\n \n A\n medicina, segundo Marcelo Neri, é a área que mais se enquadra na ideia de um\n apagão de mão de obra, a julgar pelos indicadores de mercado.\n \n Entretanto,\n o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, afirma que o\n número atual de profissionais no Brasil - cerca de 1,9 médico para cada mil\n pessoas - é capaz de atender o mercado nacional, na condição de que sejam\n criadas melhores estratégias de distribuição de profissionais e planos de\n carreira no setor público.\n \n "A\n presidente está fazendo o planejamento estratégico de elevar o número para 2,4\n médicos para mil habitantes. Realmente, para atingir isso hoje, faltam médicos.\n Mas se o planejamento é para atingir essa meta em 2020, nossa avaliação é\n diferente da do governo, que trabalha com a ideia de que teríamos que importar\n médicos", disse Ferreira à BBC Brasil.\n \n "Com\n o lançamento de 17 mil médicos por ano no mercado, acreditamos que teríamos\n isso, sim. O que precisamos é melhorar a atratividade do setor público no\n Brasil para mantê-los lá. Injetar profissionais não vai necessariamente\n resolver os problemas", disse à BBC Brasil.\n \n Campanhas\n para atrair médicos estrangeiros para o setor público já existem em diversos\n Estados brasileiros.\n \n Visto rápido e mais seleção
\n A estratégia mais bem cotada pela SAE para atrair profissionais para o Brasil é\n a adoção do sistema de pontos, utilizado por países como Austrália, Canadá e\n Grã-Bretanha.\n \n O\n sistema confere quantidades diferentes de pontos às respostas do potencial\n imigrante em um questionário.\n \n André\n Luiz Sacconato, analista da Brain, diz que o sistema pode ser uma opção\n beneficie empresas e proteja o trabalhador brasileiro de uma\n "invasão" de profissionais.\n \n "Ele\n limita a entrada ao que se precisa, já que você pode dar poucos pontos para\n determinadas profissões, idades ou experiências que não são desejadas pelo\n país", defende.\n \n O\n ministro Marcelo Neri diz que a SAE não cogita criar uma lista de profissionais\n em demanda, que também é utilizado por estes países juntamente com o sistema de\n pontos.\n \n Atualmente,\n os vistos de trabalho para o Brasil são vinculados à contratação por uma\n empresa no país. Em 2012, mais de 73 mil vistos foram emitidos.\n \n Agilizar\n o processo de obtenção do visto é um dos pilares da estratégia da SAE. De\n acordo com a Brain, o processo brasileiro requer 19 documentos diferentes - são\n 8 no Canadá, 12 na Grã-Bretanha e 13 na Austrália.\n \n A\n espera para a emissão do visto brasileiro também é uma das maiores - são 45\n dias em média, contra 15 dias na Grã-Bretanha e 21 dias na Austrália.\n \n \n \n \n
\n A expressão "apagão de mão de obra" é usada com frequência por\n analistas de mercado nos últimos anos para se referir a uma suposta escassez de\n profissionais altamente qualificados no Brasil.\n \n De\n acordo com a Pesquisa de Escassez de Talentos 2012 da consultoria internacional\n Manpower Group, o Brasil é o segundo país do mundo em dificuldade para\n preencher vagas, atrás apenas do Japão. A falta de candidatos disponíveis e a\n falta de especialização são apontadas por empresários como as duas principais\n razões do problema.\n \n Mas,\n em 2011, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)\n negou a existência de um "apagão" no topo da pirâmide de\n profissionais brasileiros.\n \n "O\n verdadeiro apagão de mão de obra está na base, na mão de obra pouco\n qualificada, que é onde os salários estão subindo mais", diz o ministro\n Marcelo Neri, que é também o presidente do Ipea.\n \n O\n ministro, no entanto, afirma que nos últimos anos algumas áreas de\n especialidade começaram a dar sinais de que a oferta de profissionais\n domésticos não seria suficiente para atender ao mercado em crescimento do País.\n \n "(Entre\n os profissionais qualificados) você não tem um apagão completo, mas você tem\n áreas mais sombreadas do que outras. O fato é que o mercado de trabalho em 2012\n e 2013 se aproxima do que se pode chamar de um apagão. A luz ficou mais\n fraca."\n \n Um\n levantamento da Brasil Investimentos e Negócios (Brain) - consultoria que\n realiza pesquisas sobre a inserção do Brasil no mercado internacional e\n colabora com a SAE - afirma que medicina, engenharia civil, engenharia química\n e arquitetura são éreas em que o País precisa de mais profissionais do que os\n disponíveis.\n \n "Independentemente\n da política realizada para a educação, não vamos ter resultados imediados. O\n resultado de políticas públicas acontece em duas ou três gerações", diz\n André Luiz Sacconato, analista da Brain.\n \n "Existe\n um buraco entre os resultados de políticas e o que o Brasil necessita hoje. Os\n imigrantes viriam para suprir essa lacuna."\n \n Outro\n benefício, de acordo com a Brain, são os empregos criados a partir da\n importação de profissionais. Cada profissional estrangeiro empregado no Brasil\n poderia gerar entre 1,3 e 4,6 empregos para brasileiros.\n \n "Temos\n claramente obras paradas porque não tem engenheiro civil. Quando se coloca um\n engenheiro civil lá, se gera emprego para mestres de obras e outros. Isso é bom\n para a economia", afirma Sacconato. "É algo complicado, vai mexer com\n sindicatos e associações de classe. Mas não queremos tirar o emprego de\n ninguém, são empregos complementares."\n \n Discordâncias
