O Globo/LD
ImprimirO presidente da Vale, Murilo Ferreira, pediu nesta segunda-feira licença da presidência do Conselho de Administração da Petrobras até o dia 30 de novembro. Ferreira alegou razões pessoais para seu afastamento.
A informação, publicada nesta manhã pela coluna “Radar on-line”, de Lauro Jardim, no site da revista “Veja”, foi confirmada ao GLOBO pela assessoria de Ferreira. Seu suplente, Clóvis Torres, que é consultor da Vale, também vai pedir licença.
Ainda segundo a assessoria da mineradora, o objetivo de Torres é “que os demais membros do Conselho de Administração fiquem à vontade para nomear, dentre os titulares, um presidente interino”.
A Vale informou que Ferreira continua exercendo suas funções na empresa normalmente.
O Conselho de Administração da Petrobras é formado por dez membros, dos quais sete são representantes do controlador (a União), e três outros independentes. Um deles representa os acionistas minoritários detentores de ações ordinárias, outro os acionistas detentores de ações preferenciais e o último, os funcionários da Petrobras.
Ferreira entrou no lugar do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que, por sua vez, ficou interinamente à frente do Conselho, após a renúncia do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
Recentemente Ferreira divergiu do conselho, que aprovou em agosto a venda de 25% da BR Distribuidora, unidade de distribuição combustíveis da estatal. Ferreira sustentava que a venda da fatia de 25% da BR só deveria ser realizada após sua reorganização. O conselheiro que representa os funcionários da Petrobras, Deyvid Bacelar, também foi contra.
“Votei contra o IPO neste momento, pois, na minha opinião, a BR precisaria, inicialmente, contratar profissionais altamente qualificados para elaborar um novo plano de negócios. Somente depois disso formataríamos a venda da empresa”, disse Ferreira, na época, por meio de nota, ao GLOBO.
Após o voto contrário de Ferreira, o presidente da empresa, Aldemir Bendine, anunciou na reunião do Conselho de Administração da BR Distribuidora que a estatal já contratou a Korn Ferry, consultoria de recrutamento profissional (head hunter), para buscar um nome para assumir o comando da subsidiária, segundo informou uma fonte próxima à empresa.
Desde 2009, José Lima Neto está à frente da distribuidora. Segundo fontes do mercado, ele contaria com o apoio do PMDB do Maranhão. A medida também é uma mensagem ao mercado, com o objetivo de mostrar que a Petrobras está empenhada em garantir uma gestão profissional.
Em meio às divergências, a Petrobras já avalia adiar a operação, que estava prevista para ocorrer no fim deste ano.
Procurada pelo GLOBO, Petrobras ainda não se pronunciou sobre o pedido de Ferreira.