Economia
30/10/2013 09:00:00
OGX, petroleira de Eike Batista, entra com pedido de recuperação judicial
Processo é o maior da história da América Latina, segundo a Reuters. Empresa tinha até esta semana para evitar calote.
Reuters/PCS
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A petroleira OGX, controlada por Eike Batista, entrou nesta\n quarta-feira (30) com pedido de recuperação judicial. O pedido foi feito pelo\n advogado Sergio Bermudes. Com isso, as ações da empresa deixam de ser\n negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).\n \n A medida já vinha sendo aguardada pelo mercado, com a\n proximidade do fim do prazo para que a empresa agisse e evitasse um calote\n formal de sua dívida. O processo de recuperação judicial da petroleira é o\n maior da história de uma empresa latino-americana, segundo dados da Thomson\n Reuters.
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\n A recuperação judicial é um instrumento da legislação brasileira que permite\n que empresas que perderam a capacidade para pagar suas dívidas possam continuar\n operando enquanto negociam com seus credores, com a mediação da Justiça, para\n tentar evitar a quebra definitiva.\n \n Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o pedido\n deverá chegar na sexta-feira (1º) às mãos do juiz Gilberto Clóvis Farias Matos,\n da 4ª Vara Empresarial, que será responsável pelo processo.\n \n Se o pedido for aprovado pela Justiça, a OGX tem 60 dias\n para apresentar o plano de recuperação judicial ao juiz, ou pode ser decretada\n a falência. Apresentando o plano, o juiz vai divulgá-lo para que os credores se\n manifestem.nbsp; Se não houver oposição, ou seja, se ninguém disser não\n aceito, o juiz pode dar esse plano por definitivo.\n \n O prazo para que os credores aprovem esse plano é de 180\n dias (também contados a partir do despacho do juiz). Se o plano não for\n aprovado em assembleia, a empresa quebra, e o juiz decreta falência. Aprovado o\n plano, ele é implementado e precisa ser seguido à risca.\n \n Negociação falhou
\n Na terça-feira, a petroleira afirmou que, após meses de negociação, encerrara\n sem acordo as negociações com credores. No total, apenas em bônus no mercado\n internacional, a OGX tem de pagar US$ 3,6 bilhões.\n \n Segundo documento obtido pela Reuters, a petroleira declarou\n dívida consolidada de R$ 11,2 bilhões no pedido de recuperação judicial e disse\n que não tem qualquer endividamento bancário nem créditos com garantias reais.\n \n No início de outubro, a OGX havia comunicado ao mercado que não\n pagaria cerca de US$ 45 milhões das parcelas referentes a juros de dívidas\n emitidas no exterior, vencidas no dia 1º deste mês.
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\n No comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na ocasião, a OGX\n informou que "a companhia possuía 30 dias para adotar as medidas\n necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida"\n de mais de US$ 1 bilhão.
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\n A agência de classificação de crédito Fitch rebaixou o rating da OGX para\n "C", de "CCC", apontando que a inadimplência da companhia\n era iminente ou inevitável.
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\n Sem dinheiro em caixa
\n Em documento sobre as negociações disponibilizado em sua página na internet, a\n OGX aponta que poderá ficar sem recursos em caixa na última semana de dezembro.\n A empresa também informa que precisará de US$ 250 milhões para satisfazer suas\n obrigações até o final do primeiro trimestre de 2014.
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\n A OGX afirma que a empresa tinha US$ 82 milhões em disponibilidades no fim de\n setembro e seus assessores financeiros na negociação com os credores externos \n Blackstone e Lazard estimam desembolsos de US$ 89 milhões apenas a\n fornecedores até o fim do ano, considerando somente pagamentos críticos a\n prestadores de serviço no campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos. A\n expectativa é que Tubarão Martelo inicie produção em meados de novembro, com\n vendas do petróleo do campo em janeiro.
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\n O valor atribuído à toda OGX, pelo plano, é de US$ 2,7 bilhões principalmente\n composto pelo valor presente líquido de Tubarão Martelo (US$ 1,4 bilhão) e do\n campo Atlanta (US$ 1,1 bilhão).
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\n A derrocada da petroleira
\n A OGX, a empresa mais emblemática de Eike Batista, foi criada em 2007 quando o\n então sétimo homem mais rico do mundo se conferiu direitos para explorar 21\n áreas petrolíferas no Brasil. A empresa abriu seu capital em junho de 2008 em\n uma operação que permitiu arrecadar R$ 6,7 bilhões.
