Economia
24/06/2012 07:14:15
Jornais correm para cobrar na internet, afirma analista
Na última quinta-feira, a Folha passou a cobrar pelo acesso frequente a seu site, no modelo conhecido como "paywall" ou muro de pagamento poroso. Permite agora a leitura gratuita de 40 textos por mês; a partir daí, é restrita aos assinantes.
Folha/PCS
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\n \n Na\n última quinta-feira, a Folha\n passou a cobrar pelo acesso frequente a seu site, no modelo conhecido como\n "paywall" ou muro de pagamento poroso. Permite agora a leitura\n gratuita de 40 textos por mês; a partir daí, é restrita aos assinantes. \n \n Segundo\n o consultor Ken Doctor, do Nieman Journalism Lab, da Universidade Harvard, 800\n jornais americanos e europeus "ou já têm paywall ou planejam ter até o\n início do ano que vem", em rápida adoção que ele qualifica como\n "fenômeno". \n \n O\n movimento foi acelerado pelo êxito do modelo poroso adotado há um ano pelo\n "New York Times". Doctor diz que o sucesso do jornal e de outros que\n o acompanharam pode ser medido não só pela nova receita, mas por ter mantido os\n acessos. \n \n "Dois,\n três anos atrás, o maior temor era que o paywall cortasse o crescimento\n digital, com perda de audiência e publicidade", diz. "O que\n aprendemos no processo é que, especialmente com o sistema poroso, em que a\n maioria das pessoas nunca atinge o limite, nunca fica nem sabendo que existe paywall,\n você pode manter seu negócio de publicidade no lugar e crescendo." \n \n Doctor\n observa que o "paywall" poroso "é na verdade o modelo do Financial\n Times". Adotado cinco anos atrás, ele é descrito por Rob Grimshaw,\n diretor executivo do FT.com, como "definitivamente um sucesso" para o\n jornal londrino, que acumulou 285 mil assinantes digitais e segue crescendo. \n \n "Não\n estamos longe da circulação impressa, no momento de 320 mil exemplares",\n diz Grimshaw, adiantando que a projeção é passar à frente "em algum\n momento dos próximos 12 meses". \n \n Antes\n disso, até o fim do ano as "receitas com conteúdo", somando\n circulação digital e impressa, devem ultrapassar as receitas com publicidade,\n também somando digital e impressa. \n \n "Se\n você olhar onde estávamos há dez anos, quando 80% das receitas vinham da\n publicidade impressa, nós transformamos todo o negócio", afirma. \n \n Para\n Caio Túlio Costa, executivo de comunicação e consultor para assuntos digitais\n da Associação Nacional de Jornais (ANJ), o sistema "funcionou bem, começou\n muito bem", até porque o jornal "já tem experiência grande com o\n UOL", empresa controlada pelo Grupo Folha. \n \n Ele\n observa que, "neste momento em que se busca rentabilizar a internet, a Folha\n optou por uma tendência seguida no mundo inteiro". \n \n Eugênio\n Bucci, professor da USP e diretor do curso de pós-graduação em jornalismo da\n ESPM, comenta que a adoção de "pagamento do trabalho jornalístico pelo\n cidadão" tem impacto nos campos econômico e institucional. \n \n "É\n fundamental para a independência editorial das empresas que a receita venha do\n usuário e não só da publicidade", diz. "No conjunto, a instituição da\n imprensa sempre combinou os dois."
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