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ImprimirO Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em -0,09% em agosto, após uma taxa de 0,33% no mês anterior, segundo divulgou nesta quinta-feira (6) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, o país registrou deflação - a inflação negativa - pela primeira vez desde junho de 2017, quando o índice ficou negativo em 0,23%.
Segundo o IBGE, trata-se da menor taxa para um mês de agosto desde 1998, quando o IPCA registrou taxa de -0,51%.
IPCA em agosto:
Taxa no mês: -0,09%
Acumulado no ano: 2,85%
Acumulado em 12 meses: 4,19%
O resultado veio abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters com analistas de estabilidade no mês, em meio à lentidão da recuperação da atividade econômica.
No acumulado nos 8 primeiros meses do ano, a alta é de 2,85%, acima do 1,62% registrado em igual período de 2017.
No acumulado em 12 meses, o índice ficou em 4,19%, abaixo dos 4,48% dos 12 meses imediatamente anteriores, voltando a se afgastar do centro da meta do Banco Central, que é de 4,5% para o ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
"Há um problema de demanda no mercado interno e as famílias ainda estão endividadas, o desemprego se mantém alto, há um grande número de desalentados. Então, há receio e cautela em gastar", destacou o gerente da pesquisa do IBGE, Fernando Gonçalves.
Grupo alimentos e bebidas tem deflação pelo 2º mês seguido
Com queda média de 0,34% nos preços, o grupo alimentação e bebidas registrou deflação pelo segundo mês consecutivo, ficando a taxa de agosto bem próxima à de fevereiro (-0,33%). Entre as maiores quedas em agosto, destaque para os preços da cebola (-33,55), batata (-28,14%) e tomate (-27,65%).
Os dados do IBGE mostraram, porém, que o principal impacto no mês veio da queda de 1,22% do grupo Transportes, com um impacto de -0,23 ponto percentual na composição do IPCA, pressionado principalmente pelo recuo de 26,12% os preços das passagens aéreas. O
Os combustíveis (-1,86%) também contribuíram para a deflação no mês: etanol (-4,69%), gasolina (-1,45%), diesel (-0,29%) e gás de botjão (-0,98%). No acumulado no ano, porém, a gasolina ainda tem alta bem acima da inflação, de 9,43%. O diesel acumula avanço de 1,41% em 8 meses e o gás de botijão alta de 3,09%. Já o etanol tem queda de 6,21% no ano.
Houve também desaceleração na alta das contas de luz, que passaram de 5,33% em julho para 0,96% em agosto. Em 8 das 16 áreas pesquisadas, o item energia elétrica registrou deflação, em razão de redução na alíquota do PIS/COFINS. Mesmo assim, segundo o IBGE, a energia elétrica foi o maior impacto individual positivo no IPCA (0,04 ponto percentual).
Do lado das altas, os grupos habitação (0,44%) e saúde e cuidados pessoais (0,53%) representaram a principal pressão sobre a inflação do mês, com contribuição no índice, 0,07 ponto percentiual cada um.
Veja a variação do IPCA em agosto por setor:
Alimentação e Bebidas: -0,34%
Habitação: 0,44%
Artigos de Residência: 0,56%
Vestuário: 0,19%
Transportes: -1,22%
Saúde e Cuidados Pessoais: 0,53%
Despesas Pessoais: 0,36%
Educação: 0,25%
Comunicação: 0,03%
Inflação por regiões
Dentre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, 12 registraram deflação em agosto. O menor índice (-0,72%) ficou com Brasília, seguida por São Luís (-0,51%) e Rio de Janeiro (-0,38). A maior inflação foi registrada em Goiânia (0,30%), Rio Branco (0,26%) e São Paulo (0,12%).
Para cálculo do IPCA do mês foram comparados os preços coletados no período de 28 de julho a 29 de agosto de 2018 (referência) com os preços vigentes no período de 28 de junho a 27 de julho de 2018 (base). O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Entenda o que é deflação
A deflação acontece quando os preços dos produtos e serviços que circulam na economia caem. Mas quando ela é pontual, não se pode dizer que a economia está num processo deflacionário. Para isso, seria preciso que ela se repetisse por vários meses e a queda nos preços fosse generalizada.
Quando prolongada, entretanto, a deflação costuma preocupar, pois as consequências podem ser tão ruins ou até piores que as da inflação alta.
Uma das principais causas da deflação é a economia fraca ou recessão, quando os consumidores compram menos e as empresas ficam com pouco espaço para repassar custos. A deflação também pode vir pelo aumento da oferta, quando há um excedente de mercadorias sem pessoas dispostas a comprá-las.
Para a economista Tatiana Pinheiro, do Banco Santander, a partir de setembro a inflação mensal deve voltar ao intervalo de 0,2% a 0,3%. "Muito provavelmente veremos os preços de combustíveis (etanol e gasolina) registrarem inflação novamente", afirma.
O Santander mantém projeção de 3,9% para o IPCA em 2018. "Apesar da aceleração da inflação para os próximos meses, vemos que devido à recuperação moderada da economia, a inflação mensal média deve manter a taxa no ano abaixo de 4%”.
Meta de inflação e taxa de juros
Mesmo com a recente disparada do dólar, a previsão dos analistas aponta para uma inflação de 4,16% em 2018, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
O percentual esperado pelo mercado continua abaixo da meta de inflação que o Banco Central precisa perseguir neste ano, que é de 4,5% e dentro do intervalo de tolerância previsto pelo sistema – a meta terá sido cumprida pelo BC se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar entre 3% e 6%.
Diante das expectativas sob controle e fraqueza da economia, o BC vem sinalizando que não deve elevar a taxa básica de juros por enquanto, em um momento de atividade econômica fraca e desemprego alto.
A Selic está na mínima histórica de 6,50%, e a expectativa é de que termine o ano neste patamar.
Para 2018, a meta central de inflação é de 4,5% (com teto de 6,5%) e, para 2019, é de 4,25% (teto de 5,75%).
INPC apresenta estabilidade em agosto
O IBGE também divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referência para reajustes salariais, apresentou estabilidade na média de preços de julho para agosto, quando a taxa ficou em zero.
O acumulado no ano ficou em 2,83%, acima do 1,27% registrado em igual período do ano passado. Em 12 meses, a alta é de 3,64%, acima dos 3,61% dos 12 meses imediatamente anteriores.