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ImprimirOs juros cobrados pelos bancos nos empréstimos para pessoas físicas, excluindo o crédito imobiliário e rural, registraram em 2015 o maior aumento anual da série histórica revisada do Banco Central, ou seja, dos últimos quatro anos. Ao mesmo tempo, a inadimplência atingiu o nível mais alto em dois anos e meio, segundo números divulgados nesta quarta-feira (27).
Em dezembro do ano passado, os juros bancários nas operações com as pessoas físicas com recursos livres somaram 63,7% ao ano. Em 2015, houve um aumento de 14,1 pontos percentuais, visto que a taxa média estava em 49,6% ao ano no fechamento de 2014.
Inadimplência
Segundo o Banco Central, a taxa de inadimplência das pessoas físicas, nos empréstimos bancários com recursos livres (sem contar crédito rural e habitacional), que mede atrasos nos pagamentos acima de 90 dias, terminou o ano passado em 6,1% - o maior patamar desde julho de 2013, quando somou 6,2%.
Já a taxa de inadimplência das operações dos bancos com as empresas, ainda no segmento com recursos livres, subiu de 3,4% em dezembro de 2014 para 4,5% no fechamento do ano passado – o maior patamar da série histórica, que começa em março de 2011 para este indicador.
Considerando a taxa total de inadimplência, que engloba operações com as pessoas físicas e empresas, ainda nas operações com recursos livres, a taxa subiu de 4,3% em dezembro de 2014 para 5,3% no final de 2015 – o maior patamar desde outubro de 2012 (5,4%).
Juro bancário subiu mais que taxa básica
O aumento dos juros bancários, no ano passado, acompanhou a alta da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias.
A Selic, porém, subiu bem menos do que os juros bancários no ano passado. Em 2015, taxa avançou de 11,75% para 14,25% ao ano, ou seja, um aumento de 2,5 pontos percentuais. Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira bem mais intensa.
Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times” diz que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os dos cartões de crédito.
Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar da desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais do que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).
Taxa de todas operações e de empresas
Já a taxa de juros média de crédito de todas operações (pessoas físicas e empresas), ainda somente com recursos livres, ou seja, sem contar crédito habitacional, rural e do BNDES, subiu de 37,3% ao ano em dezembro de 2014 para 47,3% ao ano em dezembro do ano passado.
A taxa das operações de pessoas jurídicas, com recursos livres, avançou 5,8 pontos percentuais em 2015 - passando de 24,2% ao ano no fim de 2014 para 30% ao ano no fechamento do ano passado.