G1/PCS
ImprimirA Petrobras teve lucro liquido de R$ 370 milhões no 2º trimestre de 2016, informou a estatal nesta quinta-feira (11). No mesmo período do ano passado, a estatal lucrou R$ 531 milhões. É o primeiro balanço com lucro após três trimestres seguidos de prejuízo.
Segundo a companhia, o resultado foi determinado por um redução de 30% nas despesas financeiras líquidas; pelo crescimento de 7% na produção total de petróleo e gás natural; pelo incremento da receita com aumento de 14% nas exportações de petróleo e derivados e redução de custos com importações de gás natural; por despesas com o novo Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV); e pelo impairment de ativos do Comperj.
Resultado do semestre
Nos primeiros seis meses do ano, a Petrobras segue acumulando prejuízo, de R$ 876 milhões. Os números são resultado, principalmente, da redução do lucro operacional, do aumento das despesas financeiras líquidas, além do efeito cambial sobre o endividamento em dólar das entidades estruturadas, com reflexo na linha de acionistas não controladores.
Endividamento
Em relação ao final de 2015, o endividamento bruto da Petrobras teve queda de 19%, enquanto o líquido caiu 15%. Ao final de junho, o endividamento total da companhia era de R$ 397 bilhões, ante R$ 493 bilhões no final do ano passado.
Segundo a estatal, o recuo aconteceu principalmente por conta da valorização do real em relação ao dólar no período, de 17,8%.
Produção
No comunicado, a estatal informa que a produção total de petróleo e gás natural foi de 2.804 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), um aumento de 7% em comparação com os três meses anteriores.
A produção de derivados no Brasil, no entanto, recuou 2%, totalizando 1.919 mil barris por dia (bpd), enquanto as vendas no mercado doméstico atingiram 2.109 mil bpd, um aumento de 3%.
Resultados do 1º trimestre
No primeiro trimestre deste ano, a Petrobras anunciou um prejuízo líquido de R$ 1,246 bilhão. Foi o terceiro trimestre seguido de perdas no balanço da estatal. Apesar de negativo, o resultado representou uma melhora em comparação aos três meses anteriores, quando a Petrobras teve perdas recordes de R$ 36,9 bilhões.
As vendas do mercado doméstico também caíram: a redução foi de 8%, para 2,056 milhão de barris diários. As exportações, por sua vez, tiveram aumento de 14%.
Já o endividamento líquido da Petrobras fechou o primeiro trimestre em R$ 369,4 bilhões. No final de dezembro do ano passado, estava em R$ 391,9 bilhões. O endividamento bruto, por sua vez, caiu 9% em reais (R$ 42,834 bilhões), de R$ 492,849 bilhões em 31 de dezembro de 2015 para R$ 450,015 bilhões.
Nova gestão
Em junho, Pedro Parente assumiu o comando da Petrobras, ainda abalada pelas descobertas das investigações da Lava Jato, altamente endividada, com investimentos em queda e com um prejuízo acumulado de R$ 41,9 bilhões nos 3 últimos trimestres.
Parente foi indicado pelo presidente em exercício Michel Temer para substituir Aldemir Bendine, que renunciou à presidência e ao Conselho de Administração da estatal. Ele ocupava o posto desde fevereiro do ano passado, quando foi nomeado no governo da presidente afastada Dilma Rousseff.
Entre os principais desafios do novo presidente estão reduzir o endividamento da petroleira, comandar o plano de desinvestimentos (venda de ativos) da empresa, definir qual será a política de preços de combustíveis em meio à queda dos preços internacionais do petróleo e fazer a companhia voltar a operar no azul.
Cortes e vendas de ativos
Para enfrentar a escalada da dívida, a estatal reduziu os investimentos e anunciou um plano de venda de ativos. No início de maio, a Petrobras anunciou que concluía negociação para a venda de filiais que mantinha na Argentina e no Chile, em transação que deve levantar cerca de US$ 1,4 bilhão para o caixa da petroleira.
A duas operações fazem parte do programa de desinvestimentos da Petrobras, que prevê vendas de ativos de mais de US$ 14 bilhões em 2016.
Recentemente, a empresa anunciou ainda uma reestrutuação administrativa, com corte de 43% do número de funções gerenciais em áreas não operacionais e redução do número de diretores e integrantes remunerados do Conselho de Administração. Com essas medidas, a companhia espera reduzir custos de até R$ 1,8 bilhão por ano.
Ações no ano
Os papéis da Petrobras subiram forte nos últimos meses em meio às expectativa de mudança de governo, após terem acumulado um tombo de mais de 30% em 2015.
No ano, as ações preferenciais (com prioridade na distribuição de dividendos) da estatal acumulam alta de mais de 80,5% até o fechamento desta quinta-feira (10).
Perdas com corrupção
A Petrobras está no centro das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Em abril de 2014, a companhia calculou em R$ 6,194 bilhões as perdas por corrupção.
A estatal enfrenta um série de processos nos exterior em razão de perdas bilionárias decorrentes das investigações sobre suborno e propina envolvendo a companhia. Em fevereiro, um juiz dos Estados Unidos abriu caminho para que investidores processem a Petrobras em grupo. As ações estão suspensas até que seja julgado um recurso da estatal contra a decisão.