CE/PCS
ImprimirO litro da gasolina aumentou R$ 0,21 em um mês em Mato Grosso do Sul. Conforme os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no dia 4 de julho, o litro do combustível era comercializado a R$ 4,11 no Estado.
Já em 1° de agosto, a média de preços praticada foi de R$ 4,32. Com as especificações de padrão da “nova gasolina”, o litro pode ficar até R$ 0,12 mais caro nos próximos dias.
A Resolução 807/2020 da ANP, cuja primeira fase entrou em vigor ontem, estabelece critérios específicos para a gasolina comercializada nos postos. São três pontos principais. O primeiro é o estabelecimento de valor mínimo de massa específica de 715,0 kg/m³, o que significa mais energia e menos consumo.
O segundo é a temperatura mínima de 77° C para a destilação de 50% da gasolina – os parâmetros de destilação afetam questões como desempenho do motor, dirigibilidade e aquecimento do motor.
O terceiro ponto é a fixação de limites para a octanagem mínima de 92 pelo método de pesquisa Research Octane Number (RON), já presente nas especificações da gasolina de outros países.
“A fixação de tal parâmetro mostra-se necessária em razão das novas tecnologias de motores e resultará em uma gasolina com maior desempenho para o veículo”, justificou a ANP.
Segundo a Petrobras, na prática, o novo padrão traz possibilidade de redução de 5% no consumo de gasolina por quilômetro rodado, dependendo das características de cada motor, “além de proporcionar melhora no desempenho do motor, melhor dirigibilidade, menor tempo de resposta na partida a frio e aquecimento adequado do motor”, explicou a estatal em nota.
Preços
O último levantamento de preços da ANP mostra que, entre 26 de julho e 1° de agosto, o preço médio da gasolina em MS foi de R$ 4,32, com valor mínimo de R$ 4,13 e máximo de R$ 4,69.
Considerando o preço médio, o aumento de R$ 0,12 elevaria o litro do combustível para R$ 4,44. Quando considerado o preço máximo, a gasolina pode chegar a R$ 4,81.
De acordo com o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, neste momento ainda não ocorreu aumento de preços .
“A expectativa é que possa aumentar até R$ 0,12. Conforme a Petrobras, o ganho de rendimento para os veículos será de 5%, em média, o que compensará uma eventual diferença no preço da gasolina”, contextualizou Lazarotto.
A Petrobras informou ao Correio do Estado que não há como dimensionar os preços. “É importante ressaltar que a Petrobras vende gasolina às distribuidoras, que revendem aos postos de combustíveis. Dessa forma, não temos dados sobre o preço final ao consumidor. Também é importante ressaltar que a gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras caiu 4% na sexta-feira [31 de julho] e acumula queda de 13,8% no ano. Então, não necessariamente vai ter aumento em função dessa nova especificação”, informou a Petrobras em nota.
Ainda de acordo com a estatal, o preço do combustível é definido pela cotação no mercado internacional e outras variáveis, como valor do barril do petróleo, frete e câmbio.
“Esses fatores podem variar para cima ou para baixo e são mais influentes no preço do que o custo adicional de especificação. Além disso, vale lembrar que a Petrobras é responsável por apenas 30% do preço final da gasolina nos postos de serviço. As demais parcelas são compostas por tributos, preço do etanol adicionado e margens das distribuidoras e dos revendedores”, ressaltou a estatal por meio de nota.
Padrão
Existem dois parâmetros de octanagem – Motor Octane Number (MON) e RON. No Brasil, só era especificada a octanagem MON e o índice antidetonante (IAD), que é a média entre MON e RON.
O valor mínimo de octanagem RON para a gasolina comum e aditivada hoje é de 87, e as premium chegam a 91. Com a mudança no padrão, a gasolina comum inicialmente vai a octanagem RON 92. Já na categoria premium, a octanagem passa a ser de 97.
Segundo a Petrobras, a produção nas refinarias já está padronizada com octanagem RON 93, que será obrigatória no Brasil apenas em 2022.
“Ajustamos nossos processos de refino e estamos prontos para antecipar o padrão de qualidade previsto para 2022. Desta forma, garantimos a qualidade superior da gasolina produzida nas refinarias da Petrobras”, explica Anelise Lara, diretora de Refino e Gás Natural da Petrobras.
Ainda de acordo com a estatal, a nova especificação também dificulta fraudes na gasolina, combatendo o uso de solventes e naftas de baixa qualidade como forma de adulteração do produto comercializado ao consumidor.
Prazo para todos se adequarem
Conforme a Resolução 807/2020 da ANP, a partir do dia 3 de agosto, as distribuidoras terão 60 dias para se adequarem. Já os postos de combustíveis terão prazo de 90 dias para esgotarem seus estoques, a contar desta segunda-feira (3).