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\n As turbulências tiveram início 2012, quando a companhia divulgou que a vazão de\n óleo nos primeiros poços perfurados pela empresa em um campo na bacia de Campos\n era de 5 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia - apenas um terço do que\n o mercado esperava. No dia seguinte, as ações da companhia fecharam em queda de\n 26,04%.
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\n Na época, o empresário afirmou que a empresa estava trabalhando para elevar a\n produtividade dos poços na Bacia de Campos e garantiu que a OGX era uma empresa\n sólida, com caixa e viável.
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\n "A OGX é uma empresa muito viável", disse Eike então. "Já\n descobrimos muito petróleo e realizamos uma campanha muito bem sucedida nos\n últimos três anos", acrescentou, destacando que a empresa possui US$ 9\n bilhões em caixa. "Vamos produzir muito petróleo", afirmou na\n ocasião. A promessa não foi cumprida.
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\n As sucessivas frustrações com o nível de produção da OGX e a queima de caixa\n pela petroleira têm motivado forte queda das ações da empresa, contagiando os\n papéis de outras companhias de Eike listadas na Bovespa.
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\n Em 1º de julho de 2013, as ações da petroleira atingiram novas mínimas,\n acumulando uma queda de mais de 95% desde a cotação máxima registrada pelos\n papéis da companhia, em outubro de 2010, segundo levantamento da consultoria\n Economatica.\n \n Três dias depois, a OGX informou que os poços atualmente em\n operação no campo de Tubarão Azul não teriam sua produção aumentada e poderiam\n parar de produzir ao longo de 2014. "A companhia concluiu que não existe,\n no momento, tecnologia capaz de tornar economicamente viável o desenvolvimento\n dos campos de Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia.\n \n Após o anúncio, as principais agências de classificação de\n risco passaram a rebaixar a nota de crédito da petrolífera de Eike Batista. A Moodys\n rebaixou o rating da OGX de B2 para CAA2 com perspectiva negativa. Essa nota\n indica alto risco de calote, segundo a escala. A Standard amp; Poors\n (Samp;P) rebaixou a nota de crédito da petroleira em dois degraus, de B-\n para CCC nível considerado como um grau de alto risco de inadimplência\n segundo a escala.\n \n O desempenho da OGX, aquém do esperado, acabou afetando as\n outras empresas do grupo EBX, que são, de certa forma, interdependentes. A OSX,\n por exemplo, forneceria os navios para transportar o petróleo explorado pela\n OGX. Com isso, diante dos problemas da OGX, a LLX empresa de logística\n responsável pela construção do Porto de Açú, no estado do Rio de Janeiro -\n também sentiria os reflexos dos resultados negativos, porque seu objetivo\n principal seria o de atender os petroleiros da OSX.
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\n A recuperação judicial é um instrumento da legislação brasileira que permite\n que empresas que perderam a capacidade para pagar suas dívidas possam continuar\n operando enquanto negociam com seus credores, com a mediação da Justiça, para\n tentar evitar a quebra definitiva.\n \n Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o pedido\n deverá chegar na sexta-feira (1º) às mãos do juiz Gilberto Clóvis Farias Matos,\n da 4ª Vara Empresarial, que será responsável pelo processo.\n \n Se o pedido for aprovado pela Justiça, a OGX tem 60 dias\n para apresentar o plano de recuperação judicial ao juiz, ou pode ser decretada\n a falência. Apresentando o plano, o juiz vai divulgá-lo para que os credores se\n manifestem.nbsp; Se não houver oposição, ou seja, se ninguém disser não\n aceito, o juiz pode dar esse plano por definitivo.\n \n O prazo para que os credores aprovem esse plano é de 180\n dias (também contados a partir do despacho do juiz). Se o plano não for\n aprovado em assembleia, a empresa quebra, e o juiz decreta falência. Aprovado o\n plano, ele é implementado e precisa ser seguido à risca.\n \n Negociação falhou
\n Na terça-feira, a petroleira afirmou que, após meses de negociação, encerrara\n sem acordo as negociações com credores. No total, apenas em bônus no mercado\n internacional, a OGX tem de pagar US$ 3,6 bilhões.\n \n Segundo documento obtido pela Reuters, a petroleira declarou\n dívida consolidada de R$ 11,2 bilhões no pedido de recuperação judicial e disse\n que não tem qualquer endividamento bancário nem créditos com garantias reais.\n \n No início de outubro, a OGX havia comunicado ao mercado que não\n pagaria cerca de US$ 45 milhões das parcelas referentes a juros de dívidas\n emitidas no exterior, vencidas no dia 1º deste mês.