\n Atualmente, segundo o Ministério do Trabalho e consultorias, a maior parte dos\n estrangeiros que obtém o visto de trabalho brasileiro são profissionais\n qualificados para as indústrias de extração de petróleo e construção civil -\n especialmente obras de infraestrutura.\n \n Mas\n o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo Pinheiro, questiona\n que haja falta de engenheiros locais para atender à demanda.\n \n "A\n demanda por profissionais nessas áreas realmente aumentou, mas não está\n faltando. Se for preciso trazer um engenheiro de uma matéria que não existe\n aqui, (a importação) é de fato interessante, mas não entendo a necessidade de\n trazer amplamente engenheiros civis", disse Pinheiro à BBC Brasil.\n \n O\n presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, Jeferson Salazar, afirma que\n apesar da demanda, o setor público não absorve a quantidade de profissionais\n que chegam ao mercado a cada ano - cerca de 7 mil.\n \n "Nos\n últimos 25 anos, o número de escolas no Brasil cresceu 6 vezes. A quantidade de\n jovens arquitetos com subemprego ou desempregados no País é imensa e o governo\n não tem nenhum plano para utilizar esse exército de mão de obra", disse à\n BBC Brasil.\n \n "Sou\n a favor da vinda de alguns profissionais qualificados que possam contribuir com\n o desenvolvimento da arquitetura no Brasil. Esses profissionais serão\n bem-vindos se trouxerem contribuições."\n \n A\n medicina, segundo Marcelo Neri, é a área que mais se enquadra na ideia de um\n apagão de mão de obra, a julgar pelos indicadores de mercado.\n \n Entretanto,\n o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, afirma que o\n número atual de profissionais no Brasil - cerca de 1,9 médico para cada mil\n pessoas - é capaz de atender o mercado nacional, na condição de que sejam\n criadas melhores estratégias de distribuição de profissionais e planos de\n carreira no setor público.\n \n "A\n presidente está fazendo o planejamento estratégico de elevar o número para 2,4\n médicos para mil habitantes. Realmente, para atingir isso hoje, faltam médicos.\n Mas se o planejamento é para atingir essa meta em 2020, nossa avaliação é\n diferente da do governo, que trabalha com a ideia de que teríamos que importar\n médicos", disse Ferreira à BBC Brasil.\n \n "Com\n o lançamento de 17 mil médicos por ano no mercado, acreditamos que teríamos\n isso, sim. O que precisamos é melhorar a atratividade do setor público no\n Brasil para mantê-los lá. Injetar profissionais não vai necessariamente\n resolver os problemas", disse à BBC Brasil.\n \n Campanhas\n para atrair médicos estrangeiros para o setor público já existem em diversos\n Estados brasileiros.\n \n Visto rápido e mais seleção
\n A estratégia mais bem cotada pela SAE para atrair profissionais para o Brasil é\n a adoção do sistema de pontos, utilizado por países como Austrália, Canadá e\n Grã-Bretanha.\n \n O\n sistema confere quantidades diferentes de pontos às respostas do potencial\n imigrante em um questionário.\n \n André\n Luiz Sacconato, analista da Brain, diz que o sistema pode ser uma opção\n beneficie empresas e proteja o trabalhador brasileiro de uma\n "invasão" de profissionais.\n \n "Ele\n limita a entrada ao que se precisa, já que você pode dar poucos pontos para\n determinadas profissões, idades ou experiências que não são desejadas pelo\n país", defende.\n \n O\n ministro Marcelo Neri diz que a SAE não cogita criar uma lista de profissionais\n em demanda, que também é utilizado por estes países juntamente com o sistema de\n pontos.\n \n Atualmente,\n os vistos de trabalho para o Brasil são vinculados à contratação por uma\n empresa no país. Em 2012, mais de 73 mil vistos foram emitidos.\n \n Agilizar\n o processo de obtenção do visto é um dos pilares da estratégia da SAE. De\n acordo com a Brain, o processo brasileiro requer 19 documentos diferentes - são\n 8 no Canadá, 12 na Grã-Bretanha e 13 na Austrália.\n \n A\n espera para a emissão do visto brasileiro também é uma das maiores - são 45\n dias em média, contra 15 dias na Grã-Bretanha e 21 dias na Austrália.\n \n \n \n \n
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