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\n No comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na ocasião, a OGX\n informou que "a companhia possuía 30 dias para adotar as medidas\n necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida"\n de mais de US$ 1 bilhão.
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\n A agência de classificação de crédito Fitch rebaixou o rating da OGX para\n "C", de "CCC", apontando que a inadimplência da companhia\n era iminente ou inevitável.
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\n Sem dinheiro em caixa
\n Em documento sobre as negociações disponibilizado em sua página na internet, a\n OGX aponta que poderá ficar sem recursos em caixa na última semana de dezembro.\n A empresa também informa que precisará de US$ 250 milhões para satisfazer suas\n obrigações até o final do primeiro trimestre de 2014.
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\n A OGX afirma que a empresa tinha US$ 82 milhões em disponibilidades no fim de\n setembro e seus assessores financeiros na negociação com os credores externos \n Blackstone e Lazard estimam desembolsos de US$ 89 milhões apenas a\n fornecedores até o fim do ano, considerando somente pagamentos críticos a\n prestadores de serviço no campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos. A\n expectativa é que Tubarão Martelo inicie produção em meados de novembro, com\n vendas do petróleo do campo em janeiro.
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\n O valor atribuído à toda OGX, pelo plano, é de US$ 2,7 bilhões principalmente\n composto pelo valor presente líquido de Tubarão Martelo (US$ 1,4 bilhão) e do\n campo Atlanta (US$ 1,1 bilhão).
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\n A derrocada da petroleira
\n A OGX, a empresa mais emblemática de Eike Batista, foi criada em 2007 quando o\n então sétimo homem mais rico do mundo se conferiu direitos para explorar 21\n áreas petrolíferas no Brasil. A empresa abriu seu capital em junho de 2008 em\n uma operação que permitiu arrecadar R$ 6,7 bilhões.
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\n As turbulências tiveram início 2012, quando a companhia divulgou que a vazão de\n óleo nos primeiros poços perfurados pela empresa em um campo na bacia de Campos\n era de 5 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia - apenas um terço do que\n o mercado esperava. No dia seguinte, as ações da companhia fecharam em queda de\n 26,04%.
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\n Na época, o empresário afirmou que a empresa estava trabalhando para elevar a\n produtividade dos poços na Bacia de Campos e garantiu que a OGX era uma empresa\n sólida, com caixa e viável.
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\n "A OGX é uma empresa muito viável", disse Eike então. "Já\n descobrimos muito petróleo e realizamos uma campanha muito bem sucedida nos\n últimos três anos", acrescentou, destacando que a empresa possui US$ 9\n bilhões em caixa. "Vamos produzir muito petróleo", afirmou na\n ocasião. A promessa não foi cumprida.
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\n As sucessivas frustrações com o nível de produção da OGX e a queima de caixa\n pela petroleira têm motivado forte queda das ações da empresa, contagiando os\n papéis de outras companhias de Eike listadas na Bovespa.
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\n Em 1º de julho de 2013, as ações da petroleira atingiram novas mínimas,\n acumulando uma queda de mais de 95% desde a cotação máxima registrada pelos\n papéis da companhia, em outubro de 2010, segundo levantamento da consultoria\n Economatica.\n \n Três dias depois, a OGX informou que os poços atualmente em\n operação no campo de Tubarão Azul não teriam sua produção aumentada e poderiam\n parar de produzir ao longo de 2014. "A companhia concluiu que não existe,\n no momento, tecnologia capaz de tornar economicamente viável o desenvolvimento\n dos campos de Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia.\n \n Após o anúncio, as principais agências de classificação de\n risco passaram a rebaixar a nota de crédito da petrolífera de Eike Batista. A Moodys\n rebaixou o rating da OGX de B2 para CAA2 com perspectiva negativa. Essa nota\n indica alto risco de calote, segundo a escala. A Standard amp; Poors\n (Samp;P) rebaixou a nota de crédito da petroleira em dois degraus, de B-\n para CCC nível considerado como um grau de alto risco de inadimplência\n segundo a escala.\n \n O desempenho da OGX, aquém do esperado, acabou afetando as\n outras empresas do grupo EBX, que são, de certa forma, interdependentes. A OSX,\n por exemplo, forneceria os navios para transportar o petróleo explorado pela\n OGX. Com isso, diante dos problemas da OGX, a LLX empresa de logística\n responsável pela construção do Porto de Açú, no estado do Rio de Janeiro -\n também sentiria os reflexos dos resultados negativos, porque seu objetivo\n principal seria o de atender os petroleiros da OSX.
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